A irredutibilidade ética do sujeito: Lacan entre Kant e Sade

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.7213/1980-5934.33.058.DS09

Palabras clave:

Perversão, Lei, desejo, ética, melancolia

Resumen

Escrito em 1963, três anos depois do seminário sobre A ética da psicanálise, o texto de Jaques Lacan, Kant com Sade, possibilita férteis discussões a respeito da prática analítica. Quais os limites desta prática? Qual é a razão que a sustenta? A prática analítica é um saber, uma ética ou uma terapêutica? Quais os pressupostos que orientam a sua ação? É evidente que não dispomos de condições necessárias e suficientes para respondermos a tais perguntas no limite de um artigo, tampouco temos a pretensão de fazê-lo. Entretanto, as tomaremos como bússola em busca de pistas sobre a prática analítica lacaniana e o solo em que repousa até a década de 1960. A partir do texto Kant com Sade e do Seminário VII, A ética da psicanálise, ambos escritos por Lacan, buscaremos as semelhanças e diferenças irreconciliáveis entre a lei moral kantiana, a vontade de gozo sadeana e a ética psicanalítica, apontando que é a partir das consequências práticas, efetuadas pelo Marquês de Sade, da aplicação de uma razão pura, tal qual proposta por Kant, que Lacan buscará um novo horizonte para a prática analítica não mais baseada no desejo puro. Nesse sentido, tanto o filósofo alemão Immanuel Kant quanto o escritor francês Marquês de Sade, contemporâneos dos ares da modernidade, expõem um princípio universal pelo qual a ação é valorada. Princípio cuja execução evidencia sua dimensão ética, política e, com Lacan, clínica. Nessa pista, faremos uma discussão a propósito da perversão e da melancolia como limites à prática analítica.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Tatiane de Andrade, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Tatiane de Andrade - Doutoranda em Teoria Psicanalítica pela UFRJ; Mestra em Psicologia Social e Política pela UFS; Graduada em Psicologia.

 

Joel Birman, Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Professor titular do Instituto de Psicologia

Professor Titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Professor Adjunto do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Pesquisador associado do Laboratório “Psicanálise e Medicina e Sociedade” (Rio de Janeiro, RJ); Pesquisador no Collège International de Philosophie (Paris, França) e Professor associado da École Doctorale de Psychanalyse da Université Paris Diderot (Paris, França). Pesquisador 1-A e Consultor Ad-hoc do CNPq.

Citas

ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

ANDRÉ, S. A impostura perversa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.

BAAS, B. O desejo puro. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.

BIRMAN, J. Arquivos do mal-estar e da resistência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

FREUD, S. A interpretação dos sonhos In: Obras completas [Edição Standart Brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud], 1996. v. 5. (Original de 1900).

FREUD, S. O Ego e o Id. In: Obras completas [Edição Standart Brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud]. 1996. v. 19. (Original de 1923).

FOUCAULT, M. Sade, sargento do sexo. In: MOTTA, M. B. da (org.). Ditos e Escritos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009. v. 3: Estética: Literatura e pintura, música e cinema, p. 264-287. (Entrevista com G. Dupont publicada em 1975).

GUYOMARD, P. O gozo do trágico: Antígona, Lacan e o desejo do analista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.

HASSOUN, J. A crueldade melancólica. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2002.

KANT, I. Crítica da razão prática. Petrópolis: Vozes, 2020. (Original de 1788).

LACAN, J. O Seminário, livro 7: A ética da psicanálise. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1986. (Original de 1959-1960).

LACAN, J. O Seminário, livro 17: o avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1992. (Original de 1969-1970).

LACAN, J. Intervenção sobre a transferência. In: LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1998. (Original de 1951).

LACAN, J. Resposta ao comentário de Jean Hyppolite sobre a "Verneinung" de Freud. In: LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1998. (Original de 1954).

LACAN, J. Kant com Sade. In: LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1998. (Original de 1963).

LACAN, J. O Seminário, livro 16: De um ao outro. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2008. (Original de 1968/1969).

LÉVI-STRAUSS, C. As estruturas elementares do parentesco. Trad. Mariano Ferreira. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. (Original de 1949).

PEIXOTO JÚNIOR, C. A. A Lei do desejo e o desejo produtivo: transgressão da ordem ou afirmação da diferença? Physys: Revista de Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 109- 127, jan./jun. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312004000100007 Acesso em: 05 mar. 2021.

SADE, D. A de. A filosofia na alcova ou os preceptores imorais: diálogos destinados à educação das mocinhas. Salvador: Ágalma, 1995. (Original de 1795). Disponível em:

http://afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Sade,%20Marqu%C3%AAs/A%20filosofia%20na%20alcova.pdf. Acesso em: 05 mar. 2021.

SAFATLE, V. A paixão do negativo: Lacan e a dialética. São Paulo: Editora UNESP, 2006.

ZIZEK, S. Eles não sabem o que fazem: o sublime objeto da ideologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.

ZIZEK, S. Kant and Sade: the ideal couple. Lacanian Ink, v. 13, 1998. Disponível em: https://www.lacan.com/zizlacan4.htm. Acesso em: 29 de nov. 2020.

Publicado

2021-04-05

Cómo citar

de Andrade, T., & Birman, J. (2021). A irredutibilidade ética do sujeito: Lacan entre Kant e Sade. Revista De Filosofía Aurora, 33(58). https://doi.org/10.7213/1980-5934.33.058.DS09