“O PROBLEMA DE SÓCRATES”: um exemplo da fisiopsicologia de Nietzsche
DOI:
https://doi.org/10.7213/rfa.v20i27.1801Abstract
O objetivo deste artigo é interpretar o texto “O problema de Sócrates”
de Crepúsculo dos ídolos utilizando como chave a definição de
psicologia que aparece em Para além de bem e mal § 23: “psicologia
enquanto morfologia e teoria do desenvolvimento da vontade de
potência”. Trata-se de uma autêntica fisiopsicologia, já que os impulsos,
para Nietzsche, não são nem corpo nem alma, mas tendência de aumento
de potência. Além do conceito de vontade de potência, a noção de vida,
entendida como processo contínuo de autossuperação, é central para a
fisiopsicologia nietzschiana. Livre das concepções de bem e mal
absolutos, a investigação nietzschiana não considera as produções
humanas boas ou más, mas sintomas da dinâmica de impulsos do
organismo que as produz: saudável, se afirma a vida, ou mórbida, se a
nega. No caso de Sócrates, sua filosofia metafísica é sintoma de doença
(decadência ou anarquia dos instintos), pois rejeita o mundo e o corpo.
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