O papel dos contos de fadas no processo grupal com crianças em vulnerabilidade social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum.40.111.AO04

Palavras-chave:

Psicanálise, contos de fadas, dinâmica de grupo, vulnerabilidade, infância

Resumo

Os contos de fadas se mantêm através dos séculos e foram aos poucos sendo adaptados à infância. A literatura indica que os contos de fadas possibilitam que as crianças internalizem e elaborem conflitos, refletindo sobre possíveis soluções, podendo assim desenvolver sua própria capacidade de resolução de problemas. O presente estudo teve como objetivo compreender o papel desempenhado pelos contos de fadas no processo de atendimento grupal infantil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e delineamento clínico interventivo. Participaram da pesquisa sete crianças de 6 a 10 anos de idade, matriculadas em uma instituição de contra turno, que atende crianças em risco ou vulnerabilidade social. Foram trabalhados três contos de fadas em 12 sessões de atendimentos em grupo semanais. Além das anotações realizadas ao longo das sessões, para coleta de dados foi adotado o uso de um roteiro de anamnese e um questionário sociodemográfico, preenchidos junto aos responsáveis pelas crianças. Os dados coletados foram associados aos registros de campo elaborados ao longo das sessões e analisados a partir da proposta de análise de conteúdo temática. Os resultados indicam que os contos de fadas exercem uma função mediadora que auxilia na expressão dos conflitos infantis por meio da dimensão simbólica. O aprendizado internalizado adquirido a partir da relação com os contos possibilitou que as crianças criassem personagens que buscam o enfrentamento de desigualdades e superação de dificuldades sociais, evidenciando o papel dos contos de fadas na expressão e elaboração dos conflitos de crianças que vivenciam contextos sociais marcados pelo abandono, violência e vulnerabilidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Letícia Domingues Moura, Universidade São Judas Tadeu (USJT)

Psicóloga, graduada em Psicologia pela Universidade São Judas (USJT)

Thaina Aparecida Barbosa Rocha, Universidade São Judas Tadeu (USJT)

Psicóloga, graduada em Psicologia pela Universidade São Judas (USJT)

Rodrigo Jorge Salles, Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu (USJT)

Psicólogo, Doutor e Mestre em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Docente no curso de graduação em Psicologia e no Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu.

Referências

Afonso, M. L. M. (2018). Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção

psicossocial. In K. Oliveira (Ed.), Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial (pp. 9-62). Belo Horizonte, MG: Artesã Editora.

Ariès, P. (1981). A Descoberta da Infância. In P. Ariès, História Social da Criança e da Família (D. Flasksman, trad., pp. 50-68). Guanabara: RJ: LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. (Trabalho original publicado em 1975).

Anzieu, D. (1978). Os métodos projetivos. (M. L. E. Silva, trad.). Rio de Janeiro, RJ:

Campus.

Bettelheim, B. (2015). A luta pelo significado. In B. Bettelheim, A psicanálise dos contos de fadas (A. Caetano, trad., pp.11-31). Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra. (Trabalho original publicado em 1974).

Bardin, L. (2016). Análise de Conteúdo. (L. A. Reto & A. Pinheiro, trad.). São Paulo, SP: Edições 70.

Bion, W. R. (1970/ 1975). Experiências com grupos: Os fundamentos da psicoterapia de Grupo. In J. Salomão (Ed.). São Paulo, SP: Imago Editora LTDA.

Bolsson, J. Z. & Benetti, S. P. C. (2011). As Manifestações de Angústia e o Sintoma na Infância: Considerações Psicanalíticas. Revista Mal-estar e Subjetividade, 11(2), 555-589. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151861482011000200005.

Carlomagno, M. C. & Rocha, L. C (2016). Como criar e classificar categorias para fazer análise de conteúdo: uma questão metodológica. Revista eletrônica de Ciência e Política 7(1), 173-188. Recuperado de https://revistas.ufpr.br/politica/article/view/45771/28756.

Corso, D. L. & Corso, M. (2006). Fadas no Divã. In M.B. Canto (Eds.). Porto Alegre, RS: Artmed. (Trabalho original publicado em 2006).

Costa, A. M., Cadore, C., Lewis, M. S. R., Perrone, C. M. (2013), Oficina terapêutica de contos infantis no CAPSi: relato de uma experiência. Barbaroi, 1(38), 235-249. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-65782013000100013&lng=pt&tlng=pt.

Falconi, I. M. & Farago, A. C. (2015). Contos de Fadas: origem e contribuições para o desenvolvimento da criança. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, 2(1), 85-111. Recuperado em 20 de Novembro de 2020, de http://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/cadernodeeducacao/sumario/35/06042015200330.pdf

Fávero-Nunes, A. M. (2019). Formação na clínica: uma experiência inicial com crianças e famílias orientada pela Psicanálise. Semina: Ciências Sociais e Humanas, 40(1), 63-76. Recuperado em 02 de novembro de 2020, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-54432019000100005&lng=pt&tlng=pt.

Freitas, M.C. (2016). Psicoterapia de crianças: o brincar como método de tratamento psicanalítico. Multiciencia online, 1(1), 144-133. Recuperado de http://urisantiago.br/multicienciaonline/adm/upload/v2/n3/4158e04e9962931ffb580c9572b84a13.pdf

Kayser, T. D., Lopez, V. B. (2017). Os Contos de Fadas como Método de Projeções dos Conflitos Latentes em uma Criança Institucionalizada. Revista Ceapia, 26(1), 50-63. Recuperado de http://www.bivipsi.org/wp-content/uploads/Os_Contos_de_fada_como_m%C3%A9todo.pdf

Pinto, E. B. (2004), A pesquisa qualitativa em Psicologia Clínica. Psicologia USP, 15(1/2), 71-80. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/S0103-65642004000100012.

Sbardelotto, F. C. & Donelli, T. M. S. (2014). Entre bruxas e lobos: o uso dos contos de fadas na psicoterapia de grupo com crianças. Contextos Clínicos, 7(1), 37-48. Recuperado de https://dx.doi.org/10.4013/ctc.2014.71.04

Schneider, R. E. F., & Torossian, S. D. (2009). Contos de fadas: de sua origem à clínica contemporânea. Psicologia em Revista, 15(2), 132-148. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682009000200009

Segal, H. (1975). Reparação. In H. Segal, Introdução à obra de Melanie Klein (In J. C. Guimaraes, trad., pp. 105-116). Rio de Janeiro, RJ: Imago Editora LTDA. (Trabalho original publicado em 1973).

Silveira, C. A. B. (2008). As vivências de separação e o encerramento da psicoterapia de grupo: uma breve reflexão. SPAGESP, 9(1), 52-59. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702008000100009&lng=pt&tlng=pt.

Werlang, B. S. G., & Cunha, J. A. (1993). Avaliação da personalidade sob o enfoque projetivo. In J. A. Cunha (Org.). Psicodiagnóstico-R (pp. 123-129). Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

Zimerman, D. E. (2000). Fundamentos básicos das grupoterapias. In D. Paulsen (Ed.). Porto Alegre, RS: Artes Médicas Sul. (Trabalho original publicado em 1993).

Downloads

Publicado

2022-11-02

Como Citar

Moura, L. D., Rocha, T. A. B., & Salles, R. J. (2022). O papel dos contos de fadas no processo grupal com crianças em vulnerabilidade social. Psicologia Argumento, 40(111). https://doi.org/10.7213/psicolargum.40.111.AO04