“Acho que homem... não é para ele essa profissão”: contrapontos de gênero no trabalho doméstico

Autores

  • Maria Chalfin Coutinho Universidade Federal de Santa Catarina
  • Tielly Rosado Maders Universidade Federal de Santa Catarina
  • Camila Trindade Universidade Estadual de Maringá
  • Liandra Savanhago Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum.36.91.AO01

Palavras-chave:

trabalho doméstico, gênero, cotidiano.

Resumo

O presente artigo tem como objetivo evidenciar contrapontos de gênero presentes no cotidiano do trabalho doméstico remunerado e não remunerado. O serviço doméstico contempla um significativo contingente de trabalhadoras no Brasil e, apesar de sua recente regulamentação, grande parcela permanece na informalidade. No Brasil estes serviços são desenvolvidos majoritariamente por mulheres negras, provenientes de famílias de baixa renda e escolaridade e guardam traços da sociedade colonial escravista. Foram realizadas entrevistas com um total de 10 diaristas atuantes na Grande Florianópolis, nove mulheres e um homem. As diferenças identificadas nas falas das/o diaristas apontam para formas específicas de relações que se estabelecem no cotidiano de trabalho. Nesta perspectiva, foi possível identificar relações marcadas por estereótipos de gênero, com traços da herança escravista, e também permeadas por referências que constituem o mundo do trabalho no sistema capitalista.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Aguiar, W. M. J., & Ozella, S. (2013). Apreensão dos sentidos: aprimorando a proposta dos núcleos de significação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 94(236), 299-322.

Antunes, R. (2009). Sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho (2a ed). São Paulo, Boitempo.

Ávila, M. B. M. (2009). Divisão sexual do trabalho e trabalho doméstico. In: Maria Betânia de Melo. O tempo do trabalho das empregadas domésticas: tensões entre dominação/exploração e resistência (pp.89-144). Recife: Editora Universitária da UFPE.

Bandeira, L., & Melo, H. P. (2013). A divisão sexual do trabalho: trabalho doméstico remunerado e a Sociabilidade das relações familiares. Gênero, 13 (2), 31-48.

Borges, R. C. P. & Coutinho, M. C. (2011). Cenas de trabalho: a fotografia como recurso metodológico para expressar os sentidos do trabalho juvenil. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 63 (spe.), 38-48.

Brites, J. (2007). Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu, 29(no.spe), 91-109.

Brites, J. (2013). Trabalho doméstico: questões, leituras e políticas. Cadernos de Pesquisa, 43(149), 422-451.

Brites, J., & Picanço, F. (2014). O emprego doméstico no Brasil em números, tensões e contradições: alguns achados de pesquisas. Revista Latino-americana de Estudos do Trabalho. 19(31), 131-158.

Brasil (2015). Lei complementar nº 150/2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp150.htm

Caponi, S. (2006). Sobre as guerras e fantasmas: o feminino e a distinção entre público e privado. In: Minella, L. S.; & Funck, S. B. (Orgs), Saberes e fazeres de gênero: entre o local e o global. Florianópolis, (p. 363). Florianópolis: Ed. da UFSC.

Coutinho, M. C. (2009). Sentidos do trabalho contemporâneo: as trajetórias identitárias como estratégia de investigação. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 12(2), 189-202.

Coutinho, M. C., Borges, R. C., Graf, L. P., & Da Silva, A. S. (2013). “Todo dia uma casa diferente”: trajetórias, sentidos e cotidianos laborais de diaristas. Universitas Psychologica, 12(4), 1125-1138.

Diogo, M. F. (2012). Savoir-faire feminino e sua apropriação profissional pelo olhar das

relações de gênero. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 30, n. 71, p. 731-743.

Ferreira, A. B. de H. (2010). Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa (8a. Ed). Curitiba: Positivo.

Fontoura, N., Lima, A. T., & Cherfem, C. (2015). Alterações recentes no mundo do trabalho, segundo marcadores de gênero e raça. In: André Calixtre; Fábio Vaz (orgs.). Nota Técnica: PNAD 2014 – breves análises. (N. 22). Brasília: IPEA. 31-37. Recuperado em 04 de fevereiro, 2016, de http://www.ipea.gov.br.

Ipea. (2017). Retrato das desigualdades de Gênero e Raça. Brasília. Recuperado em 05 de agosto, 2017, de http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=29526.

Leal, J. S. & Leal, R. A. S. (2013). O papel do serviço social diante da problemática de gênero e o mito da maternidade. Gênero: Núcleo Transdisciplinar de Estudos de Gênero, 13(2), 149-180.

Matsumoto, S. D. (2017). O trabalho doméstico remunerado e feminino: rupturas e continuidades. Dissertação (Mestrado). Curso de Serviço Social, Pontifica Universidade de São Paulo, São Paulo.

Melo, H. P. de & Thomé, D. (2018). Mulheres e o poder: histórias, ideias e indicadores. Rio de Janeiro: FGV Ed.

Nascimento, M. V. (2017). Diarista: empregado, eventual ou autônomo? O dilema permanente da Justiça do Trabalho. Revista do Direito UPIS, 7(no.spe), 21-41.

Quirino, R. (2015). Divisão sexual do trabalho, gênero, relações de gênero e relações sociais de sexo: aproximações teórico-conceituais em uma perspectiva marxista. Trabalho e Educação, 24(2), 229-246.

Scott, J. W. (1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, 20(2), 71-99.

Soares, D. H. P.; & Costa, A. B. (2011). Aposentação: aposentadoria para ação (1a ed). São Paulo: Vetor.

Soratto, L. H. (2006). Quando o trabalho é na casa do outro: um estudo sobre empregadas domésticas. Tese (Doutorado em Psicologia). Universidade de Brasília, Brasília.

Teixeira, J. C., Saraiva, L. A. S, & Carrieri, A. P. (2015). O lugar das empregadas domésticas. Revista Oes, 22 (72), 161-178.

Downloads

Publicado

2019-11-05

Como Citar

Coutinho, M. C., Maders, T. R., Trindade, C., & Savanhago, L. (2019). “Acho que homem. não é para ele essa profissão”: contrapontos de gênero no trabalho doméstico. Psicologia Argumento, 36(91), 1–15. https://doi.org/10.7213/psicolargum.36.91.AO01

Edição

Seção

Artigos