Pronatec como procedimento de in/exclusão da governamentalidade neoliberal

Autores

  • Maria Izabel Costa da Silva Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), São Mateus, ES, Brasil
  • Ana Paula Figueiredo Louzada Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória, ES, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.7213/dialogo.educ.16.047.AO02

Resumo

Este artigo apresenta parte de uma pesquisa que teve como objetivo analisar o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e sua operacionalização em um campus do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). O artigo objetiva problematizar a perspectiva de inclusão social e produtiva presentes no referido programa governamental para públicos ditos em “situação de vulnerabilidade e risco social”. Os dados da oferta do programa demonstram a predominância de cursos de qualificação profissional e desvinculados da escolarização destinados a essa população. Com base nos dados, juntamente com o estudo da legislação e de autores(as) como Foucault (2008a) e Veiga-Neto e Lopes (2007, 2011), entre outros(as), e entrevistas com profissionais atuantes no programa, consideramos que a concepção de inclusão presente no Pronatec atualiza princípios de uma racionalidade neoliberal, caracterizando-se como procedimento de gestão da pobreza, de individualização dos problemas sociais, de negação do direito à educação para jovens e adultas(os) e de fortalecimento do mercado de formação.

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Publicado

2016-07-13

Como Citar

Costa da Silva, M. I., & Figueiredo Louzada, A. P. (2016). Pronatec como procedimento de in/exclusão da governamentalidade neoliberal. Revista Diálogo Educacional, 16(47), 209–230. https://doi.org/10.7213/dialogo.educ.16.047.AO02