A pesquisa microbiológica na “Revolução Molecular”

Autores

  • Edvaldo Antonio Ribeiro Rosa

DOI:

https://doi.org/10.7213/reb.v27i59.21913

Resumo

No decorrer das últimas duas décadas, os microbiologistas têm observado atentamente a instala- ção de uma nova área, que acaba por permear todas as outras já existentes dentro da Microbiologia. Estamos falando da emergência da Biologia Molecular, que alguns defendem como sendo uma scientia novae, outros como sendo uma subárea da Bioquímica que se concentraria na manipulação de ácidos nucléicos. Distante dessa discussão acadêmica, o fato é que ela veio para ficar e, de fato, tem permitido um avanço sem precedentes no entendimento de um sem-número de fenômenos associados à dispersão clonal de patógenos, à relação parasita-hospedeiro, à produção de bio-fármacos e probióticos, à organização sistemática das espécies, dentre outros. ##Para se ter uma idéia da penetração da Biologia Molecular na Microbiologia, recentemente bus- quei avaliar quantos artigos descreviam o uso de alguma técnica envolvendo a manipulação de ácidos nucléicos, dentro da totalidade de artigos publicados em um mês, em três periódicos da Sociedade Ame- ricana de Microbiologia especializados em pesquisa básica envolvendo suas três maiores áreas, a saber, a Bacteriologia [Journal of Bacteriology, 187(1), Jan. 2005], a Micologia [Eukaryotic Cell, 4(1), Jan. 2005] e a Virologia [Journal of Virology, 79(1), Jan. 2005]. Para minha surpresa, a participação percentual de artigos que faziam alusão à genômica, proteômica ou transcriptômica no total de artigos publicados nos três periódicos ficou muito além de qualquer expectativa, com 94,8% (37/39) no Journal of Bacteriology, 95,6% (22/23) no Eukaryotic Cell e 86,7% (59/68) no Journal of Virology. Isso para não mencionar o fato de que o periódico de maior fator de impacto dentro da Microbiologia (17,037 de acordo com o Journal of Citation Reports, 2004), o Microbiology Reviews, passou a ser chamado de Microbiology and Molecular Biology Reviews, a partir de sua sexagésima primeira edição, em março de 1997. ##Para aqueles que enveredaram no estudo dos seres microscópicos, é patente a conclusão de que muito em breve, além dos queimadores de Bunsen e estufas incubadoras, o laboratório de Microbiologia deverá comportar, ainda, termocicladores para PCR e cubas e fontes para eletroforese, dentre outros. Termos como oligos, probes mRNA e “PCR em tempo real” hão de se tornar tão triviais quanto Muller- Hinton Agar, alça calibrada ou “halo de inibição”. ##A princípio, o microbiologista iniciante pode incorrer no erro do deslumbramento generalizado e o microbiologista experiente pode temer não compreender a aplicabilidade das ferramentas moleculares. Mas, com a penetração cada dia mais profunda da BioMol (como já vem sendo chamada por muitos) na Microbiologia, aliada à maior acessibilidade às técnicas, em breve todo microbiologista certamente será também um biologista molecular (ou bioquímico). ##Se fossem vivos, o que diriam os grandes mestres Pasteur, Koch, Erlich ou Roux? Particularmente, eu creio que eles diriam: “Ah!!! Se no meu tempo existisse isso.

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Publicado

2005-11-24

Como Citar

Rosa, E. A. R. (2005). A pesquisa microbiológica na “Revolução Molecular”. Estudos De Biologia, 27(59). https://doi.org/10.7213/reb.v27i59.21913

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Carta ao Editor