Posso escolher meu futuro? A reforma do Ensino Médio e o componente curricular Projeto de Vida
DOI:
https://doi.org/10.7213/1981-416X.25.084.DS02Resumo
A Lei nº 13.415, publicada em fevereiro de 2017 (Brasil, 2017), promoveu alterações radicais na proposta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996) e deu uma nova organização para o Ensino Médio brasileiro. A proposta da reforma apoiou-se na justificativa de que a maneira como estava organizado o Ensino Médio era de baixa qualidade e não dialogava com a juventude, com o setor produtivo, tampouco com as demandas do século XXI e isso provocava altos índices de abandono e de reprovação. As propostas centrais da nova legislação giram em torno da ampliação da carga horária de estudos, redução do número de disciplinas, organização de um currículo mais flexível e a separação da formação entre uma parte comum a todos os estudantes e outra diversificada, a fim de contemplar os Itinerários Formativos. Em razão disso, o objetivo deste artigo é discutir o componente curricular de “Projeto de Vida”, tido como um dos princípios norteadores da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e como estratégia para instrumentalizar os(as) estudantes a refletirem sobre seus objetivos e propósitos futuros em articulação com as representações sociais de estudantes do Ensino Médio. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa bibliográfica, documental e de campo, integrada aos estudos da Rede Projeto de Vida, com a proposta de que a escola se volte para refletir e discutir “Trajetórias de Vida”, com seus estudantes.
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Referências
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