Desafios contemporâneos da orientação profissional e de carreira (OPC): a interseccionalidade como estratégia compreensiva
DOI:
https://doi.org/10.7213/psicolargum.39.103.AO05Keywords:
Orientação vocacional, epistemologia, justiça social, diálogo intercultural, autodeterminação.Abstract
A orientação profissional e de carreira (OPC) tem focado suas pesquisas e práticas em pessoas das classes média e alta, com base nas concepções de liberdade de escolha e estratégias de adaptação ao mundo do trabalho propostas pelas teorias do mainstream da área, num movimento de individualização da vida. Vários/as autores/as têm questionado este modelo e apontado a necessidade central de articular questões subjetivas/individuais e estruturais/contextuais na compreensão das demandas dos/as orientandos/as e no planejamento da intervenção a ser realizada para a compreensão das possibilidades e limites da construção do futuro de trabalho, principalmente das pessoas que sofrem desvantagens socioeconômicas e culturais. Assim, visamos analisar a estratégia compreensiva (proposta diagnóstica) das demandas iniciais expressas por uma pessoa socioeconômica e culturalmente desfavorecida de três enfoques teóricos contemporâneos da OPC (enfoque traço-fator, paradigma do life design e psychology of working theory); e propor uma estratégia compreensiva das demandas dos/as orientandos/as fundamentada na interseccionalidade de classe, gênero e raça por meio de um estudo de caso de uma mulher negra, pobre e desempregada. Concluímos que os enfoques analisados cuidariam de aspectos relevantes para o auxílio às demandas da participante, entretanto de forma parcial, e sem claramente incluir dimensões interseccionais significativas que definem quem ela é e o que ela pode conseguir no mundo do trabalho, marcando a necessidade de pluralização e contextualização das estratégias compreensivas em OPC, que devem levar em conta tanto questões psicológicas, quanto culturais e sociais para poder ampliar o espectro de pessoas auxiliadas em OPC.
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