Santarém: o ponto de partida para o (ou de retorno) urbano utopia

Autori

  • Taynara do Vale Gomes Faculdade Faci Wyden, Belém-PA
  • Ana Cláudia Duarte Cardoso Universidade Federal do Pará, Belém-PA

Parole chiave:

Diversidade socioespacial, Santarém, Amazônia, urbanização extensiva, urbano utopia

Abstract

Este artigo discute o progressivo descolamento observado entre cidade, urbano, rural e natureza em contexto amazônico. Partiu-se da geo-história, abordagem lefebvriana de análise da formação espacial, do sítio de Santarém (PA) e adjacências, para explicitar a natureza híbrida de um tecido urbano extensivo, formado por tipologias urbanas descontínuas (cidade e vilas), periurbanas (comunidades e assentamentos) e rurais (campo de soja, floresta e comunidades extrativistas), segundo arranjos socioespaciais herdeiros de diferentes matrizes culturais. A partir da revisão de literatura, da análise de cartografia histórica e de dados digitais, observa-se que o urbano, orientado por processos globais e pelo interesse econômico, nega e desestrutura territórios, nos quais a sociobiodiversidade e as práticas desenvolvidas ao longo dos séculos são portadoras de potencial reconciliação entre urbano e natureza, bem como valiosas em contexto de mudanças climáticas. O estudo detalha a análise para a mancha urbana da cidade de Santarém, assumida como um amálgama que espelha a diversidade socioespacial da região e que melhor ilustra a forma como a concepção hegemônica de cidade, aplicada ao urbano periférico amazônico, tem distanciado Santarém do potencial de expressar o urbano utopia, o qual será capaz de resgatar a indissociabilidade de pessoas, biodiversidade, solo e água, que já vem sendo manifestada há séculos na Amazônia.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Riferimenti bibliografici

Araújo, T. B. (2000). A experiência de planejamento regional no Brasil. In T.B. Araújo. Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro: Heranças e urgências. (p. 17-24). Rio de Janeiro: Editora Revan.

Becker, B. (1998) Amazônia. São Paulo: Ática.

Becker, B. (2013). A urbe amazônida: a floresta e a cidade. Rio de Janeiro: Garamond Universitária.

Boff, L. (2011). Bem-Vindo ao Antropoceno. Disponível em: http://www.revistaplaneta.com.br/bem-vindo-ao-antropoceno/ Acesso em Agosto de 2017.

Brenner, N., Schmid, C. (2015). Combat, Caricature & Critique in the Study of Planetary Urbanization. Urban Theory Lab, Graduate School of Design, Harvard University. Recuperado em 10 de maio de 2017, de http://www.soziologie.arch.ethz.ch/_DATA/90/BrennerSchmid2.pdf .

Cardoso, A. C., Gomes, T. V., Melo, A. C. C. (2017). Tracking Variants of Urbanisation in the Eastern Amazonian Region through the Spatial Transformation Patterns in Six Cities of Pará, Brazil. Trialog Journal, 3 (122), 19-23.

Cardoso, A. C., Ventura Neto, R. (2013). A evolução urbana de Belém: trajetórias de ambiguidades e conflitos socioambientais. Cadernos Metropóle, 15 (29), 55-75.

Conzen, M. P. (2009). How cities internalize their former urban fringes: a cross-cultural comparison. Urban Morphology 13, 29-54.

Conzen, M. R. G. (1960). Alnwick, Northumberland: a study in town-plan analysis. Institute of British Geographers Publication 27. London: George Philip.

Conzen, M. R. G. (1988). Morphogenesis, morphological regions and secular human agency in the historic townscape, as exemplified by Ludlow. Denecke, D., Shaw, G. (eds.) Urban historical geography (255-261). Cambridge: Cambridge University Press.

Correa, R. L. (1987). A periodização da rede urbana da Amazônia. Revista brasileira de geografia/ Fundação Instituto Brasileito de Geografia e Estatística, 49 (3), 39-68.

Costa, T. (2014). Santarém: mudanças e permanências na relação cidade-rio na Amazônia. Belém: NAEA.

Gimmler Netto, M., Costa, S. (2016). Como compreender as cidades?. Revista de Morfologia Urbana, 4 (2), 115-117.

Gonçalves, C. (2017). Regiões, cidades e comunidades resilientes: novos princípios de desenvolvimento. Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, 2017 9(2), 371-385.

Hardt, M., Negri, A. (2004). Império. Rio de Janeiro: Record.

Hardt, M., Negri, A. (2016). Bem estar comum. Rio de Janeiro: Record.

Harvey, D. (2011). O enigma do capital: e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo.

Heckenberger et al (2016). As cidades perdidas da Amazônia: A floresta tropical amazônica não é tão selvagem quanto parece. Recuperado em 14 de agosto de 2017, de http://www2.uol.com.br/sciam/ reportagens/as_cidades_perdidas_da_amazonia.html

Heckenberger, M. (2005). The Ecology of Power. Culture, Place and Personhood in Southern Amazon, AD 1000-200. London/ New York: Routledge

Lamas, J. (2004). Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Ed. Fundação Calouste Gulbenkian.

Lefebvre, H. (1999). A revolução urbana. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Lefebvre, H. (2008). Espaço e política. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Loureiro, V. (2002). Amazônia: uma história de perdas e danos, um futuro a (re)construir. In: Revista Estudos Avançados, 16 (45), 107-121.

Ministério do Meio Ambiente – MMA (2015). Geocatálogo – agosto de 2015. [Imagem digital de satélite]. Disponível em:http://geocatalogo.mma.gov.br/>. Acesso em: 20 Jun. 2016.

Monte-Mór, R. (1994). Urbanização extensiva e lógicas de povoamento: um olhar ambiental. In M. Santos et al. (Org.). Território, globalização e fragmentação (1ªed., p.169-181). São Paulo: Hucitec/Anpur.

Monte-Mór, R. (2006). O que é o urbano, no mundo contemporâneo. Revista Paranaense de Desenvolvimento. Curitiba, 2 (111), 09-18.

Monte-Mór, R. (2014). Extended Urbanization and Settlemente Patterns: An Environmental Approach. In N. Brenner. (Ed.), Implosion/Explosion: towards a study of planetary urbanization (1ªed., p.109-120). Berlim: Jovis.

Monte-Mór, R. (2015). Urbanização, Sustentabilidade, Desenvolvimento: complexidades e diversidades contemporâneas na produção urbano. In G. Costa; H. Costa; R. Monte-Mór (eds.) Teorias e Práticas Urbanas: condições para a sociedade urbana (11ªed., p.55-70). Belo Horizonte: C/Arte.

Moudon, A. V. (1997). Urban morphology as an emerging interdisciplinary field. Journal of the International Seminar on Urban Form, 1(1), 3-10.

Muniz, P. (1904). Patrimônios dos conselhos municipaes do Estado do Pará. Lisboa: Aillaud & Cia.

Muratori, S. (1963) Architettura e civiltà in crisi. Centro Studi di Storia Urbanistica. Roma.

Muratori, S. (1967) Civilità e território. Centro Studi di Storia Urbanistica. Roma.

Neves, E. (2015). A cidade de todos os tempos. National Geographic (24).

Oliveira. V. (2018) (ed.) Diferentes abordagens em morfologia urbana. Contributos luso-brasileiros. E-book, disponível em www.vitoroliveira.fe.up.pt, acesso em 10/05/2018.

Pará (2012, 18 de janeiro). Lei complementar nº 79, de 17 de janeiro de 2012. Estabelece a criação da Região Metropolitana de Santarém: Diário Oficial do Estado do Pará. Seção 1.

Pereira, J. (2016). Indígenas na metrópole: lutas multiétnicas e identidade coletiva na cidade de Manaus (AM). Palestra ministrada no dia 23 de junho. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Pará.

Prefeitura Municipal de Santarém – PMS (2015). Base cartográfica (sistema de ruas e topografia). Arquivo digital. Cedido aos autores em fevereiro de 2016.

Roosevelt, A. (1992). Arqueologia Amazônica. In M. Carneiro da Cunha (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das letras.

Roosevelt, A. (2009). A historical memoir of archaeological research in Brazil (1981 – 2007). Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi 4(1), 155-170.

Soja, E. (2000). Postmetropolis: critical studies of cities and regions. Oxford: Backwell.

Tavares, H. M. (2001). Políticas de desenvolvimento regional nos países do “centro” e no Brasil. Cadernos IPPUR Planejamento e território: ensaios sobre a desigualdade, 15(2), 229-248.

Ventura Neto, R. da S. (2012). Circuito Imobiliário e a cidade: O espaço intra-urbano de Belém entre alianças de classes e dinâmicas de acumulação (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Pará, Belém.

Weimer, G. (2012). Arquitetura Popular Brasileira. São Paulo: Martins Fontes.

Weimer, G. (2014). Inter-relações afro-brasileiras na arquitetura. Porto Alegre: EDIPUCRS.

Pubblicato

2019-05-14

Come citare

Gomes, T. do V., & Cardoso, A. C. D. (2019). Santarém: o ponto de partida para o (ou de retorno) urbano utopia. Revista Brasileira De Gestão Urbana, 11. Recuperato da https://periodicos.pucpr.br/Urbe/article/view/23954

Fascicolo

Sezione

Artigos