Demolições, debates e tentativas de preservação: aproximações a partir dos casos de Salvador e Recife (1910-1930)
Resumo
Os chamados “eventos de demolição” constituem uma das expressões mais dramáticas e tensionadas das reformas que marcaram os processos de modernização urbana porque passaram por várias cidades brasileiras, na virada para o século XX. Mais do que os projetos de futuro e as visões de progresso per se, as forças demolidoras permitem indagar e analisar representações em disputa e leituras da cidade, da paisagem e do passado. Permitem também evidenciar e discutir interesses políticos, econômicos e culturais, além de estranhamentos, espantos, lamentos, vozes dissonantes, que expressam certo sentido de tradição e mesmo, pode-se dizer, de preservação. Assim, este artigo aborda casos de demolição em Recife e Salvador dos anos 1910, considerando, por um lado, o contexto mais amplo das reformas urbanas e, por outro, os esforços de criação dos serviços estaduais de proteção aos monumentos nos anos 1920. Para tanto, mobilizamos diversas fontes primárias (matérias de diversos periódicos, fotografias, relatórios oficiais, entre outros), para identificar e discutir falas de agentes sociais, mudanças de palavras, imagens, significados e argumentos inseridos num debate aberto e indefinido sobre a herança da paisagem e estrutura urbana do passado colonial.
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