GOVERNAMENTALIDADE E PRÁTICAS PSICOLÓGICAS: A GESTÃO PELA LIBERDADE

Autores/as

  • Arthur Arruda Leal Ferreira Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.7213/rfa.v21i28.1138

Resumen

O objetivo deste artigo é estabelecer as relações entre práticas psicológicas e práticas de governo ou governamentalidade, conceituada por Michel Foucault como arte de “condução da conduta alheia”. O guia utilizado para se entender este trabalho genealógico são os cursos Segurança, Território, População e O Nascimento da Biopolítica. Trabalho prosseguido por Nikolas Rose, buscando atrelar de modo específico o surgimento dos saberes psicológicos aos modos liberais de governo. O ponto nevrálgico dessa história do governo se encontraria no século XVI, quando começam a proliferar os Manuais de Governo, fundamentados na Razão de Estado. Estes manuais não estariam mais baseados em dispositivos legais, mas na necessidade do disciplinamento e registro constante de inúmeros aspectos das vidas dos governados, caracterizando o “Estado de polícia”. Contudo, notadamente a partir do século XVIII, surgem novas tecnologias de governo, patrocinadas pelos pensadores fisiocratas e liberais. A população é vista como um ente natural do qual se deve governar, não mais intervindo em todos os detalhes como no “Estado de polícia”, mas acompanhando todas as suas flutuações livres. Aqui o governo se define como tecnocracia, no conhecimento científico dos movimentos naturais e espontâneos dos governados, investindo especialmente na gestão destes através da sua liberdade. Nestas novas formas de governo presentes nas sociedades democráticas contemporâneas, as práticas psicológicas teriam especial importância enquanto modo de gestão liberal pautada pelo esquadrinhamento de um grupo de variáveis da vida dos indivíduos e pela incitação a uma série de mecanismos de autorregulação e autogoverno.

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Citas

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Publicado

2009-05-04

Cómo citar

Arruda Leal Ferreira, A. (2009). GOVERNAMENTALIDADE E PRÁTICAS PSICOLÓGICAS: A GESTÃO PELA LIBERDADE. Revista De Filosofía Aurora, 21(28), 59–72. https://doi.org/10.7213/rfa.v21i28.1138