Critérios ASG e democracia econômica: dever fiduciário de administradores e gestores de fundos de investimento para o desenvolvimento sustentável

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/revdireconsoc.v14i2.29305

Palavras-chave:

ASG; desenvolvimento sustentável; fundos de investimento; democracia econômica; direitos humanos e empresas.

Resumo

Em face do aumento significativo de investidores pessoas físicas e da multiplicação de produtos e serviços sustentáveis, sob a sigla ESG (ou ASG) em bolsa de valores brasileira, justifica-se estudo sobre regulação jurídica do mercado de fundos de investimentos, que engloba tanto prestadores de serviço (gestores e administradores), quanto consumidores (pessoas físicas). Objetiva-se compreensão sobre relação entre Democracia e Mercado Financeiro, no âmbito da sociedade hipercomplexa e da economia de mercado global, analisando-se especificamente: (i) – funcionamento do mercado financeiro a partir de teorias de Democracia Econômica, que refletem poder decisório na organização da atividade empresarial; (ii) – a responsabilidade jurídica do administrador e gestor de fundos de investimento na incorporação de critérios ASG, a partir do dever fiduciário. Emprega-se o método indutivo com auxílio de pesquisa bibliográfica. Conclui-se que: 1 – os critérios ASG, representativos da cooperação entre Estado-Empresa para consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), não contribuem de forma direta para a democratização do mercado financeiro, mas sim indireta, a partir da introdução de procedimentos de cooperação que promovem a transparência e diálogo, a exemplo do disclosure, que abordam publicamente questões ambientais, sociais e de governança, temas essenciais à democracia nos moldes atuais; 2 – responsabilidade jurídica sobre a incorporação de critérios ASG e a escolha de ativos não deve estar adstrita ao critério risco-retorno, pois há novo universo normativo incidente sobre a atuação dos gestores/administradores de fundos de investimento, inclusive por meio de normas transnacionais, as quais englobam uma nova ética direcionada aos ODS, complementar aos deveres fiduciários tradicionais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniel Jacomelli Hudler, Universidade Nove de Julho

Doutorando em Direito Empresarial e Mestre em Direito pela Universidade Nove de Julho – UNINOVE (São Paulo – SP, Brasil), ex-bolsista de pesquisa PROSUP/CAPES na área de concentração "Justiça, Empresa e Sustentabilidade". Especialista em Direito Processual Civil e Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE-SP). Ex-Editor assistente das revistas científicas Prisma Jurídico e Thesis Juris. Advogado em São Paulo. Experiência internacional pela Universidade da Coruña (UDC - Espanha) em Globalización & Empresa: una visión Europea e Università degli Studi di Roma "Tor Vergata". Membro Efetivo das Comissões de Infraestrutura/Desenvolvimento e Doutrina da OAB/SP.

Marcelo Benacchio, Universidade Nove de Julho / Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo

Professor permanente do Doutorado e Mestrado em Direito da Universidade Nove de Julho – UNINOVE (São Paulo – SP, Brasil). Professor Titular de Direito Civil da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (São Bernardo do Campo – SP, Brasil). Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor Convidado da Pós Graduação lato sensu da PUC/COGEAE e da Escola Paulista da Magistratura.

Referências

AMEL-ZADEH, Amir; SERAFEIM, George. Why and How Investors Use ESG Information: Evidence from a Global Survey. Financial Analysts Journal, London, vol. 74, no. 3, p. 87-103, jun. 2018.

ANBIMA. Retrato da sustentabilidade no mercado de capitais. São Paulo: ANBIMA, 11 Jan. 2022a. Disponível em: anbi.ma/sustentabilidade. Acesso em: 18 jan. 2022.

ANBIMA. Guia ASG: Incorporação dos aspectos ASG nas análises de investimento. São Paulo: ANBIMA, 2020. Disponível em: https://www.anbima.com.br/data/files/1A/50/EE/31/BFDEF610CA9C4DF69B2BA2A8/ANBIMA-Guia-ASG-2019.pdf. Acesso em 25 fev. 2022.

ANBIMA. Guia ASG II: Incorporação dos aspectos ASG nas análises de investimento. 2022b. Disponível em: https://www.anbima.com.br/data/files/93/F5/05/BE/FEFDE71056DEBDE76B2BA2A8/Guia_ASG_II.pdf. 2022b. Acesso em 25 fev. 2022.

ANBIMA. Regras e Procedimentos para Identificação de Fundos de Investimento Sustentável (Is). São Paulo: ANBIMA, 2022c. Disponível em https://www.anbima.com.br/data/files/E8/50/C4/BF/1519D710E79BD7D76B2BA2A8/Regras_procedimentos_Fundos%20IS_03.01.22.pdf. Acesso em: 25 fev. 2022.

ARARIPE, Jéssica Guerra de Alencar. A influência dos princípios da IOSCO na construção do atual arcabouço regulatório da comissão de valores mobiliários aplicável aos administradores e aos gestores de fundos de investimento. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais, São Paulo, vol. 91, p. 15-45, jan./mar. 2021.

ARARIPE, Jéssica Guerra de Alencar; ZELMANOVITS, Nei. Recomendações internacionais da IOSCO e a autorregulação da ANBIMA para fundos de investimento sustentável. Revista dos Tribunais, São Paulo, vol. 23, jan. 2022.

BENACCHIO, Marcelo; HUDLER, Daniel Jacomelli. Globalização, empresa transnacional e direitos humanos: introdução crítica ao desenvolvimento sustentável na economia digital. In: SAYEG, R. H.; SELLOS-KNOERR, V.C.; BENACCHIO, M.; HUDLER, D. J.; GARCEL, A. (Org.). Globalização, empresa transnacional e direitos humanos. São Paulo: Universidade Nove de Julho, UNINOVE, 2021, p. 12-31.

BERCOVICI, Gilberto. Soberania e Constituição: para uma crítica do constitucionalismo. 2. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2013.

B3 et al. Mercado de Capitais e ODS. São Paulo: B3, 2018. Disponível em: https://www.b3.com.br/data/files/51/94/4D/DC/A4887610F157B776AC094EA8/Mercado_de_Capitais_e_ODS.pdf. Acesso em: 26 fev. 2022.

B3. Sustentabilidade: oportunidade de negócios no setor de intermediação. São Paulo: B3, 2016. Disponível em: https://bvmf.bmfbovespa.com.br/download/Folheto_ESG_B3_PT.pdf. Acesso em: 26 fev. 2022.

CHRISTENSEN, Dane; SERAFEIM, George; SIKOCHI, Anywhere. Why is Corporate Virtue in the Eye of The Beholder? The Case of ESG Ratings. The Accounting Review, Lakewood Ranch, vol. 97, i. 1, p. 147-175, jan. 2022. Disponível em: https://meridian.allenpress.com/accounting-review/article-abstract/97/1/147/463920/Why-is-Corporate-Virtue-in-the-Eye-of-The-Beholder?redirectedFrom=fulltext. Acesso em 18 jan. 2022.

DAHL, Robert Alan. A preface to Economic Democracy. Berkeley: University of California Press, 1995.

FARIA, José Eduardo. O direito na economia globalizada.1. ed. São Paulo: Malheiros, 2002.

FINKELSTEIN, Maria Eugenia; GALLACCI, Fernando Bernardi. Notas sobre a regulação dos fundos de investimento em participação no Brasil. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais, São Paulo, vol. 91, p. 63-85, jan./mar. 2021.

HAN, Byung-Chul. The Burnout Society. Transl. by Erik Butler. Stanford: Stanford University Press, 2015.

HAZEN, Thomas Lee. Social Issues in the Spotlight: The Increasing Need to Improve Publicly-Held Companies’ CSR and ESG Disclosures. University of Pennsylvania Journal of Business Law, v. 23, i. 3, p.740-796, May. 2021. Disponível em: https://scholarship.law.upenn.edu/jbl/vol23/iss3/3/. Acesso em: 17 jan. 2022.

HELD, David. Democracy and the global order: from the Modern State to Cosmopolitan Governance. Stanford: Stanford University Press, 1995.

HILL, John. Environmental, Social, and Governance (ESG) Investing: A Balanced Analysis of the Theory and Practice of a Sustainable Portfolio. London, San Diego: Academic Press, 1 ed., 2020.

KRUGMAN, Paul. The return of depression economics and the crisis of 2008. New York; London: W. W. Norton & Company, 2009.

LARGHI, Nathália. A Bolsa atinge 4,2 milhões de investidores de pessoas físicas em renda variável. Valor Investe, São Paulo, fev. 2022. Disponível: https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/bolsas-e-indices/noticia/2022/02/04/bolsa-atinge-42-milhoes-de-investidores-pessoas-fisicas-em-renda-variavel.ghtml. Acesso em: 15 mar. 2022.

LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. Trad. de Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

MALLESON, Tom. After Occupy: Economic Democracy for the 21st Century. New York: Oxford University Press, 2014.

MÜLBERT, Peter; SAJNOVITS, Alexander. The Inside Information Regime of the MAR and the Rise of the ESG Era. ECGI Working Paper Series in Law, Law Working Paper N° 548/2020, October 2020.

POLLMAN, Elizabeth. The Supreme Court And The Pro-Business Paradox. Harvard Law Review, vol. 135, n. 1, p. 220-266, nov. 2021.

POSNER, Richard Allen; LANGBEIN, John. Social Investing and the Law of Trusts, Michigan Law Review, vol. 79, p. 72-112, Nov. 1980. Disponível em: https://repository.law.umich.edu/cgi/viewcontent.cgi?params=/context/mlr/article/3798/&path_info=. Acesso em 23. Fev. 2022.

PRZEWORSKI, Adam. Capitalism and social democracy. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.

SALOMÃO FILHO, Calixto. Menos Mercado. In: CASTRO, Rodrigo Rocha Monteiro de; WARDE JÚNIOR, Walfrido Jorge; GUERREIRO, Carolina Dias Tavares (coord.). Direito Empresarial e Outros Estudos em Homenagem ao Professor José Alexandre Tavares Guerreiro. São Paulo: Quartier Latin, 2013.

SCHANZENBACH, Max; SITKOFF, Robert. Reconciling Fiduciary Duty and Social Conscience: The Law and Economics of ESG Investing by a Trustee. Stanford Law Review, Stanford, vol. 72, p. 381-454, Feb. 2020.

SOROS, George. Toward a global open society. The Atlantic, Boston, 1997. Disponível em: https://www.theatlantic.com/magazine/archive/1998/01/toward-a-global-open-society/307878/. Acesso em: 23 fev. 2020.

STIGLITZ, Joseph Eugene. Globalization and Its Discontents Revisited: Anti-globalization in the Era of Trump. Rev. edition. United Kingdom: Penguin Books, 2017.

UNDESA. World Social Report 2020: Inequality in a rapidly changing world. New York: United Nations, 2020. Disponível em: https://www.un.org/development/desa/dspd/wp-content/uploads/sites/22/2020/02/World-Social-Report2020-FullReport.pdf. Acesso em 31 jan. 2022.

UNEP FI; ONU. Princípios para o Investimento Responsável (PRI): Uma iniciativa de investidores em parceria com a Iniciativa Financeira do Programa da ONU para o Meio-Ambiente (UNEP FI) e o Pacto Global da ONU. Disponível em: https://www.unpri.org/download?ac=10969. Acesso em: 26 fev. 2020.

XAVIER, Luciana Pedroso; Santos-Pinto, Rafael dos. Art. 7º: fundos de investimento. Art. 1.368, C, D, E. In: MARQUES NETO, Floriano Peixoto; RODRIGUES JÚNIOR, Otavio Luiz; LEONARDO, Rodrigo Xavier (Org.). Comentários à Lei de Liberdade Econômica: Lei 13.874/2019. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.

XAVIER, Luciana Pedroso; Santos-Pinto, Rafael dos. Os fundos de investimento e a ‘lei da liberdade econômica’ – novos problemas para um antigo e controverso instituto? Revista Jurídica da Escola Superior de Advocacia da OAB-PR, Curitiba, ano 5, n. 1, abr. 2020. Disponível em: http://revistajuridica.esa.oabpr.org.br/wp-content/uploads/2020/04/revista-esa-11-cap-08.pdf. Acesso em: 12 jan. 2022.

Downloads

Publicado

2023-12-22

Como Citar

Hudler, D. J., & Benacchio, M. (2023). Critérios ASG e democracia econômica: dever fiduciário de administradores e gestores de fundos de investimento para o desenvolvimento sustentável. Revista De Direito Econômico E Socioambiental, 14(2), e244. https://doi.org/10.7213/revdireconsoc.v14i2.29305

Edição

Seção

Artigos