Nietzsche, as forças e a psicanálise | Nietzsche, the forces and the psychoanalysis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/1980-5934.035.e202329263

Resumo

Investiga-se o conceito de força, tal como aparece em Nietzsche e na psicanálise. Objetiva-se esclarecer e potencializar seu uso clínico. A pesquisa se justifica porque se trata de conceber o processo clínico como explicitação da força pulsional, uma vez que a tipologia das forças proposta por Nietzsche e a precisão analítica, de caráter ético e clínico, convergem inteiramente. Uma ética nietzschiana da força ativa (o amor fati) torna-se providencial para se pensar a retomada do conceito de força na psicanálise. Objeções levantadas à noção de força serão oportunas para, inversamente, justificar seu uso: equivalente à noção de real, a de força não se beneficia do deslocamento que a primeira sofre e opera. Que o real possa ser tratado pela negatividade, mas não a força, problematiza o uso das duas noções: a força jamais definir-se-á pelo impossível ou pelo vazio, e sim por atos de resistência ou sublimações. Conclui-se que ao nível dessa potência avaliadora, seletiva, não condicionada pela atualidade, perfilam-se os temas nietzschianos do intempestivo e da transvaloração dos valores. O tempo por vir das forças ativas depende de seu exercício. Esses temas essenciais à filosofia nietzschiana implicam, portanto, a consideração da força e de suas vicissitudes. O mesmo vale para a psicanálise e a noção irrevogável de pulsão. É verdade que, inversamente, a força se esclarece pela transvaloração dos valores que o intempestivo deflagra. A pulsão também só é conhecida mediante seu exercício, ou seja, enquanto ela mesma opera sua decifração pragmática. Ela requer, para tanto, uma perspectiva ética e clínica aliada às suas avaliações imanentes, extramorais. É a razão para que a análise se ocupe do sonho e de sua memória ativa, interpeladora, desde um tempo por vir.

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Biografia do Autor

Joao Perci Schiavon, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1977), mestrado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (1986), doutorado e pós-doutorado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2012). Sua pesquisa se desenvolve em torno da noção de sublimação e de uma concepção ética e clínica da pulsão. Experiência em clínica psicanalítica desde 1980.

Peter Pál Pelbart, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)

Possui graduação em Filosofia pela Sorbonne (Paris IV- 1983) e doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1996). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Trabalha com Filosofia Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: Deleuze, Foucault, tempo, loucura, subjetividade, biopolítica. 

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Publicado

2023-03-14

Como Citar

Schiavon, J. P., & Pál Pelbart, P. (2023). Nietzsche, as forças e a psicanálise | Nietzsche, the forces and the psychoanalysis. Revista De Filosofia Aurora, 35. https://doi.org/10.7213/1980-5934.035.e202329263

Edição

Seção

Fluxo contínuo