[Artigo retratado] Análise de risco x princípio da precaução: análise de caso nas nanotecnologias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/revdireconsoc.v13i2.28990

Palavras-chave:

análise de risco regulatório; princípio da precaução; governança; nanotecnologias; nanomateriais.

Resumo

O artigo analisa a regulação das nanotecnologias no contexto de produtos e processos químicos. O objetivo foi identificar as forças histórico-econômicas que impulsionaram as duas principais abordagens de regulação de substâncias químicas. O procedimento metodológico consistiu em uma análise histórica e de conteúdo do que juridicamente culminou como os dois principais instrumentos regulatórios: a análise regulatória de risco e o princípio da precaução. As forças histórico-econômicas são, por um lado, as forças de mercado, que se expressam na política de análise de risco regulatório em relação a riscos, saúde e sustentabilidade, e que tendem a estimular o desenvolvimento comercial e procuram individualizar as relações técnicas e os efeitos potenciais de processos, tecnologias e produtos. Por outro lado, existem as forças da vida, aquelas que privilegiam a proteção da saúde das pessoas e dos ecossistemas, e que se expressam na política do princípio da precaução. Embora à primeira vista não pareçam abordagens contraditórias, pois possuem diferentes âmbitos intrínsecos, tanto temporais e espaciais quanto sociais, na prática essas abordagens e os conceitos e metodologias que promovem representam forças sociais que eventualmente podem se enfrentar. Ambas as tendências são exemplificadas no caso das nanotecnologias. A análise mostra, como resultado, que a expressão jurídica dessas forças representa interesses de diferentes origens: em um caso aqueles que privilegiam o mercado; de outro, aqueles que privilegiam a defesa da vida e da saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ernani Contipelli, Webster University - Campus Leiden

Professor de Estudos Latino-Americanos na Webster University (Leiden, Holanda). Professor de Inovação Social e Economia Circular na United International Business School - Campus Amsterdam. Cofundador da iniciativa de ação investigativa Remote Connections for Sustainability e editor-chefe da revista Connections for Sustainability (EUA/Índia). Integrante do grupo de professores do Programa de Doutorado em Gestão Pública e Ciências Empresariais do ICAP (Holanda). Doutor em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pós-Doutor em Direito Comparado pela Universidade Complutense de Madrid (Bolsa Fundação Carolina). Pós-Doutor em Política Comparada pela Universidade Pompeu Fabra (Bolsa da Generalitat de Catalunya). E-mail: [email protected]

Daniel Francisco Nagao Menezes, Universidade Presbiteriana Mackenzie

Professor do Programa de Pós-Graduação em Direito Político e Econômico da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo-SP, Brasil). Professor Colaborador da Maestría em Economía Social da Universidad Autónoma de Guerrero (Acapulco, México). Doutor e Mestre em Direito Político e Econômico (Universidade Presbiteriana Mackenzie). Pós-Doutor em Direito (USP). Pós-Doutor em Economia (UNESP-Araraquara). E-mail: [email protected]

Referências

ACEMOĞLU, D. Remaking the Post-Covid World. To reverse widening inequality, keep a tight rein on automation. Finance & Development, 2021. Disponível em: <https://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2021/03/COVID-inequality-and-automation-acemoglu.htm>.

ANZALDO MONTOYA, M., CHAUVET, M. Technical standards in nanotechnology as an instrument of subordinated governance: Mexico case study. Journal of Responsible Innovation, v. 3, n. 2, p. 135-153, 2016.

BOKEMPER, S. E.; HUBER, G. A.; GERBER, A. S.; JAMES, E. K.; OMER, S. B. Timing of COVID-19 vaccine approval and endorsement by public figures. Vaccine, v. 39, n. 5, p. 825-829, 2021.

CARSON, R. Silent Spring. Greenwich: Fawcett Publications, 1964.

CENTER FOR INTERNATIONAL ENVIRONMENTAL LAW. Toxic Partnership. A critique of the ACC-CEFIC proposal for trans-Atlantic cooperation on chemicals. 2014. Disponível em: <http://www.ciel.org/Publications/ToxicPartnership_Mar2014.pdf>.

EUROPEAN COMMISSION. Towards a European Strategy for Nanotechnology. 2004. Disponível em: <http://ec.europa.eu/research/industrial_technologies/pdf/policy/nano_com_en.pdf>.

EUROPEAN COMMISSION. Q and A on the new Chemicals policy, REACH. 2006. Disponível em: <https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/MEMO_06_488>.

FARIA, M.; BJÖRNMALM, M.; THURECHT, K. J.; KENT, S. J.; PARTON, R. G.; KAVALLARIS, M.; JOHNSTON, A. P. R.; GOODING, J. J.; CORRIE, S. R.; BOYD, B. J.; THORDARSON, P.; WHITTAKER, A. K.; STEVENS, M. M.; PRESTIDGE, C. A.; PORTER, C. J. H.; PARAK, W. J.; DAVIS, T. P.; CRAMPIN, E. J.; CARUSO, F. Minimum information reporting in bio-nano experimental literature. Nature Nanotechnology, v. 13, n. 9, p. 777-785, 2018.

FOLADORI, G. Las nanotecnologías en contexto. Sociología y Tecnociencia. Revista Digital de Sociología del Sistema Tecnocientífico, v. 2, p. 35-55, 2010.

FOLADORI, G. Implicaciones para trabajadores y consumidores de las Normas ISO en nanotecnología. Una visión desde América Latina. Sociología del Trabajo, n. 88, p. 47-61, 2016.

FOLADORI, G.; DEL BARCO, R. Socio-economic and environmental implications of nanotechnologies. In: Workshop: Nanomateriales. Estado de Situación en Bolivia y Latinoamérica, 2020. Disponível em: <https://relans.org/wp-content/uploads/NanoAndes2.pdf>.

FOLADORI, G.; INVERNIZZI, N. AgNano, the Construction of Occupational Health Standards: A Status Update. In: KUMAR, S.; KUMAR, P.; PATHAK, C. S. (orgs.). Silver Micro-Nanoparticles—Properties, Synthesis, Characterization, and Applications. Londres: IntechOpen, 2021. Disponível em: <https://www.intechopen.com/chapters/75104>.

GEISER, K. Chemicals without Harm: Policies for a Sustainable World. Cambridge: The MIT Press, 2015.

INVERNIZZI, N., FOLADORI, G. Posições de Sindicatos e ONGs sobre os riscos e a regulação da nanotecnologia. Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia, v. 1, n. 4, p. 72-84, 2013.

KEMF, E. Global Chemicals Outlook: Towards Sound Management of Chemicals. United Nations Environment Programme. 2013. Disponível em: <https://sustainabledevelopment.un.org/index.php?page=view&type=400&nr=1966&menu=35>.

MENAHEM, G. La ciencia y la instrucción militar. El ejército, el sistema de fuerzas destructivas y el desarrollo científico-técnico. Barcelona: Icaria, 1977.

NANOACTION. Principios para la supervisión de las nanotecnologías y nanomateriales. 2007. Disponível em: <https://www.centerforfoodsafety.org/files/081403_icta_span_low_86441_82005.pdf>.

RÄGO, L.; SANTOSO, B. Drug Regulation: History, Present and Future. In: VAN BOXTEL, C. J.; SANTOSO, B.; EDWARDS, I. R. (orgs.). Drug Benefits and Risks: International Textbook of Clinical Pharmacology. 2. ed. Amsterdam: Ios Press, 2008, p. 65-77.

TAN, K. X., BARHOUM, A., PAN, S., DANQUAH, M. K. Risks and toxicity of nanoparticles and nanostructured materials. In: BARHOUM, A.; MAKHLOUF, A. S. H. (orgs.). Emerging Applications of Nanoparticles and Architecture Nanostructures. Amsterdam: Elsevier, 2018, p. 121-139.

TESH, S. N. Hidden Arguments: Political Ideology and Disease Prevention Policy. New Brunswick: Rutgers University Press, 1996.

TESH, S. N. Uncertain Hazards: Environmental Activists and Scientific Proof. New York: Cornell University Press, 2000.

THORNTON, J. Beyond Risk: An Ecological Paradigm to Prevent Global Chemical Pollution International. Journal of Occupational and Environmental Health, v. 6, n. 4, p. 318-330, 2000.

VAN BOXTEL, C. J.; SANTOSO, B.; EDWARDS, I. R. Drug Benefits and Risks: International Textbook of Clinical Pharmacology. 2. ed. Amsterdam: Ios Press, 2008.

WOLFE, J. Nanotech Vs. The Green Gang. Forbes, 2005. Disponível em https://www.forbes.com/2005/04/06/cz_jw_0406soapbox_inl/?sh=4350b0092f2d

ZHANG, Q.; HUANG, J.-Q.; ZHAO, M.-Q.; QIAN, W.-Z.; WEI, F. Carbon Nanotube Mass Production: Principles and Processes. ChemSusChem, v. 4, n. 7, 864-889, 2011.

Downloads

Publicado

2022-11-30

Como Citar

Contipelli, E., & Nagao Menezes, D. F. (2022). [Artigo retratado] Análise de risco x princípio da precaução: análise de caso nas nanotecnologias. Revista De Direito Econômico E Socioambiental, 13(2), 387–406. https://doi.org/10.7213/revdireconsoc.v13i2.28990

Edição

Seção

Artigos