Significações de viver com depressão na velhice
DOI:
https://doi.org/10.7213/psicolargum.39.104.AO03Palavras-chave:
depressão, psicologia, envelhecimento.Resumo
Este artigo objetiva analisar os sentidos atribuídos à vivência da depressão por idosos. Trata-se de uma pesquisa de campo, exploratória, descritiva, do tipo transversal e de abordagem qualitativa. Para a caracterização dos participantes foi utilizado um questionário sociodemográfico e para a coleta de dados foi utilizada a Entrevista Narrativa de Doença - McGill Illness Narrative Interview (MINI), entrevista semiestruturada, traduzida, adaptada e validada para o Brasil. Foram analisadas 8 narrativas segundo a metodologia Análise de Conteúdo (Bardin, 2011), e foram sistematizadas as seguintes categorias: (I) A depressão atrelada aos sentidos sociais, agrupando as narrativas que apontam o estigma deste adoecimento psíquico, sendo principalmente relacionando com a loucura; (II) Sentimentos vinculados a depressão e suas repercussões nos laços sociais, incluindo falas sobre a irritabilidade, desânimo e inibição, e necessidade do reconhecimento do outro em relação ao seu sofrimento; e (III) Depressão associada às perdas e lutos de uma vida, havendo associação entre a depressão na velhice como um acúmulo sucessivas perdas familiares. Considera-se que o sujeito idoso acometido pela depressão necessita ser escutado, considerando as possibilidades de ressignificar lutos e histórias de vida, para tanto a importância de um amparo subjetivo e social.
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