Melhora do desempenho de leitura com o uso de lâminas espectrais: revisão sistemática e meta-análise

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum.36.93.AO05

Palavras-chave:

Síndrome de Irlen, Estresse visual, Leitura, Remediação da leitura, Intervenção precoce, Dificuldade de leitura

Resumo

As lâminas espectrais são importantes ferramentas para minimizar distorções visuoperceptuais durante a leitura, aumentar o conforto visual e a fluência do leitor. Objetivo: Realizar uma revisão sistemática de todos os estudos que verificaram a prevalência da população beneficiada com o uso das lâminas espectrais. Método: Todos os títulos e resumos dos 225 artigos completos, de 1980 a 2017, foram avaliados independentemente por dois autores. Da seleção final, 26 estudos sobre a prevalência do uso de lâminas espectrais foram lidos na íntegra. Resultados: 63% da população em geral informam melhora perceptual da qualidade do texto com o uso das lâminas. A prevalências por meio do uso prolongado da lâmina, por pelo menos dois meses, revela um índice de 30% da população geral. Por fim, sob uso de lâminas, 33% da população melhorou a velocidade de leitura, quantificada via Rate of Reading Test, tendo 18% apresentado ganhos de moderados a robustos.Os grupos clínicos que apresentam maior probabilidade de ganhos na velocidade de leitura com o uso da lâmina espectral são, respectivamente: Síndrome de Tourette, Esclerose Múltipla, Transtorno do Espectro Autista, Dificuldade de Leitura. Conclusão: grande proporção da população apresenta ganhos na qualidade visual com o uso das lâminas espectrais, sendo esses índices maiores nos transtornos com hiperexcitabilidade cortical.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Douglas de Araújo Vilhena, PPG em Psicologia: Cognição e Comportamento, Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurociências da Visão, Universidade Federal de Minas Gerais.

Doutorando na linha Neuropsicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Desenvolvimento Humano (Cognição e Linguagem) pela UFMG. Graduado em Psicologia pela UFMG com parte realizada na University of Leeds (Reino Unido). Tecnólogo em Química pelo CEFET-MG. Atualmente é coordenador do Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão (LAPAN), pesquisador do Laboratório de Processos Cognitivos (LabCog), revisor do site DislexiaBrasil e colaborador da Dyslexia International. Presidente do Congresso Brasileiro de Neurovisão (2015-atual) e Administrador Chefe do World Dyslexia Forum (2014-atual). Atua principalmente nos seguintes temas: processamento cognitivo, processamento neurovisual, linguagem oral, linguagem escrita, dislexia, testes de leitura.

Márcia Reis Guimarães, Hospital de Olhos de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialista em Oftalmologia pela Faculdade de Ciências Médicas, Mestre em Biologia Molecular pela Universidade de Paris-V, Doutora em Oftalmologia - área de Neuroftalmologia e Qualidade da Visão - pela UFMG. Fellowship em Patologia Ocular pelo Moorfields Eye Hospital de Londres (Inglaterra) e da Armed Forces Institute of Pathology - Walter Reed Military Hospital (Washington DC, USA). Ex-diretora da Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa. Atuou como Professora do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal de 1978 a 1995. Docente convidada da UNIFESP desde 1989 atuando como Coordenadora da Disciplina de Embriologia, Malformações e Histologia Ocular do Curso Ciências Básicas. Diretora Clínica, Chefe do Departamento de Neurovisão/DARV, e do Departamento de Distúrbios de Aprendizagem Relacionados a Visão do Hospital de Olhos de Minas Gerais. Diretoria Científica da Fundação Hospital de Olhos. 

Ricardo Queiroz Guimarães, Hospital de Olhos de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da UFMG, tendo sido monitor de Cirurgia durante os 3 anos. Especialização, residência Médica e Doutorado em Oftalmologia pela UFMG. Fellowship em Córnea e Doenças Externas pela Hospices Civils de Strasbourg, Moorfields Eye Hospital, Hotel Dieu de Paris e Georgetown University. Fundador, presidente e diretor técnico do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães e da Fundação Hospital de Olhos, Cônsul Honorário do Canadá, Diretor do Laboratório de Pesquisas Aplicadas a Neurovisão (LAPAN/UFMG), presidente do Comitê de Saúde da Americam Chamber of Commerce, professor convidado da UFMG, diretor da Associação Comercial de Minas e editor Médico da Revista Ocular Surgery News Latin America. Lidera a gestão da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH). 

Referências

Al-Heizan, M. O., AlAbdulwahab, S. S., Kachanathu, S. J., & Natho, M. (2015). Sensory processing dysfunction among Saudi children with and without autism. J Phys Ther Sci, 27(5), 1313-1316. doi: 10.1589/jpts.27.1313

Allen, P. M., Gilchrist, J. M., & Hollis, J. (2008). Use of visual search in the assessment of pattern-related visual stress (PRVS) and its alleviation by colored filters. Invest Ophthalmol Vis Sci, 49(9), 4210-4218. doi: 10.1167/iovs.07-1587

Bernal, M. (2011). Validación del método Irlen en escolares de 6 a 8 años, con trastornos de lectura. Universidad de Cuenca, Cuenca. Retrieved from http://dspace.ucuenca.edu.ec/handle/123456789/2213

Bouldoukian, J., Wilkins, A. J., & Evans, B. J. (2002). Randomised controlled trial of the effect of coloured overlays on the rate of reading of people with specific learning difficulties. Ophthalmic Physiol Opt, 22(1), 55-60.

Cermak, S. A., Curtin, C., & Bandini, L. G. (2010). Food selectivity and sensory sensitivity in children with autism spectrum disorders. J Am Diet Assoc, 110(2), 238-246. doi: 10.1016/j.jada.2009.10.032

Chase, C., Ashourzadeh, A., Kelly, C., Monfette, S., & Kinsey, K. (2003). Can the magnocellular pathway read? Evidence from studies of color. Vision Res, 43(10), 1211-1222. doi: http://dx.doi.org/10.1016/S0042-6989(03)00085-3

Croyle, L. (1998). Rate of reading, visual processing, colour and contrast. Aust J Learn Diffic, 3(3), 13-21. doi: 10.1080/19404159809546566

Evans, B. J., & Joseph, F. (2002). The effect of coloured filters on the rate of reading in an adult student population. Ophthalmic Physiol Opt, 22(6), 535-545.

Evans, B. J., Wilkins, A. J., Brown, J. A., Busby, A., Wingfield, A., Jeanes, R., & Bald, J. (1996). A preliminary investigation into the aetiology of Meares-Irlen syndrome. Ophthalmic Physiol Opt, 16(4), 286-296.

Garcia, A. C. O. (2016). Efeito das Lâminas Espectrais sobre Desempenho da Leitura em Escolares do Ensino Fundamental,Ano de Obtenção: 2016. (Mestrado), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil.

Garcia, A. C. O., Momensohn-Santos, T. M., & Vilhena, D. A. (2017). Effects of Spectral Overlays on Reading Performance of Brazilian Elementary School Children. Folia Phoniatrica et Logopaedica, 69(5-6), 219-225.

Hlengwa, N., Moonsamy, P., Ngwane, F., Nirghin, U., & Singh, S. (2017). The effect of color overlays on the reading ability of dyslexic children. Indian J Ophthalmol, 65(8), 772-773. doi: 10.4103/ijo.IJO_541_16

Hollingsworth, R. S., Ludlow, A. K., Wilkins, A. J., Calver, R. I., & Allen, P. M. (2015). Visual performance and the use of colored filters in children who are deaf. Optom Vis Sci, 92(6), 690-699. doi: 10.1097/OPX.0000000000000595

Hollis, J., & Allen, P. M. (2006). Screening for Meares-Irlen sensitivity in adults: can assessment methods predict changes in reading speed? Ophthalmic Physiol Opt, 26(6), 566-571. doi: 10.1111/j.1475-1313.2006.00401.x

Irlen, H., & Lass, M. J. (1989). Improving reading problems due to symptoms of Scotopic Sensitivity Syndrome using Irlen lenses and overlays. Education, 109(4), 413-417.

Jeanes, R., Busby, A., Martin, J., Lewis, E., Stevenson, N., Pointon, D., & Wilkins, A. J. (1997). Prolonged use of coloured overlays for classroom reading. Br J Psychol, 88 ( Pt 4), 531-548.

Kriss, I., & Evans, B. J. (2005). The relationship between dyslexia and Meares-Irlen Syndrome. J Res Read, 28(3), 350-364. doi: 10.1111/j.1467-9817.2005.00274.x

Kuhn, M., & Stahl, S. (2003). Fluency: A review of developmental and remedial practices. Journal of educational psychology, 95(1), 3-21.

Leão, D. M. P. (2018). Uso de Lâminas Espectrais por Alunos do Ensino Fundamental com Síndrome de Irlen no Município de Alfenas-MG. (Mestrado), Universidade Federal de Alfenas, UNIFAL-MG, Brasil.

Leekam, S. R., Nieto, C., Libby, S. J., Wing, L., & Gould, J. (2007). Describing the sensory abnormalities of children and adults with autism. J Autism Dev Disord, 37(5), 894-910. doi: 10.1007/s10803-006-0218-7

Ludlow, A. K., Taylor-Whiffen, E., & Wilkins, A. J. (2012). Coloured filters enhance the visual perception of social cues in children with autism spectrum disorders. ISRN Neurol, 2012, 298098. doi: 10.5402/2012/298098

Ludlow, A. K., Wilkins, A., & Heaton, P. (2008). Colored overlays enhance visual perceptual performance in children with autism spectrum disorders. Research in Autism Spectrum Disorders, 2(3), 498-515.

Ludlow, A. K., Wilkins, A. J., & Heaton, P. (2006). The effect of coloured overlays on reading ability in children with autism. J Autism Dev Disord, 36(4), 507-516. doi: 10.1007/s10803-006-0090-5

Ludlow, A. K., Wilkins, A. J., & Heaton, P. (2008). Colored overlays enhance visual perceptual performance in children with autism spectrum disorders. Research in Autism Spectrum Disorders, 2(3), 498-515.

Monger, L., Wilkins, A. J., & Allen, P. M. (2015). Identifying visual stress during a routine eye examination. Journal of Optometry, 8(2), 140-145. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.optom.2014.10.001

Newman Wright, B., Wilkins, A., & Zoukos, Y. (2007). Spectral filters can improve reading and visual search in patients with multiple sclerosis. J Neurol, 254(12), 1729-1735. doi: 10.1007/s00415-007-0648-y

Nichols, S. A., McLeod, J. S., Holder, R. L., & McLeod, H. S. (2009). Screening for dyslexia, dyspraxia and Meares-Irlen syndrome in higher education. Dyslexia, 15(1), 42-60. doi: 10.1002/dys.382

Northway, N. (2003). Predicting the continued use of overlays in school children--a comparison of the Developmental Eye Movement test and the Rate of Reading test. Ophthalmic Physiol Opt, 23(5), 457-464.

Ritchie, S. J., Della Sala, S., & McIntosh, R. D. (2011). Irlen colored overlays do not alleviate reading difficulties. Pediatrics, 128(4), e932-938. doi: 10.1542/peds.2011-0314

Scott, L., McWhinnie, H., Taylor, L., Stevenson, N., Irons, P., Lewis, E., . . . Wilkins, A. J. (2002). Coloured overlays in schools: orthoptic and optometric findings. Ophthalmic Physiol Opt, 22(2), 156-165.

Singleton, C., & Henderson, L.-M. (2007a). Computerised screening for visual stress in reading. J Res Read, 30(3), 316-331. doi: 10.1111/j.1467-9817.2007.00341.x

Singleton, C., & Henderson, L.-M. (2007b). Computerized screening for visual stress in children with dyslexia. Dyslexia, 13(2), 130-151. doi: 10.1002/dys.329

Solan, H. A., Ficarra, A., Brannan, J. R., & Rucker, F. (1998). Eye movement efficiency in normal and reading disabled elementary school children: effects of varying luminance and wavelength. J Am Optom Assoc, 69(7), 455-464.

Stein, J., & Walsh, V. (1997). To see but not to read; the magnocellular theory of dyslexia. Trends Neurosci, 20(4), 147-152.

Tyrrell, R., Holland, K., Dennis, D., & Wilkins, A. J. (1995). Coloured overlays, visual discomfort, visual search and classroom reading. Journal of Research in Reading, 18(1), 10-23. doi: 10.1111/j.1467-9817.1995.tb00064.x

Whichard, J. A., Feller, R. W., & Kastner, R. (2000). The Incidence of Scotopic Sensitivity Syndrome In Colorado Inmates. Journal of Correctional Education, 51(3), 294-299.

Whitaker, L., Jones, C. R. G., Wilkins, A. J., & Roberson, D. (2016). Judging the Intensity of Emotional Expression in Faces: the Effects of Colored Tints on Individuals With Autism Spectrum Disorder. Autism Research, 9(4), 450-459. doi: doi:10.1002/aur.1506

Wilkins, A. J. (1994). Overlays for classroom and optometric use. Ophthalmic Physiol Opt, 14(1), 97-99.

Wilkins, A. J. (1995). Visual stress. Oxford ; New York: Oxford University Press.

Wilkins, A. J., Jeanes, R. J., Pumfrey, P. D., & Laskier, M. (1996). Rate of Reading Test: its reliability, and its validity in the assessment of the effects of coloured overlays. Ophthalmic Physiol Opt, 16(6), 491-497. doi: 10.1046/j.1475-1313.1996.96000282.x

Wilkins, A. J., & Lewis, E. (1999). Coloured overlays, text, and texture. Perception, 28(5), 641-650.

Wilkins, A. J., Lewis, E., Smith, F., Rowland, E., & Tweedie, W. (2001). Coloured overlays and their benefit for reading. J Res Read, 24(1), 41-64. doi: 10.1111/1467-9817.00132

Williams, M. C., Lecluyse, K., & Rock-Faucheux, A. (1992). Effective interventions for reading disability. J Am Optom Assoc, 63(6), 411-417.

Downloads

Publicado

2019-11-22

Como Citar

Vilhena, D. de A., Guimarães, M. R., & Guimarães, R. Q. (2019). Melhora do desempenho de leitura com o uso de lâminas espectrais: revisão sistemática e meta-análise. Psicologia Argumento, 36(93), 343–361. https://doi.org/10.7213/psicolargum.36.93.AO05

Edição

Seção

Artigos