É possível filosofar com Heidegger após as confissões nos Cadernos Pretos?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/1980-5934.32.056.AO06

Palavras-chave:

Heidegger, Cadernos Pretos, Gadamer, Hermenêutica filosófica, Diálogo.

Resumo

Neste artigo proporemos uma resposta à pergunta se é possível filosofar com Heidegger após as confissões nos Cadernos Pretos relativas ao seu comprometimento, parcial, com o nazismo e o antissemitismo. Para além da alternativa que aborda a obra de Heidegger, ignorando ou minimizando seu compromisso político, ou daquela que a descarta em razão do seu vínculo com nazismo, justificaremos que sua proposta filosófica é válida e profícua, mesmo após a publicação dos Cadernos Pretos. Sob a égide da hermenêutica gadameriana, inicialmente apresentaremos a posição de Heidegger por ele descrita nos Cadernos Pretos; a seguir, explicitaremos alguns aspectos do antissemitismo heideggeriano em relação ao partido nacional-socialista; para, ao final, fundamentarmos que a proposta filosófica de Heidegger, veiculada em sua obra, não deveria ser descartada em razão do seu equívoco político, uma vez que o texto escrito passa a ter vida própria e se torna independente do seu criador, cabendo aos leitores interpretá-lo de forma crítica, honesta e responsável.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luiz Rohden, UNISINOS - Programa de Pós-Graduação

Possui graduação em Filosofia pela FAJE em convênio com Universidade Federal de Minas Gerais (1990), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1994) e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2000) com doutorado Sanduíche em Heidelberg (Alemanha) sob orientação do prof. Reiner Wiehl. Pós-doutorado no Boston College, EUA, com William Richardson, em 2006. Pós-doutorado na Penn State University, EUA, com Dennis Schmidt, em 2015. Bolsista do CNPQ. Atualmente é professor titular da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Coordenador de DInter e Minter com FACC/MT. A principal especialidade filosófica gira em torno da tradição hermenêutica. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia da Linguagem Teoria do Conhecimento Etica Hermenêutica, atuando principalmente nos seguintes temas: fenomenologia, linguagem, hermenêutica filosófica, hermenêutica enquanto ética.

Referências

DUARTE, A. Heidegger, a política e o antissemitismo: reflexões a partir do livro de Peter Trawny. O Que nos Faz Pensar, n. 36, p. 27-51, 2015.

ESCUDERO, J. A. Heidegger's Black Notebooks and the question of anti-semitism. Gatherings. The Heidegger Circle Annual, v. 5, p. 21-49, 2015.

FARIN, I. The Black Notebooks in their historical and political context. In: Reading Heidegger's Black Notebooks 1931-1941. Cambridge: The MIT Press, 2016. p. 289-321.

FAYE, E. Heidegger: a introdução do nazismo da filosofia em torno dos seminários de 1933-1935. Trad. Paulo Rouanet. São Paulo: É Realizações, 2015.

FRIED, G. The king is dead: Martin Heidegger after the Black Notebooks. In: Reading Heidegger's Black Notebooks 1931-1941. Cambridge: The MIT Press, 2016. p. 45-57.

GEORGE, T. “Responsibility to Understand”. In: HEIDEN, G. J. (ed.). Phenomenological Perspectives on Plurality. Leiden: Brill Publishing, 2014.

GRONDIN, J. Hans-Georg Gadamer. Uma biografia. Herder: Barcelona, 2000.

HATAB, L. J. Ethics and finitude: Heideggerian contributions to moral philosophy. Maryland: Rowman and Littlefield Publishers, 2000.

HEIDEGGER, M. Sein und Zeit. 19. ed. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2006.

HEIDEGGER, M. Überlegungen II-VI (Schwarze Hefte 1931-1938). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2014a.

HEIDEGGER, M. Überlegungen VII–XI (Schwarze Hefte 1938-1939). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2014b.

HEIDEGGER, M. Überlegungen XII-XV (Schwarze Hefte 1939-1941). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2014c.

MALPAS, J. On the philosophical reading of Heidegger: situating the Black Notebooks. In: Reading Heidegger's Black Notebooks 1931-1941. Cambridge: The MIT Press, 2016. p. 3-22.

RALON, L. “Interview with Günter Figal”. Figure/Ground. August 18th, 2015. Disponível em: http://figureground.org/interview-with-gunter-figal/. Acesso em: 23 out. de 2019.

RICOEUR, P. Do texto à acção: ensaios de hermenêutica II. Trad. Alcino Cartaxo e Maria José Sarabando. Porto: RÉS-Editora, 1989.

ROHDEN, L. “Sobre o Sentido”. Veritas, Porto Alegre, v. 50, p. 293-303, 2004.

ROHDEN, L. “Hermenêutica filosófica: entre Heidegger e Gadamer”. Natureza Humana, v. 14, p. 14-36, 2012.

SAFRANSKI, R. Heidegger, um filósofo da Alemanha entre o bem e o mal. Trad. Lya Luft. São Paulo: Geração Editorial, 2005.

SCHMIDT, D.” Hermeneutics as Original Ethics”. In: SCHMIDT, D. Difficulties of Ethical Life. New York: Fordham University Press, 2008. p. 35-50.

SHEEHAN, T. Emmanuel Faye: the introduction of fraud in philosophy. Philosophy Today, v. 59, n. 3, p. 367-400, 2015.

TRAWNY, P. Heidegger e o mito da conspiração judaica mundial. Trad. Soraya Guimarães Hoepfner. Rio de Janeiro: Mauad X, 2015.

Publicado

2020-07-17

Como Citar

Rohden, L., & Webber, M. A. (2020). É possível filosofar com Heidegger após as confissões nos Cadernos Pretos?. Revista De Filosofia Aurora, 32(56). https://doi.org/10.7213/1980-5934.32.056.AO06