CONSTRUINDO A AUTONOMIA MORAL NA ESCOLA: OS CONFLITOS INTERPESSOAIS E A APRENDIZAGEM DOS VALORES
DOI:
https://doi.org/10.7213/rde.v9i28.3316Abstract
A partir de pesquisas que investigaram se o ambiente escolar influencia o desenvolvimento moral dos alunos e a maneira com a qual eles se relacionam e resolvem seus conflitos interpessoais, propõe-se uma reflexão, fundamentada na teoria construtivista, sobre a forma como os conflitos têm sido resolvidos na escola em duas perspectivas (tradicional e construtivista) e uma análise das consequências destes na formação moral dos alunos. Inicialmente é apresentado um breve quadro teórico que fundamenta essas investigações, descrevendo o desenvolvimento moral segundo a teoria de Jean Piaget e outros pesquisadores que compartilham dessa concepção, e são estabelecidas ISSN 1518-3483 Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 525-540, set./dez. 2009 Licenciado sob uma Licença Creative Commons 526 VINHA, T. P.; TOGNETTA, L. R. P. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 525-540, set./dez. 2009 algumas reflexões sobre o ambiente sociomoral da escola e a construção da autorregulação. Constata-se que, apesar de os educadores afirmarem que pretendem favorecer a formação de pessoas autônomas que vivam relações mais justas, respeitosas e solidárias, nem sempre conseguem fazer com que as crianças e os jovens pautem suas ações em princípios morais e autorregulem seus comportamentos. Em seguida, são apresentados os principais processos utilizados para intervir nas situações de conflitos interpessoais tanto pelos educadores que possuem uma perspectiva tradicional quanto na construtivista, compreendendo que estes transmitem mensagens que dizem respeito à moralidade. Os resultados encontrados indicam que, apesar dos professores terem objetivos comuns, o processo empregado nas escolas mais tradicionais favorece a manutenção de altos níveis de heteronomia em seus alunos. Constatou-se ainda que, por causa da concepção de que os conflitos são naturais nas relações e podem ser oportunidades para trabalhar os valores e regras e ao emprego de intervenções mais coerentes com o processo de construção da moralidade, tais intervenções contribuíram mais efetivamente para a melhoria das relações interpessoais e para o desenvolvimento da autorregulação.Downloads
References
ARAÚJO, U. F. Um estudo da relação entre o ambiente cooperativo e o julgamento moral na criança. 1993. 194 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1993.
BAGAT, M. P. Annotazzioni e riflessioni sull’autonomia morale. Attualitá. Psicologia, Roma, v. 1, n. 2, p. 49-56, 1986.
BIONDI, R. Atributos escolares e o desempenho dos estudantes: uma análise em painel dos dados do Saeb. Brasília, MEC/SEF, 2008. Disponível em: <http://www.publicacoes.inep.gov.br/detalhes.asp?pub=4321>.Acesso em: 12 mar. 2008.
DEVRIES, R.; ZAN, B. A ética na educação infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
DUBET, F. A formação dos indivíduos: a desinstitucionalização. Revista Contemporaneidade e Educação, São Paulo, v. 3, p. 27-33, 1998.
FANTE, C. Fenômeno bullying: estratégias de intervenção e prevenção da violência entre escolares. São José do Rio Preto, SP: Ativa, 2003.
LA FABRICA DO BRASIL. Escola e família: instituições em conflito. 2001. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2002.
LA TAILLE, Y. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: AQUINO, J. G.(Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. p. 9-24.
LA TAILLE, Y. Autonomia e identidade. Revista Criança do Professor de Educação Infantil, Brasília, v. 35, p. 16-18, 2001.
LEME, M. I. S. Educação: o rompimento possível do círculo vicioso da violência. In: MALUF, M. R. (Org.). Psicologia educacional: questões contemporâneas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. p. 163-186.
______. Convivência, conflitos e educação nas escolas de São Paulo. São Paulo: ISME, 2006.
MORENO, M.; SASTRE, G. Resolução de conflitos e aprendizagem emocional. São Paulo: Moderna, 2002.
NAKAYAMA, A. M. A. Disciplina na escola: o que pensam os pais, professores e alunos de uma escola de 1º Grau. 1996. 239 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) – Universidade São Paulo, São Paulo, 1999.
PEREIRA, M. I. G. G. Emoções e conflitos: análise da dinâmica das interações numa classe de educação infantil. 1998. 209 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade São Paulo, São Paulo, 1998.
PIAGET, J. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou, 1932-1977. PUIG, J. Democracia e participação escolar. São Paulo: Moderna, 2000.
______. Práticas morais: uma abordagem sociocultural da educação moral. São Paulo: Moderna, 2004.
TOGNETTA, L. R. P. A construção da solidariedade e a educação do sentimento na escola: uma proposta de trabalho com as virtudes numa visão construtivista. Campinas: Mercado de Letras, 2003.
TOGNETTA, L. R. P.; VINHA, T. P. Quando a escola é democrática: um olhar sobre a prática das regras e assembléias na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2007.
VASCONCELOS, M. S. Indisciplina no contexto escolar: estudo a partir de representações de professores do ensino fundamental e médio. Apresentação de trabalho. Florianópolis: ANPEP, 2005.
VINHA, T. P. O educador e a moralidade infantil numa visão construtivista. Campinas: Mercado de Letras, 2000.
______. Os conflitos interpessoais na relação educativa. 2003. 427 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
VINYAMATA, E. La resolución de conflitos. Cuadernos de Pedagogia, Barcelona, n. 246, p. 89-91, 1999.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
O(s) autor(es) transfere(m), por meio de cessão, à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 76.659.820/0009-09, estabelecida na Rua Imaculada Conceição, n.º 1155, Prado Velho, CEP 80.215-901, na cidade de Curitiba/PR, os direitos abaixo especificados e se compromete a cumprir o que segue:
- Os autores afirmam que a obra/material é de sua autoria e assumem integral responsabilidade diante de terceiros, quer de natureza moral ou patrimonial, em razão de seu conteúdo, declarando, desde já, que a obra/material a ser entregue é original e não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual de terceiros.
- Os autores concordam em ceder de forma plena, total e definitiva os direitos patrimoniais da obra/material à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, a título gratuito e em caráter de exclusividade.
- A CESSIONÁRIA empregará a obra/material da forma como melhor lhe convier, de forma impressa e/ou on line, inclusive no site do periódico da EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, podendo utilizar, fruir e dispor do mesmo, no todo ou em parte, para:
- Autorizar sua utilização por terceiros, como parte integrante de outras obras.
- Editar, gravar e imprimir, quantas vezes forem necessárias.
- Reproduzir em quantidades que julgar necessária, de forma tangível e intangível.
- Adaptar, modificar, condensar, resumir, reduzir, compilar, ampliar, alterar, mixar com outros conteúdos, incluir imagens, gráficos, objetos digitais, infográficos e hyperlinks, ilustrar, diagramar, fracionar, atualizar e realizar quaisquer outras transformações, sendo necessária a participação ou autorização expressa dos autores.
- Traduzir para qualquer idioma.
- Incluir em fonograma ou produção audiovisual.
- Distribuir.
- Distribuir mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permite ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário.
- Incluir e armazenar em banco de dados, físico, digital ou virtual, inclusive nuvem.
- Comunicar direta e/ou indiretamente ao público.
- Incluir em base de dados, arquivar em formato impresso, armazenar em computador, inclusive em sistema de nuvem, microfilmar e as demais formas de arquivamento do gênero;
- Comercializar, divulgar, veicular, publicar etc.
- Quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas.
- Os autores concordam em conceder a cessão dos direitos da primeira publicação (ineditismo) à revista, licenciada sob a CREATIVE COMMONS ATTRIBUTION LICENSE, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria.
- Os autores autorizam a reprodução e a citação de seu trabalho em repositórios institucionais, página pessoal, trabalhos científicos, dentre outros, desde que a fonte seja citada.
- A presente cessão é válida para todo o território nacional e para o exterior.
- Este termo entra em vigor na data de sua assinatura e é firmado pelas partes em caráter irrevogável e irretratável, obrigando definitivamente as partes e seus sucessores a qualquer título.
- O não aceite do artigo, pela EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, tornará automaticamente sem efeito a presente declaração.