Trotes na universidade e violências: uma revisão integrativa

Authors

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum.39.103.AO02

Keywords:

Trote, Universidade, Feminismo, Violência.

Abstract

A pesquisa foca nos ritos de iniciação dos(as) calouros(as) nas universidades (trote) brasileiras, com o intuito de compreender as origens históricas do trote e seus significados, tornar evidente as violências de gênero e identificar as intervenções propostas para prevenir e tratar as consequências psicológicas dos/as sobreviventes. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, realizada por meio da busca por artigos publicados em revistas brasileiras revisadas por pares. Ficou saliente que a recepção das(os) calouras(os) é sustentada e engendrada por inequidades de gênero. Conclui-se que há necessidade de envolvimento da comunidade em reflexões éticas e na criação de políticas sobre o trote.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Adriane Roso, UFSM

Associate Professor at Federal University of Santa Maria - UFSM (Graduate / Masters). CNPq Research Productivity Fellow. (level 2). Postdoctoral fellow at Harvard University (March 2018 to June 2019), Department of Psychology, awarded with a scholarship from The Brazilian National Council for Scientific and Technological Development (CNPq). Postdoctoral Studies in Communication (UFSM). PhD in Psychology (PUCRS), with a Fulbright Fellowship at Columbia University. Master in Social and Personality Psychology (PUCRS). Public Health Specialist (UFRGS / FIOCRUZ / ESP / RS) and Health Management Specialist (UFRGS). Certified in Alcohol / Drug Counseling (University of California - UCLA). Major in Psychology. Leads the research, teaching and extension core VIDAS (LIFE). Leader of the SMIC Research Group. Member of the Working Group 66 Social Representations of the National Association for Research and Graduate Studies in Psychology (ANPEPP) (vice-coordinator 2015-2016). Research Fellow of The National Council for Scientific and Technological Development (CNPq) (2015-2018). Research Fellow of FAPERGS (Pq Gaúcho, 2019 - ). Research areas: social psychology, psychology and politics, public health and communication. Topics of interest: power relations, social minorities, racism, sexual/reproductive rights, (cyber) media, drug use. Perspectives: Critical Social Psychology, Critical Sociology\Anthropology, Critical Media Studies and Feminism. Theories: the Social Representation Theory, Psychoanalysis).

References

Albanaes, P., Bardagi, M. P., Luca, G. G. de, & Girelli, S. (2014). Do trote à mentoria: levantamento das possibilidades de acolhimento ao estudante universitário. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 15(2), 143-152. Recuperado em 16 de abril de 2020, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902014000200005&lng=pt&tlng=pt

Allan, E. J., Kerschner, D., & Payne, J. M. (2018): College Student Hazing Experiences, Attitudes, and Perceptions: Implications for Prevention. Journal of Student Affairs Research and Practice, 56 (1), 32-48. DOI: 10.1080/19496591.2018.1490303

Almeida, T. M. C. (2017). Violências contra mulheres nos espaços universitários. In: Stevens, C., Oliveira, S., Zanello, V., Silva, E., & Portela, C. (Orgs.) Mulheres e violências: interseccionalidades (pp. 384-399). Brasília, DF: Technopolitik.

Akerman, M., Conchão, S., Boaretto, R. C., Fonseca, F. L. A., & Pinhal, M. A. (2012). Revelando fatos, sentidos, afetos e providências sobre o trote em uma faculdade de medicina: narrativa de uma experiência. Revista Brasileira de Educação Médica, 36(2), 249-254. https://doi.org/10.1590/S0100-55022012000400014

Akerman, M., Scalisa, F. & Akerman, J. (2015). Para enfrentar os trotes e violências nas universidades: o que falta? Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 19(54), 421-425. https://doi.org/10.1590/1807-57622015.0426

Antipoff, D. (1964). Aspectos psicológicos e características gerais do trote no Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Arquivos Brasileiros De Psicotécnica, 16(1), 75-103. Recuperado em 07 de maio de 2020, de http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abpt/article/view/14965/13864

Caixeta, J. E., & Sousa, M. A. de. (2013). Responsabilidade social na educação superior: contribuições da psicologia escolar. Psicologia Escolar e Educacional, 17(1), 133-140. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-85572013000100014

Coltro, M. (1999). Trote e cidadania. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 3(5), 135-136. https://doi.org/10.1590/S1414-32831999000200017

Costa, S. de M., Dias, O. V., Dias, A. C. A., Souza, T. R. de, & Canela, J. dos R. (2013). Trote universitário: diversão ou constrangimento entre acadêmicos da saúde?. Revista Bioética, 21(2), 350-358. https://dx.doi.org/10.1590/S1983-80422013000200019

Damiano, R. F., Santos, A. G., Pereira, M. A. D., & Santos, R. M. (2015). O Primeiro Ano do Grupo de Apoio ao Primeiranista. Revista Brasileira de Educação Médica, 39(2), 302-309. https://doi.org/10.1590/1981-52712015v39n2e02272013

Estanque, E. (2017). A práxis do trote: breve etnografia histórica dos rituais estudantis de Coimbra. Sociologia & Antropologia, 7(2), 429-458. https://doi.org/10.1590/2238-38752017v725

Farina Júnior, M., Oliveira, T. R. D. R., Pacini, G. S., Hanemann, T., Coelho, F. L., Mattos, M. O. T., & Rosa, R. F. M. (2018). “Careca amiga”: Uma nova perspectiva de trote na universidade. Revista Brasileira De Extensão Universitária, 9(1), 1-5. https://doi.org/10.24317/2358-0399.2018v9i1.5244

Ferreira, S. A. S. (2017). Estratégias de diálogo com o estranhamento no começo da vida universitária: políticas de acolhimento e permanência na Universidade Federal do Sul da Bahia. Revista Internacional de Educação Superior, 3(2), 291-307. https://doi.org/10.22348/riesup.v3i2.7757

Finkler, M., Caetano, J. C., & Ramos, F. R. S. (2012). O cuidado ético-pedagógico no processo de socialização profissional: por uma formação ética. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 16(43), 981-993. https://doi.org/10.1590/S1414-32832012005000046

Giarola, L. C. (1999). Trote na universidade. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 3(5), 127-128. https://doi.org/10.1590/S1414-32831999000200013

Godinho, C. C. P. S, Trajano, S. S, Souza, C. V, Medeiros, N. T, Catrib, A. M. F., & Abdon, A. P. V. (2018). A violência no ambiente universitário. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 31(4), 1-8. http://dx.doi.org/10.5020/18061230.2018.8768

Graner, K. M., & Cerqueira, A. T. A. R. (2019). Revisão integrativa: sofrimento psíquico em estudantes universitários e fatores associados. Ciência & Saúde Coletiva, 24(4), 1327-1346. https://doi.org/10.1590/1413-81232018244.09692017

Guareschi, P. (2005). Psicologia social crítica como prática da libertação. 3.ed. Porto Alegre: EDIPUCRS.

Jorge Filho, I. (2014). O “trote” e a responsabilidade ética dos futuros médicos. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, 41(3), 147-147. https://doi.org/10.1590/S0100-69912014000300001

Kelly, L., & Radford, J. (1987). The problems of men: Feminist perspectives on sexual violence. In: Scraton, P. (ed.) Law, Order and the Authoritarian State: Readings in Critical Criminology. (pp. 237-253). Milton Keynes: Open University Press.

Lima, M. C. P., Ramos-Cerqueira, A. T. A., Dantas, C. L., Lamardo, J. R., Reis, L. E. C., & Torres, A. R. (2017). O Trote e a Saúde Mental de Estudantes de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, 41(2), 210-220. https://doi.org/10.1590/1981-52712015v41n2rb20160025

Lima, M. C. P. (2012). Sobre trote, vampiros e relacionamento humano nas escolas médicas. Revista Brasileira de Educação Médica, 36(3), 407-413. https://doi.org/10.1590/S0100-55022012000500016

Lunardi, L. (1999). Em uma Universidade Pública... calouros... e trote. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 3(5), 133-134. https://doi.org/10.1590/S1414-32831999000200016

Marin, J. C., Araújo, D. C. S., & Espin Neto, J. (2008). O trote em uma faculdade de medicina: uma análise de seus excessos e influências socioeconômicas. Revista Brasileira de Educação Médica, 32(4), 474-481. https://doi.org/10.1590/S0100-55022008000400010

Martins, S. T. F. (1999). Sobre trote e violência. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 3(5), 129-130. https://doi.org/10.1590/S1414-32831999000200014

Mendes, K. D. S., Silveira, R. C. de C. P., & Galvão, C. M. (2008). Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto - Enfermagem, 17(4), 758-764. https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018

Menezes, M. M., Amaral, F. R., Rocha, C. U., Ribeiro, C. R., Maia, L. C., Sampaio, C. A., & Costa, S. de M. (2017). Elaboração coletiva do código de ética do estudante de medicina. Revista Bioética, 25(1), 179-190. https://doi.org/10.1590/1983-80422017251179

Michaelis (2020). Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa [online]. São Paulo: Melhoramentos. Recuperado em 08 de maio de 2020, de http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=trote

Moreno, P. F., & Soares, A. B. (2014). O que vai acontecer quando eu estiver na universidade?: Expectativas de jovens estudantes brasileiros. Aletheia, (45), 114-127. Recuperado em 16 de abril de 2020, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942014000200009&lng=pt&tlng=pt

Nadai, M. (2019). Quais foram os trotes mais cruéis do Brasil? Revista Super Interessante. Recuperado em 06 de fevereiro de 2020, de https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-foram-os-trotes-mais-crueis-do-brasil/

Novelli, P. G. A. (1999). A ética do trote. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 3(5), 131-132. https://doi.org/10.1590/S1414-32831999000200015

Nuwer, H. (2015). Hazing in Fraternities and Sororities. In International Encyclopedia of the Social & Behavioral Sciences (2nd ed., v. 10, 554-561). http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-08-097086-8.64092-8

Organização das Nações Unidas. (2015). Carta pelo Fim do Trote Violento contra Gênero e Raça. Brasília: 6 de fevereiro de 2015. Recuperado em 05 de março de 2020, de http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2015/02/carta_trotes.pdf

Panúncio-Pinto, M. P., Alpes, M. F., & Colares, M. de F. A. (2019). Situações de Violência Interpessoal/Bullying na Universidade: Recortes do Cotidiano Acadêmico de Estudantes da Área da Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, 43(1, Supl. 1), 537-546. https://doi.org/10.1590/1981-5271v43suplemento1-20190060

Ribeiro, R. J. (1999). O trote como sintoma: a dor de lidar com a dor alheia. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 3(5), 153-160. https://doi.org/10.1590/S1414-32831999000200020

Segre, M. (1999). Trote violento contra calouros universitários. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 3(5), 121-122. https://doi.org/10.1590/S1414-32831999000200011

Siqueira, V. H. F. de, Fonseca, M. C. G. da, Sá, M. B. de, & Lima, A. C. M. (2012). Construções identitárias de estudantes de farmácia no trote universitário: questões de gênero e sexualidade. Pro-Posições, 23(2), 145-159. https://doi.org/10.1590/S0103-73072012000200010

Tommasino, K., & Jeolás, L. S. (2000). O trote como um ritual de passagem: o universal e o particular. Mediações: Revista de Ciências Sociais, 5(2), 29-49. http://dx.doi.org/10.5433/2176-6665.2000v5n2p29

Vasques, A. M., Portuguez, M. W., Radaelli, G., & Gomes, R. (2018). Avaliação cognitiva de condutores automotivos idosos: revisão integrativa. Psico, Porto Alegre, 49(1), 94-100. http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2018.1.27446

Vegini, N. M. K., Ramos, F. R. S., & Finkler, M. (2019). Representações sociais do trote universitário: uma reflexão ética necessária. Texto & Contexto - Enfermagem, 28, e20170359. https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2017-0359

Villaça, F. M., & Palácios, M. (2010). Concepções sobre assédio moral: bullying e trote em uma escola médica. Revista Brasileira de Educação Médica, 34(4), 506-514.https://doi.org/10.1590/S0100-55022010000400005

Warth, M. P. T. N., & Lisboa, L. F. (1999). Tradição, trote e violência. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 3(5), 111-118. https://doi.org/10.1590/S1414-32831999000200010

Zuin, A. A. S. (2002). O Trote no curso de pedagogia e a prazerosa integração sadomasoquista. Educação & Sociedade, 23(79), 243-254. https://doi.org/10.1590/S0101-73302002000300012

Zuin, A. A. S. (2011). Trote Universitário como Violência Espetacular. Educação & Realidade, 36(2), 587-604. Recuperado em 07 de maio de 2020, de https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/13132/12929

Downloads

Published

2020-10-29

How to Cite

Roso, A., de Souza, J. G., Pacheco, M. L. L., & dos Santos, C. (2020). Trotes na universidade e violências: uma revisão integrativa. Psicologia Argumento, 39(103), 25–55. https://doi.org/10.7213/psicolargum.39.103.AO02

Issue

Vol. 39 No. 103 (2021)

Section

Articles

License

O autor transfere, por meio de cessão, à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 76.659.820/0009-09, estabelecida na Rua Imaculada Conceição, n.º 1155, Prado Velho, CEP 80.215-901, na cidade de Curitiba/PR, os direitos abaixo especificados e se compromete a cumprir o que segue:

 

  1. Os autores afirmam que a obra/material é de sua autoria e assumem integral responsabilidade diante de terceiros, quer de natureza moral ou patrimonial, em razão de seu conteúdo, declarando, desde já, que a obra/material a ser entregue é original e não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual de terceiros.
  2. Os autores concordam em ceder de forma plena, total e definitiva os direitos patrimoniais da obra/material à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, a título gratuito e em caráter de exclusividade.
  3. A CESSIONÁRIA empregará a obra/material da forma como melhor lhe convier, de forma impressa e/ou on line, inclusive no site do periódico da EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, podendo utilizar, fruir e dispor do mesmo, no todo ou em parte, para:
  • Autorizar sua utilização por terceiros, como parte integrante de outras obras.
  • Editar, gravar e imprimir, quantas vezes forem necessárias.
  • Reproduzir em quantidades que julgar necessária, de forma tangível e intangível.
  • Adaptar, modificar, condensar, resumir, reduzir, compilar, ampliar, alterar, mixar com outros conteúdos, incluir imagens, gráficos, objetos digitais, infográficos e hyperlinks, ilustrar, diagramar, fracionar, atualizar e realizar quaisquer outras transformações, sendo necessária a participação ou autorização expressa dos autores.
  • Traduzir para qualquer idioma.
  • Incluir em fonograma ou produção audiovisual.
  • Distribuir.
  • Distribuir mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permite ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário.
  • Incluir e armazenar em banco de dados, físico, digital ou virtual, inclusive nuvem.
  • Comunicar direta e/ou indiretamente ao público.
  • Incluir em base de dados, arquivar em formato impresso, armazenar em computador, inclusive em sistema de nuvem, microfilmar e as demais formas de arquivamento do gênero;
  • Comercializar, divulgar, veicular, publicar etc.
  • Quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas. 
  1. Os autores concordam em conceder a cessão dos direitos da primeira publicação (ineditismo) à revista, licenciada sob a CREATIVE COMMONS ATTRIBUTION LICENSE, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria.
  2. Os autores autorizam a reprodução e a citação de seu trabalho em repositórios institucionais, página pessoal, trabalhos científicos, dentre outros, desde que a fonte seja citada.
  3. A presente cessão é válida para todo o território nacional e para o exterior.
  4. Este termo entra em vigor na data de sua assinatura e é firmado pelas partes em caráter irrevogável e irretratável, obrigando definitivamente as partes e seus sucessores a qualquer título.
  5. O não aceite do artigo, pela EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, tornará automaticamente sem efeito a presente declaração.