O papel dos contos de fadas no processo grupal com crianças em vulnerabilidade social
DOI:
https://doi.org/10.7213/psicolargum.40.111.AO04Palavras-chave:
Psicanálise, contos de fadas, dinâmica de grupo, vulnerabilidade, infânciaResumo
Os contos de fadas se mantêm através dos séculos e foram aos poucos sendo adaptados à infância. A literatura indica que os contos de fadas possibilitam que as crianças internalizem e elaborem conflitos, refletindo sobre possíveis soluções, podendo assim desenvolver sua própria capacidade de resolução de problemas. O presente estudo teve como objetivo compreender o papel desempenhado pelos contos de fadas no processo de atendimento grupal infantil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e delineamento clínico interventivo. Participaram da pesquisa sete crianças de 6 a 10 anos de idade, matriculadas em uma instituição de contra turno, que atende crianças em risco ou vulnerabilidade social. Foram trabalhados três contos de fadas em 12 sessões de atendimentos em grupo semanais. Além das anotações realizadas ao longo das sessões, para coleta de dados foi adotado o uso de um roteiro de anamnese e um questionário sociodemográfico, preenchidos junto aos responsáveis pelas crianças. Os dados coletados foram associados aos registros de campo elaborados ao longo das sessões e analisados a partir da proposta de análise de conteúdo temática. Os resultados indicam que os contos de fadas exercem uma função mediadora que auxilia na expressão dos conflitos infantis por meio da dimensão simbólica. O aprendizado internalizado adquirido a partir da relação com os contos possibilitou que as crianças criassem personagens que buscam o enfrentamento de desigualdades e superação de dificuldades sociais, evidenciando o papel dos contos de fadas na expressão e elaboração dos conflitos de crianças que vivenciam contextos sociais marcados pelo abandono, violência e vulnerabilidade.Downloads
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