Experiências laborais de catadores de materiais recicláveis de uma associação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum40.108.AO01

Palavras-chave:

trabalho, associação de trabalhadores, catadores de materiais recicláveis, precarização do trabalho, trajetória laboral.

Resumo

Em função do aumento dos resíduos sólidos urbanos e de contextos de desemprego, ganha corpo o número de catadores de materiais recicláveis na atualidade. Os catadores de materiais recicláveis representam uma ampla categorial laboral muitas vezes marginalizada, atravessada por preconceitos e estigmas, que carece de visibilidade e atenção de políticas públicas. A pesquisa objetivou compreender as trajetórias e experiências laborais de catadores de materiais recicláveis de uma associação. Foram entrevistados seis catadores de uma associação e os dados foram analisados através da análise de conteúdo. Os resultados mostraram que os catadores apresentam um discurso de satisfação com o trabalho que se contrapõe ao desejo de estar no mercado de trabalho formal e de ter a carteira assinada. Alguns problemas dificultam a organização da associação, como a falta de comprometimento e rotatividade dos membros. Pode-se concluir que a catação entra na vida dos sujeitos com vistas a atender uma necessidade imediata, qual seja a obtenção de renda para seu sustento, mas acaba se consolidando na vida dos sujeitos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Natalia Lopes Braga, Universidade de Fortaleza

Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (2009). Especialista em Psicologia Social e Comunitária (2013). Mestre (2015), Doutora (2019), Pós-doutoranda em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. Pós-graduanda em Moderna Educação pela PUC-RS. Professora Substituta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará. Membro do Laboratório de Estudos sobre o Trabalho (LET-Unifor). Assistente editorial da revista científica Subjetividades (Revista do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza), desde 2015. Pesquisadora trabalhando principalmente com os temas: Associações e cooperativas de trabalhadores, Economia solidária, Análise de Redes Sociais, Precarização do trabalho, Psicologia Social do Trabalho.

Regina Heloisa Maciel, Universidade de Fortaleza

Graduada em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1977), mestre em Applied Psychology Ergonomics - University of Wales Institute of Science and Techonology (1981) e doutora em Psicologia (Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo (1991). Atualmente coordena o Núcleo de Estudos sobre o Trabalho e o Laboratório de Estudos sobre o Trabalho (LET) do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UNIFOR. Editora da Revista Subjetividades. Possui experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Ergonomia, atuando principalmente nos seguintes temas: ergonomia, condições de trabalho, saúde do trabalhador, assédio moral no trabalho e burnout. 

Ana Cláudia Freire Barreto Lima, Universidade de Fortaleza

Mestrado em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (2018-2020) - Bolsista FEQ (Fundação Edson Queiroz). Graduação em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (2012.2-2018.1). Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq (Agosto 2017-Agosto 2018). Bolsista PIBIC/Funcap (Fevereiro 2017-Agosto 2017). Membro do LET - Laboratório de Estudos sobre Trabalho do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza. Investiga sobre os temas Voluntariado, Trabalho, Contemporaneidade, Tempo Livre e Envelhecimento.

Referências

Arcain, J. R., Lopes, M. O., Rigon, S. A., & Silva, M. Z. (2018). Condições de vida: trabalho, saúde e alimentação de catadores de material reciclável na região metropolitana de Curitiba. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 13(4), 1023-1039. https://doi.org/10.12957/demetra.2018.37509

Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Bosi, A. P. (2008). A organização capitalista do trabalho informal: O caso dos catadores de recicláveis. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 23(67), 101-116. http://dx.doi.org/10.1590/s0102-69092008000200008

Braga, N. L., Lima, D. M. A., & Maciel, R. H. (2015). “Não tinha trabalho, mas tinha reciclagem”: Sentidos do trabalho de catadores de materiais recicláveis. Temas em Psicologia, 23(4), 1051-1059. http://dx.doi.org/10.9788/TP2015.4-18

Braga, N. L, Lima, D. M. A., & Maciel, R. H. (2016). “Sobrevivendo só da misericórdia”: a vivência de catadores de materiais recicláveis. CES Psicología, 9(1), i-xiii.

Breakwell, G. M., Fife-Schaw, C., Hammon, S., & Smith, J.A. (2010). Métodos de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Artmed.

Carmo, M. S. F. (2008). A problematização do lixo e dos catadores: Estudos de caso múltiplos sobre políticas públicas sob uma perspectiva foucaultiana. Tese de Doutorado, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, SP, Brasil.

Coelho, A. P. F., Beck, C. L. C., Fernandes, M. N. D. S., Prestes, F. C., & Silva, R. M. D. (2016). Risco de adoecimento relacionado ao trabalho e estratégias defensivas de mulheres catadoras de materiais recicláveis. Escola Anna Nery, 20(3). https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160075

Coelho, A. P. F., Beck, C. L. C., Silva, R. M. D., Prestes, F. C., Camponogara, S., & Peserico, A. (2017). Satisfaction and dissatisfaction in the work of recyclable solid waste segregators: convergent-care research. Revista brasileira de enfermagem, 70(2), 384-391. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0325

Dagnino, R. D. S., & Johansen, I. C. (2017). Os Catadores no Brasil: características demográficas e socioeconômicas dos coletores de material reciclável, classificadores de resíduos e varredores a partir do censo demográfico de 2010. In Mercado de trabalho: conjuntura e análise (pp. 115-125). Brasília: IPEA.

Farias Filho, M. C. (2012). Rede de catadores de materiais recicláveis: Perspectivas para a organização da autogestão. Administração Pública e Gestão Social, 4(3), 341-364.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]. (2012). Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada [IPEA]. (2017). A Organização Coletiva de Catadores de Material Reciclável no Brasil: dilemas e potencialidades sob a ótica da economia solidária. Brasília: IPEA.

Lima, J. C. (2010). Participação, empreendedorismo e autogestão: Uma nova cultura do trabalho? Sociologias, 12(25), 158-198. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222010000300007

Lima, M. E. A., & Trindade, I. B. (2018). O sentido do trabalho no contexto da atividade do catador de material reciclável. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 21(1), 33-43. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v21i1p33-43

Lutinski, J. A., Neves, L. M., Quadros, S. O., Busato, M. A., & Ferraz, L. (2017). Catadores de materiais recicláveis: perfil social e riscos à saúde associados ao trabalho. Hygeia, 13(24), 162-174. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/hygeia/article/view/32351/20582

Maciel, R. H., Matos, T. G. R., Borsoi, I. C. F., Mendes, B. C., Siebra, P. T., & Mota, C. A. (2011). Precariedade do trabalho e da vida em catadores de recicláveis de Fortaleza, CE. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 63(no.spe.), 71-82.

Meireles, G. F. (2014). O mercado informal da gestão de resíduos: Entre refugos precarizantes e refugos precarizados. In J. R. M. Leite, & G. P. N. Belchior (Orgs.), Resíduos sólidos e políticas públicas: Diálogos entre universidade, poder público e empresa (pp. 105-124). Florianópolis: Insular.

Moura, L. R. D., Dias, S. L. F. G., & Junqueira, L. A. P. (2018). Um olhar sobre a saúde do catador de material reciclável: uma proposta de quadro analítico. Ambiente & Sociedade, 21. https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc0107r2vu18l1ao

Pochmann, M. (2009). O trabalho na crise econômica do Brasil: Primeiros sinais. Estudos avançados, 23(66), 41-52. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142009000200004

Santos, J. B. F. D., Maciel, R. H. M. O., & Matos, T. G. R. (2013). Reconquista da identidade de trabalhador por ex-detentos catadores de lixo. Caderno CRH, 26(68), 377-390.

Schneider, A. F., Costa, R. P., & Mesquita, M. A. (2017). A atividade dos catadores de materiais recicláveis no Brasil: uma revisão bibliográfica. ORG & DEMO, 18(2), 105-120. https://doi.org/10.36311/1519-0110.2017.v18n2.08.p105

Silva, P. L. C., Nazari, M. T., Hernandes, J. C., Corrêa, L. B., & Corrêa, É. K. (2018). Dificuldades enfrentadas no cotidiano de trabalho em cooperativas de triagem de material reciclável. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, 7(2), 355-369. http://dx.doi.org/10.19177/rgsa.v7e22018355-369

Silva, R. B., & Silva, R. M. A. (2018). Da crise institucional ao estado mínimo: o arrefecimento nas políticas públicas de inclusão socioeconômica de catadores e catadoras de materiais recicláveis. Mercado de trabalho, 65, 139-151..

Sousa, R. R., Pereira, R. D., & Calbino, D. (2019). Memórias do lixo: luta e resistência nas trajetórias de catadores de materiais recicláveis da Asmare. Revista Eletrônica de Administração (Porto Alegre), 25(3), 223-246.

Tavares, A. O. (2013). O trabalho dos catadores da associação Engenho do Lixo: Entre a necessidade econômica e o discurso da consciência ambiental. Cadernos Gestão Social, 4(1), 117-133.

Teixeira, K. M. D. (2015). Trabalho e perspectivas na percepção de catadores de materiais recicláveis. Psicologia & Sociedade, 27(1), 98-105. http://dx.doi.org/10.1590/1807-03102015v27n1p098

Torres, N. E. M., & Vega, C. J. M. (2013). Participación en organizaciones de base de un sector en el asentamiento humano Manchay del Distrito de Pachacamac. Revista Liberabit, 19(20), 259-275.

Downloads

Publicado

2022-01-21

Como Citar

Braga, N. L., Maciel, R. H., & Lima, A. C. F. B. (2022). Experiências laborais de catadores de materiais recicláveis de uma associação. Psicologia Argumento, 40(108). https://doi.org/10.7213/psicolargum40.108.AO01

Edição

v. 40 n. 108 (2022)

Seção

Artigos

Licença

Copyright (c) 2022 Editora Universitária Champagnat

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

O autor transfere, por meio de cessão, à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 76.659.820/0009-09, estabelecida na Rua Imaculada Conceição, n.º 1155, Prado Velho, CEP 80.215-901, na cidade de Curitiba/PR, os direitos abaixo especificados e se compromete a cumprir o que segue:

 

  1. Os autores afirmam que a obra/material é de sua autoria e assumem integral responsabilidade diante de terceiros, quer de natureza moral ou patrimonial, em razão de seu conteúdo, declarando, desde já, que a obra/material a ser entregue é original e não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual de terceiros.
  2. Os autores concordam em ceder de forma plena, total e definitiva os direitos patrimoniais da obra/material à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, a título gratuito e em caráter de exclusividade.
  3. A CESSIONÁRIA empregará a obra/material da forma como melhor lhe convier, de forma impressa e/ou on line, inclusive no site do periódico da EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, podendo utilizar, fruir e dispor do mesmo, no todo ou em parte, para:
  • Autorizar sua utilização por terceiros, como parte integrante de outras obras.
  • Editar, gravar e imprimir, quantas vezes forem necessárias.
  • Reproduzir em quantidades que julgar necessária, de forma tangível e intangível.
  • Adaptar, modificar, condensar, resumir, reduzir, compilar, ampliar, alterar, mixar com outros conteúdos, incluir imagens, gráficos, objetos digitais, infográficos e hyperlinks, ilustrar, diagramar, fracionar, atualizar e realizar quaisquer outras transformações, sendo necessária a participação ou autorização expressa dos autores.
  • Traduzir para qualquer idioma.
  • Incluir em fonograma ou produção audiovisual.
  • Distribuir.
  • Distribuir mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permite ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário.
  • Incluir e armazenar em banco de dados, físico, digital ou virtual, inclusive nuvem.
  • Comunicar direta e/ou indiretamente ao público.
  • Incluir em base de dados, arquivar em formato impresso, armazenar em computador, inclusive em sistema de nuvem, microfilmar e as demais formas de arquivamento do gênero;
  • Comercializar, divulgar, veicular, publicar etc.
  • Quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas. 
  1. Os autores concordam em conceder a cessão dos direitos da primeira publicação (ineditismo) à revista, licenciada sob a CREATIVE COMMONS ATTRIBUTION LICENSE, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria.
  2. Os autores autorizam a reprodução e a citação de seu trabalho em repositórios institucionais, página pessoal, trabalhos científicos, dentre outros, desde que a fonte seja citada.
  3. A presente cessão é válida para todo o território nacional e para o exterior.
  4. Este termo entra em vigor na data de sua assinatura e é firmado pelas partes em caráter irrevogável e irretratável, obrigando definitivamente as partes e seus sucessores a qualquer título.
  5. O não aceite do artigo, pela EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT, tornará automaticamente sem efeito a presente declaração.