Violência conjugal e coping: a negação como estratégia de enfrentamento à violência por mulheres heterossexuais

Resumen

O fenômeno da violência conjugal apresenta-se como uma questão de saúde pública, sobretudo quando se trata das altas prevalências de violência contra a mulher. No entanto, em uma perspectiva relacional, considera-se que a violência possa ser cometida de diferentes formas e intensidades dentro de uma dinâmica conjugal, com ambos os cônjuges exercendo múltiplos papéis. A violência vivida nas relações íntimas pode estar em grande parte subnotificada e representa um estressor que pode potencializar diversos agravos à saúde mental. Neste sentido, as estratégias de coping representam um dos recursos utilizados para o manejo deste estressor conjugal. O presente estudo objetivou comparar as estratégias de coping utilizadas por mulheres que sofreram ou cometeram violência conjugal em um relacionamento heterossexual, em relação às que não experienciaram situações de violência. Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório, comparativo e transversal, com 96 mulheres participantes acessadas por meio de um questionário online. Através de análises descritivas e Teste Mann-Whitney foi possível identificar índices elevados de violência sofrida e cometida, sobretudo agressões psicológicas, além de um uso significativamente maior da estratégia de coping de negação pelas participantes que cometeram e sofreram violência em relação às que não vivenciaram violência. Destaca-se a necessidade de potencializar a discussão e fomentar intervenções com este público, que levem em consideração às estratégias de enfrentamento utilizadas.