Interlocuções entre os discursos médico e psicanalítico: por uma leitura sobre a desmedicalização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum.38.99.AO07

Palavras-chave:

medicalização, sofrimento, sintoma, diagnóstico, psicanálise

Resumo

A tensão existente entre a medicina e a psicanálise mobiliza profícuas discussões.  A psicanálise se destaca por ser uma área do conhecimento que oferece dispositivos significativos para fazer frente à medicalização desenfreada, possibilitando a escuta de novas formas de subjetividade na cena contemporânea. O presente estudo propõe uma reflexão acerca dos discursos médico e psicanalítico no que se refere ao processo de medicalização. As noções de sintoma, diagnóstico e sofrimento se configuram como dispositivos balizadores desta discussão.  O sintoma psicanalítico enquanto portador de sentido e significação carrega consigo a verdade do sujeito. Diferentemente da medicina onde se tenta abolir o sintoma, a psicanálise compreende o sintoma como um significante que aponta para a estrutura de linguagem inconsciente. Em função disso, faz-se necessário um constante aprofundamento da dialética entre os saberes médico e psicanalítico com o intuito de se construir uma ética do cuidado que ultrapasse a perspectiva biologizante/medicalizante.

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Biografia do Autor

Luciana Jaramillo Caruso de Azevedo, PUC-Rio

Especialista em psicoterapia de família e casal (PUC-Rio)
Mestre em psicologia clínica (PUC-Rio)
Doutoranda em psicologia clínica PUC-Rio

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Publicado

2020-04-10

Como Citar

de Azevedo, L. J. C. (2020). Interlocuções entre os discursos médico e psicanalítico: por uma leitura sobre a desmedicalização. Psicologia Argumento, 38(99), 137–152. https://doi.org/10.7213/psicolargum.38.99.AO07

Edição

Seção

Artigos