Acesso de Pessoas Trans à Saúde: uma Análise das Práticas de Profissionais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum.38.102.AO01

Palavras-chave:

Travesti, Transexual, Saúde, Estigmatização, SUS

Resumo

Para as pessoas trans, a estigmatização e discriminação, produzidas pelas normas regulatórias de gêneros, impossibilitam o acesso e comprometem a qualidade nos serviços públicos de saúde. Este artigo discute o atendimento e o direito à saúde integral, a partir de uma pesquisa qualitativa que buscou analisar as barreiras para o acesso dessa população nesses espaços. Foram realizadas entrevistas com profissionais da saúde pública de Curitiba/PR, abordando o conhecimento sobre transexualidades e travestilidades, políticas públicas de saúde para travestis e transexuais, e experiências de atendimento. Para a análise dos dados, foi utilizada a análise das práticas discursivas das/os profissionais por meio das categorias: aceitabilidade, acessibilidade, qualidade e disponibilidade. Observou-se que as normas regulatórias de gênero incidem na prática das políticas e no atendimento às pessoas trans, dificultando seu acesso aos serviços públicos de saúde.

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Biografia do Autor

Roberta Cristina Gobbi Baccarim, Professora do curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná

Mestre em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e Professora do curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná

Grazielle Tagliamento, Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná

Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná. Pesquisadora do NEPAIDS da USP. Coordenadora Educacional do Centro de Excelência em Gêneros e Sexualidades (CEGES).

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Publicado

2020-09-29

Como Citar

Baccarim, R. C. G., & Tagliamento, G. (2020). Acesso de Pessoas Trans à Saúde: uma Análise das Práticas de Profissionais. Psicologia Argumento, 38(102), 604–625. https://doi.org/10.7213/psicolargum.38.102.AO01

Edição

Seção

Artigos