A forma-de-vida no monacato primitivo: Interlocuções com Giorgio Agamben
DOI:
https://doi.org/10.7213/2175-1838.13.002.AO05Palabras clave:
monasticismo - regra – Agamben – forma-de-vida – horologiumResumen
O artigo apresenta uma reflexão sobre a forma-de-vida do primeiro monasticismo cristão no contexto problematizador entre regra e vida, regula vitae. A partir das pesquisas desenvolvidas por Giorgio Agamben sobre esta temática, analisa-se de que modo a tensão entre regra-e-vida dos primeiros monacatos cristãos privilegiava a vida como referente constitutivo da regra, e não ao contrário. O artigo analisa como a vida monástica cria sua regra e faz da regra uma forma-de-vida, de tal modo que viver a regra excede qualquer obrigação jurídica, desativando, assim, a força da lei através da vida que vive a regra além das meras obrigações prescritivas da lei. Para atingir a vivência da forma-de-vida do monacato, era necessário internalizar determinados exercícios (askeses). Entre os vários exercícios-askeses, a forma-de-vida monacal desenvolveu o que denominou horologium vitae, através do qual se propunha ao monge vivenciar uma experiência densa e qualificada do tempo com uma atenção sobre o instante que se vive. Este é o denominado tempo kairos que se contrapõe ao mero acontecer cronológico, em que os acontecimentos passam como rotina superficial e vazia. O tempo cronos é um tempo linear e vazio de experiência, enquanto a forma-de-vida monástica se propunha atingir a experiência do kairos de cada instante vivido. Por fim, o artigo correlaciona a problemática da forma-de-vida do monacato cristão primitivo com o contexto das atuais sociedades de controle em que a vida é capturada massivamente por meio de uma infinidade de dispositivos que governamentalizam os comportamentos dos sujeitos. Os modos de resistência aos atuais dispositivos biopolíticos de controle da vida exigem a capacitação de criar formas-de-vida em que o viver não seja separado da forma.
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