Formação de professores: as diretrizes nacionais e o poder local
DOI:
https://doi.org/10.7213/dialogo.educ.14.042.AO01Resumen
Resultante de uma pesquisa fundada em estudos de Lima (2008), este artigo se propõe a investigar o processo de reestruturação do curso de Pedagogia oferecido por uma universidade pública estadual, desde a vigência das novas Diretrizes Curriculares Nacionais, instituídas em maio de 2006. Um dos objetivos da análise pretende identificar não apenas as principais dificuldades, mas também as possíveis aberturas para que se efetivassem as mudanças, atendendo aos interesses externos e internos da instituição. Para atingir essas metas, utilizou-se de instrumental concreto: documentos referentes ao curso de Pedagogia mantidos no Conselho de Curso da universidade e entrevistas com os sujeitos diretamente envolvidos no processo de reestruturação. Por se tratar de universidade pública, pressupunha-se a prevalência de gestão ancorada em princípios democráticos, em que as divergências de opiniões e os conflitos não se revelassem como desvios, senão como oportunidade de diálogo e de instauração de projetos coletivos. O resultado da análise surpreendeu revelando o oposto: o processo se deixou gerir por um modelo racional/burocrático de administração, cujos objetivos visavam adequar a instituição às normas externas e estabelecer o consenso — aqui entendido como inexistência absoluta de conflitos. Não obstante, optou-se por conciliar o curso às diretrizes, sem que houvesse dano aos interesses departamentais. Todas essas são razões por que o presente artigo suscita novos e relevantes debates no momento de (re)pensar práticas em sala de aula — o compromisso político inerente a quem assuma o mister de formar professores, mormente o de participar efetivamente na construção dos fins para os quais se empenhará e trabalhará.Descargas
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