Da indiferença e da aporofobia à hospitalidade: uma reflexão antropológica diante da crise migratória

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/2175-1838.12.001.DS01

Palavras-chave:

Aporofobia, hospitalidade, migrantes, refugiados

Resumo

A crise migratória adquire contornos dramáticos e universais nos dias de hoje, em que o sofrimento de milhões de pessoas contrasta com a indiferença, o fechamento e o ódio diante dos migrantes e refugiados. O tema adquire relevância para a Igreja e a sociedade com a tomada de posição firme e solidária do Papa Francisco em defesa dos refugiados e seus direitos. Dentre as causas da indiferença e do ódio aos migrantes e refugiados ressaltamos a aporofobia, ou rejeição aos pobres, segundo a filósofa Adela Cortina, e a insegurança existencial, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman. Na tradição judaico-cristã, a relação com o migrante e o refugiado passa pela hospitalidade. Fiel a esta tradição, Francisco realiza o apelo a novas lógicas de desenvolvimento e a nova atitude diante daqueles que buscam oportunidades de vida. Em resposta a estes apelos, uma espiritualidade hospitaleira deverá ser de abertura, superação do sentimento aporófobo e de rejeição, escuta e aproximação de horizontes.

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Biografia do Autor

Lúcia Pedrosa-Pádua, PUC-Rio

Lúcia Pedrosa-Pádua é Dra. em Teologia Sistemático-pastoral (PUC-Rio, Bolsa CAPES no Centro Internacional de Estudos Teresiano-Sanjuanistas de Ávila – CITeS), graduada em Teologia pela FAJE e em Economia pela UFMG. Atua no departamento de teologia na PUC-Rio como professora e pesquisadora nas áreas de Antropologia Teológica, Mística (especialmente de Santa Teresa de Ávila) e Mariologia. E-mail: [email protected].

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Publicado

2020-05-14

Como Citar

Pedrosa-Pádua, L. (2020). Da indiferença e da aporofobia à hospitalidade: uma reflexão antropológica diante da crise migratória. Revista Pistis & Praxis, 12(1). https://doi.org/10.7213/2175-1838.12.001.DS01