CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL NA ESCOLA: OS CONFLITOS INTERPESSOAIS E A APRENDIZAGEM DOS VALORES

Autores

  • Telma Pileggi Vinha Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP
  • Luciene Regina Paulino Tognetta Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, São Paulo - Brasil

DOI:

https://doi.org/10.7213/rde.v9i28.3316

Resumo

A partir de pesquisas que investigaram se o ambiente escolar influencia o desenvolvimento moral dos alunos e a maneira com a qual eles se relacionam e resolvem seus conflitos interpessoais, propõe-se uma reflexão, fundamentada na teoria construtivista, sobre a forma como os conflitos têm sido resolvidos na escola em duas perspectivas (tradicional e construtivista) e uma análise das consequências destes na formação moral dos alunos. Inicialmente é apresentado um breve quadro teórico que fundamenta essas investigações, descrevendo o desenvolvimento moral segundo a teoria de Jean Piaget e outros pesquisadores que compartilham dessa concepção, e são estabelecidas ISSN 1518-3483 Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 525-540, set./dez. 2009 Licenciado sob uma Licença Creative Commons 526 VINHA, T. P.; TOGNETTA, L. R. P. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 525-540, set./dez. 2009 algumas reflexões sobre o ambiente sociomoral da escola e a construção da autorregulação. Constata-se que, apesar de os educadores afirmarem que pretendem favorecer a formação de pessoas autônomas que vivam relações mais justas, respeitosas e solidárias, nem sempre conseguem fazer com que as crianças e os jovens pautem suas ações em princípios morais e autorregulem seus comportamentos. Em seguida, são apresentados os principais processos utilizados para intervir nas situações de conflitos interpessoais tanto pelos educadores que possuem uma perspectiva tradicional quanto na construtivista, compreendendo que estes transmitem mensagens que dizem respeito à moralidade. Os resultados encontrados indicam que, apesar dos professores terem objetivos comuns, o processo empregado nas escolas mais tradicionais favorece a manutenção de altos níveis de heteronomia em seus alunos. Constatou-se ainda que, por causa da concepção de que os conflitos são naturais nas relações e podem ser oportunidades para trabalhar os valores e regras e ao emprego de intervenções mais coerentes com o processo de construção da moralidade, tais intervenções contribuíram mais efetivamente para a melhoria das relações interpessoais e para o desenvolvimento da autorregulação.

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Publicado

2009-07-07

Como Citar

Pileggi Vinha, T., & Paulino Tognetta, L. R. (2009). CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL NA ESCOLA: OS CONFLITOS INTERPESSOAIS E A APRENDIZAGEM DOS VALORES. Revista Diálogo Educacional, 9(28), 525–540. https://doi.org/10.7213/rde.v9i28.3316