TecnoContos
ficções sonoras, tecnologias e educação
DOI:
https://doi.org/10.7213/1981-416X.24.083.DS13Resumo
O presente artigo expõe uma experiência de ciberpesquisa-formação realizada em uma universidade pública do Rio de Janeiro, na qual mais de 160 estudantes criaram ficções sonoras, em formato de podcast, sobre temáticas da área de Tecnologias e Educação. Enquanto alguns teóricos afirmam que já não narramos e vivemos a crise da narração (Han, 2023) ocasionada pelos usos das tecnologias digitais, esta pesquisa avança em direção contrária. Inspirada nos fundamentos teórico-metodológicos da ciberpesquisa-formação (Santos, 2019), da pesquisa narrativa (Ferraroti, 2014) e das pesquisas com os cotidianos (Alves, 2008; Certeau, 2012), a pesquisa priorizou a intervenção direta na sala de aula com o desenvolvimento de projetos narrativos e os usos criativos das tecnologias digitais em rede. Os achados da pesquisa demonstram: 1) O trabalho com sons digitais proporcionou um acesso aos cotidianos habitados pelos estudantes, evidenciando as paisagens sonoras como um recurso narrativo potente; 2) Os usos da invenção ficcional permitem problematizar e pluralizar o presente; 3) Os projetos narrativos funcionam como dispositivos autorais, potencializando o letramento digital; e 4) A criação de uma história digital é atravessada pela hiperescrita de si (Maddalena, 2018) e, em algumas ocasiões, revela a busca por uma narrativa coletiva. Como resultado do projeto, foi criada uma playlist com mais de 40 TecnoContos, ficções sonoras de três a cinco minutos de duração, que recuperam uma prática fundamental do ato de educar: compartilhar histórias e aprender com elas.
Downloads
Referências
ALVES, N. Decifrando o pergaminho – os cotidianos das escolas nas lógicas das redes cotidianas. In: OLIVEIRA, I. B. de; ALVES, N. (Orgs.) Pesquisa nos/dos/com os cotidianos das escolas: sobre redes de saberes. 3. ed.Petrópolis, RJ: DP&A, 2008. p. 15-38.
AMADEU, S. A hipótese do colonialismo de dados e o neoliberalismo. In: Colonialismo de dados: como opera a trincheira algorítmica na guerra neoliberal. Orgs: Amadeu, S.; Souza, J. e Cassino, J. São Paulo: Autonomia Literária, 2021.
ARISTÓTELES. Poética. Prefacio de Maria Helena da Rocha Pereira. Tradução e notas de Ana Maria Valente. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004.
BARBIER, R. A pesquisa-ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Plano, 2002.
BARICCO, A. La vía de la narración. Barcelona: Anagrama, 2023.
BENJAMIN, W. O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In:
Walter Benjamin: Magia e Técnica, Arte e Política. Obras escolhidas. São Paulo:
Brasiliense, 1994. p.197-221.
BRUNER, J. Fabricando histórias: direito, literatura, vida. São Paulo: Letra e Voz,
2014.
CARRIÓN, J. Lo viral. Barcelona: Galáxia Gutemberg, 2020.
CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. 20a ed. Trad. Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 2012.
CONNELLY, F. M.; CLANDININ, D. J. Relatos de experiencia e investigación narrativa. In: LARROSA, J. Déjame que te cuente. Barcelona: Editorial Laertes, 1995.
CONTRERAS, J. Presentación del Monográfico: El currículum como un proceso de creación: Indagaciones narrativas. Aula Abierta, 50(3), 663-664, 2021.
FERRAROTTI, F. História e histórias de vida: o método biográfico nas Ciências Sociais. Natal: EDUFRN, 2014.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HAN, B. Y. A crise da narração. Tradução de Daniel Guilhermino. Petrópolis, RJ: Vozes, 2023.
JOSSO, M. C. Experiências de vida e formação. São Paulo: Cortez, 2004.
LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, n. 19, p. 20-28, 2002. Disponível em: https://bit.ly/1ryFC8Q. Acesso em: 10 mar. 2024.
LEMOS, A. A tecnologia é um vírus: pandemia e cultura digital. Porto Alegre: Sulina, 2021.
MACEDO, R. S. Etnopesquisa crítica/etnopesquisa-formação. Brasília: Liber Livro, 2006.
MADDALENA, T. L. Digital Storytelling: uma experiência de pesquisa-formação na cibercultura. Tese (Doutorado em Educação), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
MADDALENA, T. L.; NOLASCO-SILVA, L. . PANDEMIA ILUSTRADA: criações curriculares a partir da contação de histórias digitais. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 15, n. 3, p. 1–16, 2022.
MAGGIO, M. Híbrida: enseñar en la universidad que no vimos venir. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Tilde Editora, 2022.
NOLASCO-SILVA, L.; LO BIANCO, V. Os isolados e os aglomerados da cibercultura: ensino remoto emergencial, educação a distância e educação online. Salvador: Devires, 2022.
NÓVOA, A.; ALVIM, I. Os professores depois da pandemia. Educação & Sociedade,
Campinas, v. 42, 2021.
SAAVEDRA, C. O mundo desdobrável: ensaios para depois do fim. Belo Horizonte: Relicário, 2021.
SANTAELLA, L. Humanos hiper-híbridos: linguagens e cultura na segunda era da internet. São Paulo: Paulus, 2021.
SANTAELLA, L. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual, verbal: aplicações na hipermídia. São Paulo: Iluminuras, 2001.
SANTOS, E. Pesquisa-formação na cibercultura. Teresina: EDUFPI, 2019.
SCHAFER, M. The Soundscape: Our Sonic Environment and the Tuning of the World.
SCOLARI, C. Narrativas transmedia: cuando los medios cuentan. Barcelona: Deusto, 2013.
SCOLARI, C. Las leyes de la interfaz. Barcelona: Gedisa Editorial, 2018.
SKLIAR, C. Desobedecer a linguagem. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Editora Universitária Champagnat
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O(s) autor(es) transfere(m), por meio de cessão, à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 76.659.820/0009-09, estabelecida na Rua Imaculada Conceição, n.º 1155, Prado Velho, CEP 80.215-901, na cidade de Curitiba/PR, os direitos abaixo especificados e se compromete a cumprir o que segue:
- Os autores afirmam que a obra/material é de sua autoria e assumem integral responsabilidade diante de terceiros, quer de natureza moral ou patrimonial, em razão de seu conteúdo, declarando, desde já, que a obra/material a ser entregue é original e não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual de terceiros.
- Os autores concordam em ceder de forma plena, total e definitiva os direitos patrimoniais da obra/material à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, a título gratuito e em caráter de exclusividade.
- A CESSIONÁRIA empregará a obra/material da forma como melhor lhe convier, de forma impressa e/ou on line, inclusive no site do periódico da EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, podendo utilizar, fruir e dispor do mesmo, no todo ou em parte, para:
- Autorizar sua utilização por terceiros, como parte integrante de outras obras.
- Editar, gravar e imprimir, quantas vezes forem necessárias.
- Reproduzir em quantidades que julgar necessária, de forma tangível e intangível.
- Adaptar, modificar, condensar, resumir, reduzir, compilar, ampliar, alterar, mixar com outros conteúdos, incluir imagens, gráficos, objetos digitais, infográficos e hyperlinks, ilustrar, diagramar, fracionar, atualizar e realizar quaisquer outras transformações, sendo necessária a participação ou autorização expressa dos autores.
- Traduzir para qualquer idioma.
- Incluir em fonograma ou produção audiovisual.
- Distribuir.
- Distribuir mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permite ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário.
- Incluir e armazenar em banco de dados, físico, digital ou virtual, inclusive nuvem.
- Comunicar direta e/ou indiretamente ao público.
- Incluir em base de dados, arquivar em formato impresso, armazenar em computador, inclusive em sistema de nuvem, microfilmar e as demais formas de arquivamento do gênero;
- Comercializar, divulgar, veicular, publicar etc.
- Quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas.
- Os autores concordam em conceder a cessão dos direitos da primeira publicação (ineditismo) à revista, licenciada sob a CREATIVE COMMONS ATTRIBUTION LICENSE, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria.
- Os autores autorizam a reprodução e a citação de seu trabalho em repositórios institucionais, página pessoal, trabalhos científicos, dentre outros, desde que a fonte seja citada.
- A presente cessão é válida para todo o território nacional e para o exterior.
- Este termo entra em vigor na data de sua assinatura e é firmado pelas partes em caráter irrevogável e irretratável, obrigando definitivamente as partes e seus sucessores a qualquer título.
- O não aceite do artigo, pela EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, tornará automaticamente sem efeito a presente declaração.