Fenomenologia e psicologia da religião no Brasil: fundamentos, desafios e perspectivas
DOI:
https://doi.org/10.7213/2175-1838.09.001.DS06Resumo
Falar de religião é, fundamentalmente, falar de experiência religiosa, dado que a religião só existe porque há sujeitos que a manifestam de uma forma intencional. Esta é a posição da Fenomenologia, cuja tradição, inaugurada pelos estudos de Edmund Husserl, replica em parte o projeto de fundamentação radical das ciências e da filosofia que encontramos em Descartes, e faz com que o edifício fenomenológico venha a se erguer sobre múltiplas perspectivas: como epistemologia (ponto de partida), método(caminho), filosofia (construção) e ciência (intenção). A intenção deste trabalho é apresentar as raízes que desembocam no desenvolvimento de uma Fenomenologia da Religião, bem como suas premissas e autores fundamentais. Em seguida, pretende-se traçar breve panorama dos debates ora em pauta, sob a égide do pensamento fenomenológico, no contexto dos estudos sobre religião, religiosidade e espiritualidade,no Brasil. Pesquisas recentes são apresentadas, como ilustração dos desafios e perspectivas do campo. Por fim, vale destacar que fazer uma “fenomenologia” da religião passa por um olhar amplo para o fenômeno religioso, incluindo a análise do significado dos movimentos em religiões – trânsito religioso, migrações, etc. – além da interpretação de signos e sinais particulares. Conclui-se pela necessidade de se ampliar o debate e o desenvolvimento de pesquisas no campo, bem como estabelecer uma melhor compreensão do sentido de se fazer uma “fenomenologia”.
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