Utopismo e antiutopismo, em Bloch e Jonas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/1980-5934.32.057.DS05

Palavras-chave:

Utopismo, antiutopismo, Ernst Bloch, Hans Jonas

Resumo

Aos quarenta anos de O Princípio Responsabilidade, de Hans Jonas, o ensaio1 procede à sondagem exploratória e à análise da tensão ético-política acerca das concepções de utopia e de antiutopia, dispostas e posicionadas pelas filosofias blochiana e jonasiana. Se para Bloch o que tem movido — e, por certo, seguirá movendo — a humanidade recebe sua identidade da docta spes (a esperança compreendida), sob a forma utopia concreta, fundada na ontologia do "ainda-não consciente"; para Jonas, ao contrário, é necessário suplantar a mentalidade utópica, sobremaneira a tecnológica, derivada e executora do projeto baconiano, de modo a facilitar a consolidação da ética da responsabilidade destinada à civilização tecnológica. Se uma posição ético-política finda por interrogar a outra, intenciona-se a explicitação crítica de ambas argumentações, que poderá fornecer alguns elementos de compreensão do problema. A hipótese subjacente aponta para a parte mais vulnerável de O Princípio Responsabilidade, os capítulos V e VI, em que ocorrem a crítica jonasiana à utopia de pressupostos derivados da filosofia marxista, sintetizados e atualizados em O Princípio Esperança, de Ernst Bloch.

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Biografia do Autor

Antonio Valverde, PUC-SP

Professor Titular do Departamento de Filosofia da PUC-SP

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Publicado

2020-12-03

Como Citar

Valverde, A. (2020). Utopismo e antiutopismo, em Bloch e Jonas. Revista De Filosofia Aurora, 32(57). https://doi.org/10.7213/1980-5934.32.057.DS05