Entre o desenvolvimento econômico e a regulação ambiental: participação popular, livre iniciativa e custos do licenciamento ambiental
DOI:
https://doi.org/10.7213/revdireconsoc.v15i2.28591Palavras-chave:
Direito Ambiental; Análise Econômica do Direito; licenciamento ambiental; Administração Pública; princípio da precaução.Resumo
O presente trabalho tem o intuito de abordar o licenciamento ambiental, questionando o desempenho do modelo institucional disposto pela legislação e implementado pelos órgãos competentes do SISNAMA, no que concerne a questões políticas, custos socioambientais e audiências públicas, comparando-os com as demandas postas pela iniciativa privada. Para tanto, em um primeiro momento expõe-se o ambiente de riscos e incertezas, frente à necessidade de implementação de precaução de modo não só a dimensionar eventuais consequências, a evitar efeitos intergeracionais e danos ambientais irreversíveis, mas também para redimensionar a proteção ambiental em uma relação de custo-benefício. Após, analisa-se a função do poder de polícia na execução da regulação ambiental e sua relação com os custos do licenciamento e o equilíbrio entre o excesso burocrático e a degradação ambiental descomedida. Em seguida, indaga-se sobre as possibilidades de conciliação dos custos socioambientais com a participação popular, em um contexto de excessivas demandas à iniciativa privada. Por fim, analisa-se o projeto de lei 654/15 e a deferência para a administração pública como possível alternativa para a resolução de situações concretas, com adequada participação popular nos processos licenciatórios.
Downloads
Referências
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 13. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Direito dos serviços públicos. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
ARAGÃO, Alexandre Santos de. O princípio da eficiência. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, vol. 237, p. 1-6. jul./set. 2004.
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Teoria das autolimitações administrativas: atos próprios, confiança legítima e contradição entre órgãos administrativos. Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico, Salvador, n. 14, p. 1-15, maio/jul. 2008.
BANCO MUNDIAL. Avaliação de Linha de Base das Propostas de Revisão do Licenciamento Ambiental Federal no Brasil: uma contribuição para o debate, 2016. Disponível em: https://documents.worldbank.org/en/publication/documents-reports/documentdetail/393851495692726642/baseline-assessment-of-proposals-to-revise-federal-environmental-licensing-in-brazil. Acesso em 31 de jul. 2024.
BARBOSA, Reinaldo Imbrozio; FEARNSIDE, Philip M. Political Benefits as Barriers to Assessment of Environmental Costs in Brazil’s Amazonian Developing Planning: the example of the Jatapu Dam in Roraima. Environmental Management. [s.l.], vol. 20, n. 5, p. 615-630, 1996.
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: Rumo a uma outra modernidade. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011.
BIM, Eduardo Fortunato. Licenciamento Ambiental. 1. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014.
BINENBOJM, Gustavo. Poder de polícia, ordenação e regulação. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
CALUWAERTS, Amanda Loiola. O Licenciamento ambiental e a fiscalização ambiental: uma análise acerca da competência dos entes federados. Pará de Minas: Virtualbooks, 2011.
CAMILO JUNIOR, Ruy Pereira. Direito societário e regulação econômica. 1. ed. Barueri: Manole, 2018.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Proposta da indústria para aprimoramento do licenciamento ambiental. Brasília, 2013. Disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/publicacoes/2019/4/proposta-da-industria-para-o-aprimoramento-do-licenciamento-ambiental/. Acesso em 31 de jul. de 2024.
DA MOTTA, Ronaldo Seroa. Economia Ambiental. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.
DAWALIBI, Marcelo. O poder de polícia em matéria ambiental. In: MILARÉ, Edis; LEME MACHADO, Paulo Affonso (Org.). Doutrinas essenciais. Direito ambiental: tutela do meio ambiente. vol. IV, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 125-140.
DE AZEVEDO, Floriano de Marques Neto. A possibilidade de restrição de acesso a bens públicos de uso comum por questões ambientais e urbanísticas. Revista de Direito Administrativo. Belo Horizonte, vol. 3, n. 13, p. 1375-1390, jan./fev. 2004.
DINIZ, Erick Sobral; MARSHALL, Carla Izolda Fiuza Costa. Regulação, precaução e mercado: consensualidade público-privada e crescimento econômico sustentável. Anais da Mostra em Ciência e Tecnologia. Fortaleza: Even3, 2019. Disponível em: https://www.even3.com.br/anais/mpct2019/150770-regulacao-precaucao-e-mercado--consensualidade-publico-privada-e-crescimento-economico-sustentavel/. Acesso em 31 de julho de 2024.
FRANCO, Paulo Fernando de Mello. O Dever Fundamental de Administrar Bem. 1. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.
FRANCO, Paulo Fernando de Mello. Oportunidade e conveniência ou oportunismo conveniente? Por uma análise vinculante de políticas públicas. In: DOMINGUES, Eduardo Garcia Ribeiro Lopes (Org.). Direito e Políticas Públicas: estudos e pesquisas. 1. ed. Rio de Janeiro: Autografia, 2017. p. 15-45.
FRANCO, Paulo Fernando de Mello. Por uma Análise também Econômica do Direito ao Esquecimento. Rio de Janeiro. 2019. 398f. Tese (Doutorado) – Programa de Doutorado em Direito, Instituições e Negócios, Universidade Federal Fluminense.
GUERRA, Sérgio. Discricionariedade, regulação e reflexividade: uma nova teoria sobre as escolhas administrativas. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2015.
INSTITUTO ACENDE BRASIL. Custos Socioambientais: tendências, ferramentas e responsabilidade. São Paulo. 19. ed. dez. 2017. Disponível em: https://acendebrasil.com.br/wp-content/uploads/2020/04/2017_WhitePaper_19_CustosSocioambientais.pdf. Acesso em 31 de jul. 2024.
INSTITUTO ACENDE BRASIL. Licenciamento Ambiental: equilíbrio entre precaução e eficiência. São Paulo. 21. ed. nov. 2018. Disponível em: https://acendebrasil.com.br/wp-content/uploads/2019/04/WP21_WEB.pdf. Acesso em 31 de jul. 2024.
JORDÃO, Eduardo. Controle Judicial de uma Administração Pública Complexa: a experiência estrangeira na adaptação da intensidade de controle. 1. ed. São Paulo: Malheiros SBDP, 2016.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
MANKIW, N. Gregory. Princípios de Microeconomia. Tradução Allan Vidigal Gasting; Elisete Paes e Lima. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Mutações do direito público. 1. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
PIGOU, A. The Economics of Welfare. Londres: Macmillan, 1920.
PINHEIRO, Armando Castelar; SADDI, Jairo. Direito, Economia e Mercados. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
PORTO, Antônio José Maristrello. Análise Econômica da Responsabilidade Civil. In: Luciano Benetti Timm (Org.). Direito e Economia no Brasil: estudos sobre a análise econômica do direito. 1. ed. Indaiatuba -SP: Foco, 2019. P. 179-198.
PORTO, Antônio José Maristrello; FRANCO, Paulo Fernando de Mello. Uma Análise também Econômica do Direito de Propriedade. Economic Analysis of Law Review, s.l., vol. 7, p. 207-232, 2016.
PORTO, Antônio José Maristrello; FRANCO, Paulo Fernando de Mello. A Teoria da Perda de uma Chance e a Microeconomia. Economic Analysis of Law Review, s.l., vol. 1, p. 202-225, 2018.
RANDALL, Alan. Risk and precaution. Nova York: Cambridge University Press, 2011.
REVESZ, Richard L. Foundations of Environmental Law and Policy. New York: Oxford University Press. 1997.
SALES, Claudio J. D.; UHLIG, Alexandre. Muito além do licenciamento ambiental. Jornal o Estado de São Paulo. São Paulo. 15 de janeiro de 2019. Disponível em: https://acendebrasil.com.br/artigo/muito-alem-do-licenciamento-ambiental/. Acesso em 31 de julho de 2024.
SALES, Claudio J. D.; UHLIG, Alexandre. Licenciamento Ambiental e o custo da ineficiência. Jornal o Estado de São Paulo. São Paulo. 30 de janeiro de 2018. Disponível em: https://acendebrasil.com.br/artigo/licenciamento-e-o-custo-da-inefici-ncia/. Acesso em 31 de julho de 2024.
SALINAS, Natasha Schmitt Caccia; MEDEIROS, Bianca Borges Pavão. Licenciamento Ambiental de Empreendimentos de mineração no Brasil: um estudo de caso sobre o licenciamento da barragem do fundão. In: FALCÃO, Joaquim; MARISTRELLO, Antônio José Porto; FRANCO, Paulo Augusto de Alcântara (Org.). Depois da lama: Mariana e as consequências de um desastre construído. Belo Horizonte, MG: Letramento, 2016.
SCHIRATO, Vitor Rhein. O poder de polícia é discricionário? In: MEDAUAR, Odete. SCHIRATO, Vitor Rhein (Coord.) Poder de polícia na atualidade: anuário do centro de estudos de direito administrativo. Belo Horizonte: Fórum, 2014. p. 27-46.
SOUZA, Juliano de Albuquerque Maranhão. A revisão judicial das decisões das agências regulatórias: jurisdição exclusiva. In: PRADO, Mariana Mota (Org.). O Judiciário e o Estado Regulador brasileiro. São Paulo: FGV Direito SP, 2016.
SUNSTEIN, Cass. Paradoxes of the regulatory state. The University of Chicago Law Review, Chicago. vol. 57, n. 2, p. 443-479. 1990.
SUNSTEIN, Cass R. Laws of fear: beyond the precautionary principle. 1. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.
ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel. Law and Economics. In: ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel (Org.). Direito e Economia: Análise Econômica do Direito e das Organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Antônio José Maristrello Porto, Erick Sobral Diniz, Paulo Fernando de Mello Franco
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).