Freud e sua genealogia: implicações para a clínica do religioso
DOI:
https://doi.org/10.7213/pp.v3i2.13208Palavras-chave:
Freud, Michel Henry, Psicanálise, Religião, Genealogia da psicanálise.Resumo
O presente texto aborda a genealogia do pensamento freudiano e sua influência sobre a abordagem do sentimento religioso. Para isso, parte da genealogia da psicanálise e a concebe como dupla: greco-ocidental e hebraica. Com Michel Henry, a herança ocidental é relacionada a seus fundamentos em Galileu e Descartes – a crítica henryana aos rumos do pensamento ocidental aponta efeitos da redução galileana que, pelo monismo ontológico, apenas considera verdadeiro o que é passível de ser representado ou visualizado. Insuficiente para a compreensão da condição humana, essa visão tem implicações antropológicas e clínicas, com o risco de distanciamento da dimensão afetiva e por conseguinte da própria vida. Henry propõe o dualismo do aparecer e a inversão do método fenomenológico para abarcar a fenomenalização da vida que se doa como afeto na imanência. A genealogia hebraica da psicanálise, por sua vez, contrapõe-se a esse rumo e, com a ênfase no irrepresentável e na multiplicidade semântica, influencia a clínica e a escuta psicanalítica na direção do afeto, o que é também reforçado por psicanalistas contemporâneos. Esse processo, por sua vez, abre caminho para o diálogo com a fenomenologia da Vida e suas contribuições para a clínica. Como concebe a vida em sua aparição originariamente afetiva, também aprofunda a abordagem clínica do sagrado.
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