A crucificação de Jesus no quadro das violências do Mundo Antigo
a inserção da Cruz no seu contexto original
DOI:
https://doi.org/10.7213/2175-1838.15.003.DS01Resumen
Este artigo estuda a crucificação dentro do contexto de violência do Mundo Antigo. Em face da crucificação de Jesus, o personagem que trouxe a imagem da cruz para o Ocidente, lugar em que o cristianismo se difundiu, a principal questão estudada é: “Em qual contexto a crucificação pode ser enquadrada?” Deve ser vista como um ato isolado, no qual Deus sacrificou seu Filho? Ou, pelo contrário, a crucificação foi a principal forma de matar violentamente no Mundo Antigo, eleita pelos romanos como propaganda de terror de Estado e de advertência contra criminosos?
Os pontos estudados são: 1) a origem da crucificação; 2) os vocábulos referentes à crucificação;
3) os flagelos como parte da crucificação; 4) o titulus crucis; 5) a crucificação como forma violenta de matar; 6) a crucificação como entretenimento; 7) a crucificação como morte aviltante. Os principais resultados são: a crucificação era uma forma comum de matar no Mundo Antigo, e foi a eleita pelos romanos como advertência aos criminosos; fazia parte do processo de crucificação os flagelos; compunha o quadro da crucificação um título contendo o crime do infrator afixado na cruz ou no condenado; a crucificação tornou-se tão comum que chegou a ser encenada nos teatros antigos; e, por fim, a crucificação era uma morte repugnante e ignominiosa, cujo principal alvo era exterminar os cadáveres e, depois, a exposição do corpo crucificado servia de advertência à população, como propaganda de terror e violência de Estado. A crucificação, ao invés do que se pensa hoje, não tinha o objetivo precípuo de matar, mas de exterminar o cadáver. O crucificado não era retirado da cruz, e seu corpo ficaria ali, pendurado, até apodrecer e despencar da trave, sendo devorado por abutres e animais selvagens, negando-se, assim, ao crucificado, o sepultamento.
A crucificação poderia ser de vivos ou de mortos.
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