O Apocalipse de João e a interpretação cosmológica do mundo romano
Resumo
O Apocalipse de João é uma obra instigante. Sua linguagem cheia de violência, com monstros aterrorizantes, pessoas clamando por justiça, anúncios de mortes e desespero, em um quadro de espetáculos celestes, fascina os que gostam de ficção e alimenta a esperança dos que esperam um dia entrar na Nova Jerusalém, onde não haverá mar nem morte, quando as lágrimas serão enxugadas. Contudo, o livro do Apocalipse será lido como uma narração da realidade. Nesse sentido, o texto não é visto como reflexo de qualquer opressão, mas construção discursiva a respeito do sistema que, para o visionário, é a negação da ordem. Assim sendo, a tese defende o terror como instrumento de persuasão, o qual serviu, na estratégia do visionário, para descrever o seu contexto como realidade caótica. Por meio de estratégias narrativas, o narrador deseja que sua visão seja levada a sério e que seus interlocutores aceitem a sua interpretação da realidade, deixando a associação com a vida e sistema romanos, pois se assim procederem serão comparados aos selados e receberão as mesmas recompensas. Dessa maneira, sua descrição com linguagem escatológica joga com o futuro e com o presente; prevê o caos, mas o vive em nível narrativo. Por isso o livro do Apocalipse, com um dualismo extremamente radical, não dá espaços para dúvidas.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ADRIANO FILHO, J. Caos e recriação do cosmos: a percepção do Apocalipse de João. Ribla, n. 34, 1999.
ARNDT, W.; DANKER, F. W.; BAUER, W. A Greek-English Lexicon of the New
Testament and Other Early Christian Literature. Based on Walter Bauer’s Griechisch-deutsches Worterbuch zu den Schriften des Neuen Testaments und der frhchristlichen Literatur. Chicago: The University of Chicago Press, 2000.
AUNE, D. E. Revelation 6-16. Dallas: Thomas Nelson, 1998. (Word Biblical Commentary 52B).
CAREY, G.; BLOOMQUIST, G. L. (Ed.). Vision and Persuasion: Rhetorical Dimensions of Apocalyptic Discourse. St. Louis: Chalice, 1999.
COLLINS, A. The Combat Myth in the Book of Revelation. Eugene: Wipf and Stock Publishers, 2001.
COLLINS, J. Pseudonymity, Historical Reviews and the Genre of the Revelation of John. Catholic Biblical Quarterly, v. 39, n. 3, p. 329-343, Jul. 1977.
DUFF, P. Who Rides the Best? Oxford: Oxford University Press, 2011.
FIORENZA, E. S. The Book of Revelation: Justice and Judgment. 2. ed. Minneapolis: Fortress Press, 1998.
FIORENZA, E. S. Babylon the Great: A Rhetorical-Political Reading of Revelation 17-18. In: BARR, D. L. (Ed.). Reading the Book of Revelation. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2003. p. 243-269.
FRILINGOS, C. A. Spectacles of Empire: Monsters, Martyrs, and the Book of Revelation. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2004.
GRAULUND, R.; EDWARD, D. J. The Grotesque. London; New York: Routledge, 2013. (The New Critical Idiom).
HANSON, P. The Dawn of Apocalyptic: The Historical and Sociological Roots of
Jewish Apocalyptic Eschatology. Philadelphia: Fortress Press, 1983.
KITTEL, G.; FRIEDRICH, G.; BROMILEY, G. W. (Ed.). TDNT. Grand Rapids: W. B. Eerdmans, 1995. v. 4.
MESTERS, C.; OROFINO, F. O Apocalipse de São João: a teimosia da fé dos pequenos. Petrópolis: Vozes, 2002.
NEWSOM, C. A. The Development of 1 Enoch 6-19: Cosmology and Judgment. The Catholic Biblical Quarterly, n. 42, p. 310-329, 1980.
NOGUEIRA, P. A. de S. Imagens de violência no Apocalipse de João: os demônios-soldados de Apocalipse 9. In: NOGUEIRA, P. A. de S. Experiência religiosa e crítica social no cristianismo primitivo. São Paulo: Paulinas, 2003.
PEERBOLTE, L. J. L. The Antecedents of Antichrist: A Traditio-Historical Study of the Earliest Christian Views on Eschatological Opponents. Leiden; New York; Köln: E. J. Brill, 1996. p. 144-166.
RICHARD, P. Apocalipse: reconstrução da esperança. Petrópolis: Vozes, 1996.
ROLOFF, J. The Revelation of John: A Continental Commentary. Minneapolis: Fortress Press, 1993.
ROWLAND, C.; MORRAY-JONES, C. The mystery of God. Leiden/Boston: Brill, 2009.
ROWLAND, C. The open Heaven: A study of Apocalyptic in the Judaism and Early Christianism. London: SPCK, 1982.
STEVEN, J. F. The Beast from the Land: Revelation 13:11-18 and Social Setting. In: BARR, D. L. (Ed.). Reading the Book of Revelation. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2003. p. 49-64.
THOMPSON, L. L. A Sociological Analysis of Tribulation in the Apocalypse of John. Semeia, n. 36, p. 147-174, 1986.
THOMPSON, L. L. Ordinary Lives: John and his First Readers. In: BARR, D. L. (Ed.). Reading the Book of Revelation. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2003.
THOMPSON, L. L. The Book of Revelation: Apocalypse and Empire. New York: Oxford University Press, 1990.
DOI: http://dx.doi.org/10.7213//2175-1838.09.003.AO03
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2017 Editora Universitária Champagnat

Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.