A escolarização venezuelana em Igarassu/Pernambuco
migração venezuelana, exclusão e resistência
DOI :
https://doi.org/10.7213/1981-416X.24.081.DS06Résumé
Considerando as migrações venezuelanas recentes no Brasil, este trabalho tem como objetivo analisar como é desenvolvida a escolarização de migrantes/refugiados venezuelanos no munícipio de Igarassu, no estado de Pernambuco. Assim, busco pensar sobre os processos de subjetivação do sujeito aluno venezuelano, em contexto de acolhida escolar. Para isso, parto de algumas observações iniciais que fiz em sala de aula, registradas em um diário de campo, a fim de observar o discurso do(a) aluno(a) migrante/refugiado(a) venezuelano(a), com textos e desenhos dos(as) alunos(as) elaborados em uma oficina proposta para crianças e adolescentes. Como aporte teórico, parto da Análise do Discurso de linha materialista com alguns trabalhos que vêm desenvolvendo avanços teóricos e metodológicos para o trabalho com a imagem como objeto analítico. A imagem mostra-se um desafio à primeira vista talvez pela falta da linguagem verbal ou pela necessidade de um gesto de interpretação mais visual, recuperando significados nos detalhes, nos silêncios da imagem, nos implícitos, pois é possível recuperar tudo isso também com o texto não-verbal. Logo, visei procurar funcionamentos discursivos nas imagens e analisá-los a partir de paráfrases visuais, isto é, desenvolver seus sentidos a partir de outros discursos que se materializam na horizontalidade discursiva, partindo do intra para o interdiscurso. Como resultado, as sequências discursivas do discurso dos(as) migrantes/refugiados(as), alunos(as) venezuelanos(as), mostram dificuldades enfrentadas pelos(as) alunos(as), como a falta de preparo da equipe pedagógica e a pressão para falar apenas português. No entanto, os(as) alunos(as) também mostram práticas discursivas de resistência, usando sua língua e cultura para se afirmarem como sujeitos.
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