A apologia dos direitos humanos e a razão perversa do capitalismo: do sujeito de direitos à falácia das garantias

Autores

  • Hisashi Toyoda Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), São Paulo, SP

DOI:

https://doi.org/10.7213/rev.dir.econ.socioambienta.01.002.AO06

Palavras-chave:

Poder. Capitalismo. Direitos humanos.

Resumo

Este artigo trata da relação entre direitos humanos e capitalismo, partindo do pressuposto de que estão imbricados. Demonstra que tais direitos resultaram tanto do pensamento e suas inflexões na práxis política como de um processo de transformação das bases materiais de existência da sociedade, de onde emergiram novas forças e interesses consubstanciados no capitalismo. Evidencia que o capitalismo não somente pode ser visto como gênese dos direitos humanos, mas também como agente de um processo de ressignificação do sujeito, a partir do discurso elaborado sobre esses direitos. Este trabalho demonstra que, por meio dos mecanismos sutis de exercício do poder, o capital elabora e difunde a ideia da cidadania, da igualdade e da felicidade como substratos do consumo. Dá-se assim a passagem da afirmação da liberdade do sujeito como ser em si, para uma cultura social na qual o indivíduo e o objeto oferecido pelo mercado assumem contornos mais difusos. O sujeito, despersonalizado como indivíduo e cidadão, passa a ser definido a partir de uma estrutura normativa e discursiva, cujos sentidos são determinados pelo capital e pela rede de poder por ele disseminada no interior da sociedade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Hisashi Toyoda, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), São Paulo, SP

Auditor fiscal de tributos estaduais da Secretaria de Fazenda do Estado do Amazonas, Bacharel em Direito
pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Mestrando em Direito Constitucional pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), São Paulo, SP

Referências

ARENDT, H. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras,

BAUDRILLARD, J. Sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1995.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

CANCLINI, N. G. Consumidores e cidadãos: conflitos multi-culturais da globalização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.

CARVALHO, C. da S.; SANTOS, G. F. C. dos. Publicidade e consumo: a felicidade sob novos signos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, INTERCOM – SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES DA COMUNICAÇÃO, 31., 2008, Natal. Anais... Natal: Intercom, 2008.

DEMO, P. Solidariedade como efeito de poder. São Paulo: Cortez, 2002.

DIAS, J. C. O direito humano ao desenvolvimento e o princípio tributário da capacidade contributiva. In: SCAFF, F. F. (Org.). Constitucionalismo, tributação e direitos humanos. São Paulo: Renovar, 2007. p. 163-174.

DUSO, G. Revolução e constituição do poder. In: DUSO, G. O poder: história da filosofia política moderna. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 207-217.

FEATHERSTONE, M. Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo:

Studio Nobel, 1995.

FERRARI, M. Pedagogia: Michel Foucault. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2010.

FOUCAULT, M. Deux Essais sur le Sujet et le Pouvoir. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, un parcours philosophique, au delà de l’objectivité et de la subjectivité. Avec un entretien et deux essais de Michel Foucault. Paris: Gallimard, 1984.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 28. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2010.

GALINDO, D.; ASSOLINI, P. J. Eatertainment: a divertida publicidade que alimenta o público infantil. Disponível em: <http://www.alaic.net/alaic30/ponencias/cartas/compublicitaria/ponencias/GT5_3GALINDO.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2010.

GIACOMINI, B. A perspectiva funcionalista: poder e sistema político em Niklas Lühmann. In: DUSO, G. (Org.). O poder: história da filosofia política moderna. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 478-482.

GONÇALVES, I. H. Q. Alexis de Tocqueville: descentralização, poder local e liberdade política. 2005. 89 f. Monografia (Bacharelado em Direito) – Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2005.

GUARESCHI, M. Do modelo institucional-jurídico à analítica do poder: Michel Foucault. In: DUSO, G. (Org.). O poder: história da filosofia política moderna. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 478-488.

IANNI, O. O príncipe eletrônico. Perspectivas, Revista de Ciências Sociais, São Paulo, v. 22, p. 11-29, 1999.

LUHMANN, N. Struttura della società e semantica. Bari: Laterza, 1983.

MAGALHÃES, J. L. Q. de; REIS, C. dos. A ideologia dos direitos humanos.

Disponível em: <http://jusvi.com/artigos/39098>. Acesso em: 18 dez. 2010.

MORRISON, W. Filosofia do direito: dos gregos ao pós-modernismo. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

PORTILHO, F. Consumo ‘verde’, democracia ecológica e cidadania: possibilidades de diálogo? Disponível em <http://www.rubedo.psc.br/artigos/consumo.html>. Acesso em: 20 dez. 2010.

ROCHA, E.; PEREIRA, C.; BALTHAZAR, A. C. Tempo livre é tempo útil: gadgets, entretenimento e juventude. In: ENCONTRO DA COMPÓS, PUC-RIO, 19., 2010, Rio de Janeiro. Anais… Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2010.

SOMBART, W. The quintessence of capitalism: a study of the history and

psychology of the modern business man. New York: Howard Fertig,1967.

TOALDO, M. M. Sob o signo do consumo: status, necessidades e estilos. Revista Famecos, Porto Alegre, n. 7, p. 89-97, 1997.

TOCQUEVILLE, A. de. Democracy in America: historical-critical edition of De La democratie em Amerique. Translated from the French by James T. Schleifer a bilingual french-english edition. Indianapolis: Liberty Fund, 2010.

TOURAINE, A. Crítica da modernidade. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

ZIZEK, S. Plaidoyer en faveur de l’intolérance. Paris: Climats, 2004.

Downloads

Publicado

2010-07-01

Como Citar

TOYODA, H. A apologia dos direitos humanos e a razão perversa do capitalismo: do sujeito de direitos à falácia das garantias. Revista de Direito Econômico e Socioambiental, Curitiba, v. 1, n. 2, p. 333–366, 2010. DOI: 10.7213/rev.dir.econ.socioambienta.01.002.AO06. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/direitoeconomico/article/view/6218. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos