Um estudo análogo ao forense em contexto brasileiro com o Protocolo de Entrevista Investigativa NICHD
DOI:
https://doi.org/10.7213/psicolargum39.105.AO07Palavras-chave:
Termo 1, Abuso sexual infantil, Termo 2, Oitiva de crianças, Termo 3, Protocolo NICHDResumo
O abuso sexual infantil é um problema de saúde pública, envolvendo questões sociais, jurídicas, médicas, educacionais e psicológicas. O presente estudo testou a aplicabilidade do Protocolo NICHD para a investigação de casos com suspeita de abuso sexual infantil. Trata-se de um estudo análogo ao forense e inédito no Brasil que tem como objetivos; 1) avaliar a acurácia das informações fornecidas pelas crianças, comparando-se entrevistas realizadas com um grupo de crianças que receberam o treino prévio da fase pré-substantiva do protocolo NICHD (GPS) a um grupo sem o treino da fase pré-substantiva (GC); e 2) verificar a proporção com que crianças nessas duas condições relataram, ter participado de um evento fictício. Foram entrevistadas 108 crianças (51 meninos e 57 meninas) em quatro escolas públicas do Estado de Mato Grosso a respeito de um evento encenado pelos pesquisadores. As informações foram tabuladas e codificadas para comparação com o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis e teste U de Mann-Whitney. Os resultados indicaram que a quantidade de perguntas para o GC foi significativamente maior do que para o GPS, denotando que devido à inexperiência dos entrevistadores e tempo curto de treinamento, não houve investimento suficiente na fase pré-substantiva, conforme recomendado. Contudo, os relatos incorretos a respeito do evento fictício foram significativamente mais frequentes no GC, sugerindo que o treino para a construção do rapport tenha sido eficaz para o preparo das crianças em resistir às perguntas sugestivas, corroborando a literatura sobre a habilidade de crianças em diferenciar verdades de mentiras.
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