Revisão (a)sistemática sobre a atenção da psicologia às gestantes surdas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum.38.102.AO08

Palavras-chave:

gravidez, Psicologia, saúde

Resumo

A gestação é um período permeado por sentimentos/pensamentos ambivalentes pelos quais a Psicologia demonstra interesse. Os aspectos físicos/biológicos da gestação sempre foram temas centrais nos cuidados pré e pós-natais. Hoje, programas de cuidados pré-natais psicológicos oferecem espaço acolhedor com o objetivo, por exemplo, de promover a saúde das gestantes e prevenir depressão pós-parto. É possível incluir, também, os companheiros(as) e a família estendida num ambiente de diálogo sobre crenças, expectativas, riscos e anseios presentes nesta fase. Numa breve revisão da bibliografia constata-se que a Psicologia dedica especial atenção aos cuidados às gestantes. O objetivo deste estudo foi verificar, na literatura, se as gestantes surdas têm recebido esta mesma atenção. Realizou-se uma revisão sistemática da literatura, até o dia 31 de março de 2020. Foram consultadas as bases de dados PubMed, SciELO, EBSCO e BVS, sem uso de filtros tampouco limite quanto a data de publicação. Os termos MeSH/descritores utilizados foram pregnant women AND Psychology AND deaf*. Dentre os 52 artigos identificados, apenas 9 foram incluídos neste estudo, sendo que 8 deles não tinham como foco principal gestantes surdas e sim gestantes com deficiência. Gestantes com deficiência/surdez parecem, assim, excluídas tanto dos dados censitários, quanto dos serviços de saúde e das pesquisas científicas. Nesta amostra, apesar de pequena, depreendeu-se que estas mulheres são vítimas de preconceito e discriminação de diferentes instâncias da sociedade. No entanto, é possível constatar, também, que há um campo importante e necessário para a atuação da Psicologia voltado a essas mulheres, profissionais de saúde e familiares.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alexsandra Machado Maffei, Universidade Fernando Pessoa

Doutoranda em Desenvolvimento e Perturbações da Linguagem pela Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal

Rute Flávia Meneses, Universidade Fernando Pessoa

Professora Associada, FCHS/CTEC/OLD/APASD/CPP/FB-B2S – Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal

Referências

Almeida, N. M. de C., & Arrais, A.da R. (2016). O pré-natal psicológico como programa de prevenção à depressão pós-parto. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(4), 847-863. doi:10.1590/1982-3703001382014

Anderson, M. L., Craig, K. S. W., & Ziedonis, D. M. (2017). Deaf people´s help-seeking following trauma: experiences with and recommendations for the Massachusetts Behavioral Healthcare System. Psychol Trauma, 9(2), 239–248. doi:10.1037/tra0000219

Arrais, A. da R., &Araujo, T.C.C.F.de. (2016). Pré-natal psicológico: perspectivas para atuação do psicólogo em Saúde Materna no Brasil. Revista da SBPH, 19(1), 103-116. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582016000100007&lng=pt&tlng=pt

Akasreku, B. Dela, Habib, H., & Ankomah, A. (2018). Pregnancy in disability: community perceptions and personal experiences in a rural setting in Ghana. Journal of Pregnancy, 2018, 1–12. doi:10.1155/2018/8096839

Barnett, S.; Klein, J. D.; Pollard, R. Q.; Samar, V.; Schlehofer, D.; Starr, M.; Pearson, T. A. (2011). Community participatory research with Deaf Sign Language Users to identify health inequities. American Journal of Public Health, 101(12), 2235–2238 doi:10.2105/AJPH.2011.300308

Benincasa, M.; Freitas, V.B.de; Romagnolo, A. N., Januário, B.S., &Heleno, M.G.V. (2019). O pré-natal psicológico como um modelo de assistência durante a gestação. Revista da SBPH, 22(1), 238-257. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582019000100013&lng=pt&tlng=pt.

D’Angelo, D. V., Cernich, A., Harrison, L., Kortsmit, K., Thierry, J. A. M., Folger, S., & Warner, L. (2020). Disability and pregnancy: a cross-federal agency collaboration to collect population-based data about experiences around the time of pregnancy. Journal of Women’s Health, 29(3), 291–296. doi:10.1089/jwh.2020.8309

Druel, V., Hayet, H., Esman, L., Clavel, M., & Rougé Bugat, M.-E. (2018). Assessment of cancers’ diagnostic stage in a Deaf community-survey about 4363 deaf patients recorded in French units. BMC Cancer, 18(1), 93. doi:10.1186/s12885-017-3972-3

Equy, V., Derore, A., Vassort, N., Mongourdin, B., &Sergent, F. (2012). Évaluation des actions favorisantl’accessibilité aux soins des patientes enceintes sourdes. Journal de Gynécologie Obstétrique et Biologie de La Reproduction, 41(6), 561–565. doi:10.1016/j.jgyn.2012.04.017

Gichane, M. W., Heap, M., Fontes, M., London, L., Programme, H. R., & Africa, S. (2017). “They must understand we are people”: pregnancy and maternity service use among signing deaf women in Cape Town. Disabil Health, 10(3), 434–439. doi:10.1016/j.dhjo.2017.03.016

Instituto Nacional de Estatística (2019). Anuário Estatístico de Portugal 2018. Recuperado de https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=381689773&PUBLICACOESmodo=2

Jackson, M. (2011). Deafness and antenatal care: understanding issues with access. British Journal of Midwifery, 19(5), 280–284. doi:10.12968/bjom.2011.19.5.280

Marquete, V. F., Costa, M. A. R., & Teston, E. F. (2018). Communication with hearing impaired people from the perspective of health professionals. Revista Baiana de Enfermagem, 32, 1–9. doi:10.18471/rbe.v32.24055

Mckee, M. M., Barnett, S. L., Block, R. C., & Pearson, T. A. (2011a). Impact of communication on preventive services among deaf American Sign Language users. Amercian Journal of Preventive Medicine, 41(1), 75–79. doi:10.1016/j.amepre.2011.03.004

Mckee, M., Schlehofer, D., Cuculick, J., Starr, M., Smith, S., & Chin, N. P. (2011b). Perceptions of cardiovascular health in an undesrserved community of deaf adults using American Sign Language. DisabilHea, 4(3), 192–197. doi:10.1016/j.dhjo.2011.04.001

Mckee, M. M., Paasche-Orlow, M., Winters, P. C., Fiscella, K., Sen, A., Pearson, T., & Arbor, A. (2015). Assessing health literacy in deaf American Sign Language users. Journal of Health Communication, 20(2), 92-100. doi:10.1080/10810730.2015.1066468

Mitra, M., Lu, E., & Diop, H. (2012). Smoking among pregnant women with disabilities. Women’s Health Issues, 22(2), e233–e239. doi:10.1016/j.whi.2011.11.003

Mitra, M., Clements, K. M., Zhang, J., Iezzoni, L. I., Smeltzer, S. C., & Long-Bellil, L. M. (2015). Maternal characteristics, pregnancy complications, and adverse birth outcomes among women with disabilities. Medical Care, 53(12), 1027–1032. doi:10.1097/MLR.0000000000000427

Moher D, L.A, Tetzlaff, J.A.D.G., & The PRISMA Group (2009). Preferred reporting items for systematic reviews and meta analyses: The PRISMA Statement. PLoS Med 6(7): e1000097. doi:10.1371/journal.pmed.1000097.t001

O´Hearn, A. (2006). Deaf women’s experiences and satisfaction with prenatal care : a comparative study. Family Medicine Journal, 38(10), 712–716. Recuperado de https://fmch.bmj.com/

PORDATA (2019). Nados vivos de mães residentes em Portugal: total e fora do casamento. Recuperado de: https://www.pordata.pt/Portugal/Nados+vivos+de+m%c3%a3es+residentes+em+Portugal+total+e+fora+do+casamento-14

Reis, V. de S. L., & Santos, A. M. dos. (2019). Knowledge and experience of family health team professionals in providing healthcare for deaf people. Revista CEFAC, 21(1), 1-8. doi:10.1590/1982-0216/20192115418

Santos, A. S., & Portes, A. J. F. (2019). Perceptions of deaf subjects about communication in primary health care. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 27. doi:10.1590/1518-8345.2612.3127

Schildberger, B., Zenzmaier, C., & König-Bachmann, M. (2017). Experiences of Austrian mothers with mobility or sensory impairments during pregnancy, childbirth and the puerperium: a qualitative study. BMC Pregnancy and Childbirth, 17(1), 201. doi:10.1186/s12884-017-1388-3

Tedesco, J. dos R., & Junges, J. R. (2013). Challenges for receiving hearing-impaired individuals in primary healthcare services. Cadernos de Saúde Pública, 29(8), 1685-1689. doi:10.1590/0102-311X00166212

Walsh-Gallagher, D., Sinclair, M., & Mc Conkey, R. (2012). The ambiguity of disabled women’s experiences of pregnancy, childbirth and motherhood: a phenomenological understanding. Midwifery, 28(2), 156–162. doi:10.1016/j.midw.2011.01.003

Walsh-Gallagher, D., Mc Conkey, R., Sinclair, M., & Clarke, R. (2013). Normalising birth for women with a disability: the challenges facing practitioners. Midwifery, 29(4), 294–299. doi:10.1016/j.midw.2011.10.007

Wechsler, A. M., Reis, K. P. dos, & Ribeiro, B. D. (2016). Uma análise exploratória sobre fatores de risco para o ajustamento psicológico de gestantes. Psicologia Argumento, 34(86), doi:10.7213/psicol.argum.34.086.AO07

Wołowicz-Ruszkowska, A. (2016). How polish women with disabilities challenge the meaning of motherhood. Psychology of Women Quarterly, 40(1), 80–95. doi:10.1177/0361684315600390

Woodcock, K., & Pole, J. D. (2007). Health profile of deaf Canadians: analysis of the Cananda community health survey. Canadian Family Physician, 53(december), 2140-2140e7. Recuperado de https://www.cfp.ca/content/53/12/2140

Downloads

Publicado

2020-09-29

Como Citar

Machado Maffei, A., & Meneses, R. F. (2020). Revisão (a)sistemática sobre a atenção da psicologia às gestantes surdas. Psicologia Argumento, 38(102), 755–771. https://doi.org/10.7213/psicolargum.38.102.AO08

Edição

Seção

Artigos