Considerações sobre a educação inclusiva e o tratamento do Outro

Abstract

Este artigo pretende refletir a respeito da educação inclusiva com crianças psicóticas e autistas, utilizandoo referencial freudiano-lacaniano, a partir da reflexão sobre o “Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade”. Criado pelo governo em 2003, o objetivo do projeto é a escolarização de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas e classes comuns da rede regular de ensino. Para que essas crianças se beneficiem do programa, são necessárias reformulações na escola para que, de fato, se possa incluir quem está excluído, questionando o ideário político-pedagógico – reformulações que exigem mudanças não apenas no espaço físico e nos conteúdos programáticos, mas um redimensionamento na preparação do professor, ou seja, mudanças referentes à organização e ajuste constante do agenciamento simbólico, com a finalidade de tornar possível uma ação do coletivo.Isto é, para que se possa realizar esse tratamento do Outro, toda a equipe, composta por diferentes áreas, deve ser parceira na construção clínica. Assim, a partir da proposta de Tratamento do Outro, busca-se explorar certas possibilidades, particularmente a de colocar no lugar outra Alteridade que seja alternativa ao Outro primordial do sujeito. Enfim, trata-se de questionar se essas crianças têmestrutura suficiente para usufruir daquilo que o convívio social pode proporcionar-lhes e se a escola reconhece a criança menos sob a ótica de suas capacidades cognitivas do que na sua condição de sujeito do desejo, possibilitando assim que elas se beneficiem das contribuições que o laço social proporciona, considerando-as como sujeitos do desejo, para que então seja possível ver o aluno emsua subjetividade