A ESCOLARIZAÇÃO DE CRIANÇAS E DE ADOLESCENTES COM PROBLEMAS PSÍQUICOS GRAVES NO BRASIL E NA FRANÇA: Algumas observações

Abstract

O presente texto é o resultado inicial do balanço de trabalho de duas equipes, a propósito dos temas da terminologia no campo dos problemas psíquicos de crianças incluídas, da formação de professores e do desejo de saber de alunos com problemas psíquicos graves. As duas equipes (o LEPSI, da Faculdade de Educação/Instituto de Psicologia, da Universidade de São Paulo, e CLIOPSY, das Universidades de Paris V e Paris X) inscrevem-se no campo de pesquisa das intersecções entre a psicanálise e a educação. Em relação à discussão terminológica em torno da designação das “crianças deficientes, com handicap ou com necessidades educativas especiais”, os autores optaram por defender a retomada da antiga expressão “problemas psíquicos”, para sinalizar a recusa de uma presença massiva do discurso médico na área da educação. No campo do cuidado dirigido aos profissionais da inclusão escolar, os autores consideram imprescindível identificar as condições que vão preservar o educador do burn-out ou da depressão profissional face ao pesado e complexo trabalho de inclusão escolar. Relatam uma pesquisa francesa e outra brasileira em torno desse tema. Finalmente, discorrem sobre o lugar do desejo de saber na escolarização de crianças com problemas psíquicos graves. Conclui-se que, se a escola inclusiva de hoje não for capaz de fazer a pergunta pelo desejo do aluno, teremos que mobilizar educadores, psicanalistas e pesquisadores para renová-la.