A virada informacional na Filosofia: alguma novidade no estudo da Mente?

Autores

  • Maria Eunice Quilici Gonzalez Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
  • Mariana Claudia Broens Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
  • João Antonio de Moraes Mestrando em Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

DOI:

https://doi.org/10.7213/rfa.v22i30.2230

Resumo

Analisamos o conceito de informação a partir da hipótese de Adams em The informational turn in Philosophy, segundo a qual ocorreu na década de 1950 “uma virada de grande abrangência na Filosofia” com a publicação do artigo de Turing “Computing Machinery and Intelligence”. Adams sustenta que novos rumos estariam sendo delineados na pesquisa filosófica tendo como base o conceito de informação no tratamento de questões clássicas, tais como o problema da relação mente-corpo, percepção-ação, a natureza do conhecimento, dentre outros. Concordando parcialmente com Adams, julgamos, entretanto, que sua hipótese enfrenta dificuldades, sendo a mais fundamental delas concernente aos diversos significados atribuídos ao termo “informação”. Argumentamos que ainda que o conceito de informação subjacente à proposta mecanicista de Turing, segundo a qual “pensar é computar”, esteja sendo empregado na Filosofia, isso ocorre não por seu teor mecanicista, mas, principalmente, pelo pressuposto representacionista vigente nessa área. Nesse sentido, a virada informacional na Filosofia não seria inovadora, uma vez que desde os seus primórdios a reflexão filosófica sobre a natureza da mente se apoia no pressuposto representacionista. A novidade residiria não especificamente na proposta de Turing, mas nas reflexões sobre a natureza da informação, especialmente da informação ecológica, e de sua relação com a ação.

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Publicado

2010-05-04

Como Citar

Quilici Gonzalez, M. E., Broens, M. C., & de Moraes, J. A. (2010). A virada informacional na Filosofia: alguma novidade no estudo da Mente?. Revista De Filosofia Aurora, 22(30), 137–151. https://doi.org/10.7213/rfa.v22i30.2230