Fatores espaciais da ocorrência criminal: modelo estruturador para a análise de evidências empíricas

Auteurs

  • Mariana Soares Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil,
  • Renato Tibiriçá de Saboya Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil,

Mots-clés :

Ocorrência de crimes, ambiente construído, fatores espaciais, prevenção ao crime, desenho urbano.

Résumé

A grande quantidade de estudos sobre a relação entre os fatores espaciais e a ocorrência de crimes resultou em um quadro de fragmentação que dificulta uma visão integrada de quais são esses fatores e de quão robusta são as evidências sobre a influência de cada um deles, bem como de quais são as múltiplas interações de um mesmo fator em diferentes fases do ato criminal. Para preencher essa lacuna, é proposto um modelo da relação entre o ambiente construído e a ocorrência de crimes que estrutura e explicita essas interações hipotéticas e delineia uma série de fatores intermediadores que ajudam a explicar as conexões causais entre eles e os crimes. O modelo propriamente dito é estruturado em três níveis: as quatro etapas da ocorrência criminal (seleção do alvo, aceso ao alvo, execução do crime e fuga), os fatores intermediadores e os aspectos físico-espaciais. Realizou-se uma extensa revisão de literatura em busca de evidências empíricas que permitissem estimar com maior confiança as relações delineadas, e então foram discutidas suas implicações e levantados alguns dilemas sobre conexões causais potencialmente conflitantes reveladas pelo modelo. Como resultados adicionais, apontam-se alguns aspectos sobre os quais as incertezas ainda são significativas, indicando possíveis focos para estudos futuros.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

Anderson, J., MacDonald, J., Bluthenthal, R., & Ashwood, J. S. (2013). Reducing Crime by Shaping the Built Environment with Zoning: An Empirical Study of Los Angeles. University of Pennsylvania Law Review, 161(3), 699–756.

Armitage, R., Smyth, G., & Pease, K. Burnley. (1999). CCTV evaluation. In Painter, K.; Tilley, N. (Eds), Surveillance of Public Space: CCTV, Street Lighting and Crime Prevention. Crime Prevention Studies, v. 10, Criminal Justice Press, Monsey, NY.

Barause, L. (2017). Espaço urbano, uso do solo e criminalidade: Forma da cidade e ocorrência de crimes na Área Conurbada de Florianópolis.Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - PósArq - UFSC. UFSC, Florianópolis, SC.

Batella, W. B., & Diniz, A. M. A. (2010) Análise espacial dos condicionantes da criminalidade violenta no estado de Minas Gerais. Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 22, n. 1, p. 151-163, abr.

Battin, J. R., & Crowl, J. N. (2017). Urban sprawl, population density, and crime: an examination of contemporary migration trends and crime in suburban and rural neighborhoods. Crime Prevention and Community Safety, 19(2), 136–150. https://doi.org/10.1057/s41300-017-0020-9

Bondaruk, R. L. (2007). A prevenção do crime através do Desenho Urbano. Curitiba: Edição do autor.

Brantingham, P. J., & Brantingham, P.L. (1981). Environmental criminology. Beverly Hills, CA: Sage Publications.

Brown, B. (1995). CCTV in Town Centres: Three Case Studies. Police Research Group Crime Detection and Prevention Series Paper 68, HMSO, London.

Burton, E., & Mitchell, L. (2006). Inclusive urban design: Streets for life. Oxford: Architectural Press.

Caldeira, T. P. do R. (2000). Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo (1. ed). São Paulo: Ed. 34.

Canter, D. (2003) Mapping murder: The secrets of geographical profiling. London: Virgin. Books.

Carpaneda, L. V. (2008). Contribuições para o desenho de espaços seguros: um estudo de caso nas Superquadras do Plano Piloto de Brasília. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.

Clarke, R.V., & Eck, J. (2003). Become a Problem-solving Crime Analyst: In 55 Small Steps. London: Jill Dando Institute of Crime Science, UCL.

Clarke, R.V., Field, S., & Mcgrath, G. (1991). Target hardening of banks in Australia and displacement of robberies. Security Journal, v. 2, n. 1.

Cohen, L. E., & Felson, M. (1979). Social Change and Crime Rate Trends: A Routine Activity Approach. American Sociological Review, 44(4), 588–608. https://doi.org/10.2307/2094589

Cook, P. J. (1986). The demand and supply of criminal opportunities. Crime and Justice: An Annual Review of Research 7:1–27.

Cozens, P. M., Saville, G., & Hillier, D. (2005). Crime prevention through environmental design (CPTED): a review and modern bibliography. Property Management, 23(5), 328–356. https://doi.org/10.1108/02637470510631483

Cozens, P.M. (2011). Urban Planning and Environmental Criminology: Towards a New Perspective for Safer Cities. Planning Practice and Research, v. 26, n. 4.

Dovey, K. (1998). Safety and danger in urban design. Conference Safer Communities: Strategic Directions in Urban Planning. Australian Institute of Criminology & Victorian Community Council Against Violence, Melbourne.

Dempsey, N. (2008). Quality of the built environment in urban neighbourhoods. Planning Practice and Research, v. 23, n. 2.

Farrington, D.P., & Welsh, C. (2002). Effects of Improved Street Lighting on Crime: A Systematic Review. Home Office Research Study 251, Development and Statistics Directorate, Crown Copyright, London.

Finkelhor, D., & Asdigian, N. J. (1996). Risk factors for youth victimization: Beyond a lifestyle/routine activities approach. Violence and Victims 11:3–19.

Gibbs, J. P. (1975). Crime, Punishment, and Deterrence. New York: Elsevier.

Harcourt, B. E., & Ludwig, J. (2006). Broken Windows: New Evidence from New York City and a Five-City Social Experiment. The University of Chicago Law Review, 73(1), 271–320.

Hillier, B. (2004). Can streets be made safe? Urban Design International, 9(1), 31–45. https://doi.org/10.1057/palgrave.udi.9000079

Hillier, B., & Hanson, J. (1984). The social logic of space. Cambridge: Cambridge University Press.

Hillier, B., & Sahbaz, O. (2012). Safety in Numbers: High-Resolution Analysis of Crime in Street Networks. In V. Ceccato (Ed.), The Urban Fabric of Crime and Fear. Dordrecht: Springer Netherlands.

Hillier, B., & Shu, S. (1999). Do Burglars Understand Defensible Space? New Evidence on the Relation between Crime and Space. Inglaterra: Space Syntax Laboratory.

Hillier, B., & Shu, S. (2000). Crime and urban layout: The need for evidence. In: Ballantyne, S., MacLaren, V., & Pease, K, (eds.) Secure foundations: key issues in crime prevention, crime reduction and community safety. (pp. 224-248). UCL (University College London). London, UK: Institute for Public Policy Research.

Hope, T., & Hough, M. (1988). Area Crime, and Incivility: A Profile from the British Crime Survey. In: T. Hope and M. Shaw (eds). Communities and Crime Reduction. (pp. 30-47) London: HMSO.

Iannicelli, A. C. P. (2009). Arquitetura e Criminalidade: uma análise sobre o padrão de crime no bairro de Boa Viagem. http://www.youblisher.com/p/52408-ARQUITETURA-E-CRIMINALIDADE-uma-analise-sobre-o-padrao-de-crime-no-bairro-de-b/

Jacobs, J. (1961). The death and life of great American cities. New York: Vintage Books.

Kenney, D. (1986).Crime on the subways: measuring the effectiveness of the guardian angels. Justice Quarterly, v. 3, n. 4, p. 481-96.

Kuo, F. E., & Sullivan, W. C. (2001). Environment and Crime in the Inner City Does Vegetation Reduce Crime? Environment and Behavior, 33(3), 343–367. https://doi.org/10.1177/0013916501333002

Kvalseth, J. O. (1977). A Note on the Effects of Population Density and Unemployment on Urban Crime. Criminology, 15(1), 105–110. https://doi.org/10.1111/j.1745-9125.1977.tb00051.x

Lasley, J.R. (1996). Using Traffic Barriers to Design Out Crime: A Program Evaluation of LAPD’s Operation Cul-De-Sac. Report to the National Institute of Justice. California State University, Fullerton, CA.

Michael, S. E., Hull, R. B., & Zahm, D. L. (2001). Environmental Factors Influencing Auto Burglary: A Case Study. Environment and Behavior, 33(3), 368–388. https://doi.org/10.1177/00139160121973034

Monteiro, C. (2010). Spatial Analysis of Street Crime. In S. G. Shoham, P. Knepper, & M. Kett, International handbook of criminology (pp. 619–648). Boca Raton, FL: CRC Press.

Monteiro, C., & Cavalcanti, R. (2017). Perfis espaciais urbanos para avaliação de lugares vulneráveis ao crime. In: Efeitos da Arquitetura: os impactos da urbanização contemporânea no Brasil (pp. 137–161). Brasília: FRBH.

Monteiro, P. M. M. (1999). Espaços livres públicos de São Cristóvão - padrões espaciais e sociais. ANPUR, 8. In: Anais... Porto Alegre.

National Association of Convenience Stores. (1991). Convenience Store Security Report and Recommendations. National Association of Convenience Stores. Alexandria: VA.

Netto, V. de M., & Jelvez, J. A. Q. (2007). O espaço urbano como dimensão ativa na incidência do crime. http://urbanismo.arq.br/metropolis/wp-content/uploads/2009/05/espaco-urbano-e-a-distribuicao-do-crime-netto-e-jelvez-2007.pdf

Netto, V. de M., Vargas, J. C., & Saboya, R. (2012). (Buscando) Os efeitos sociais da morfologia arquitetônica. Urbe: Revista Brasileira de Gestão Urbana, 4(2), pp.261-282.

Newman, O. (2003). Personal email to Stephen Town, Police Architectural Liaison Officer, Bradford District, dez.

Painter, K.A., & Farrington, D.P. (1997) The crime reducing effect of improved street lighting: the Dudley Project. In: Clarke, R.V. (Ed.) Situational Crime Prevention: Successful Case Studies.(pp. 209-226), 2. ed., Harrow and Heston, NY: Guilderland.

Perkins, D. D., Wandersman, A., Rich, R. C., & Taylor, R. B. (1993). The physical environment of street crime: Defensible space, territoriality and incivilities. Journal of Environmental Psychology, 13(1), 29–49. https://doi.org/10.1016/S0272-4944(05)80213-0

Poyner, B. (1983). Designing Against Crime: Beyond Defensible Space. London:Butterworths.

Poyner, B. (1991). Situational crime prevention in two parking facilities. Security Journal, v. 2, n. 1, p. 96-101.

Quintana, E. B. (2013). Influência de características físico-espaciais na ocorrência de crimes e na percepção de segurança em áreas residenciais com condomínios fechados. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.

Rengert, G., & Wasilchick, J. (1985). Suburban burglary. Springfield, IL: Charles C. Thomas.

Saboya, R., Banki, G. H., & Santana, J. M. A. de. (2016). Uso do solo, visibilidade e ocorrência de crimes: um estudo de caso em Florianópolis, Santa Catarina. Oculum Ensaios, 13(2). Retrieved from http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/oculum/article/view/2990

Saboya, R., Netto, V. M., & Vargas, J. C. (2015). Fatores morfológicos da vitalidade urbana: uma investigação sobre o tipo arquitetônico e seus efeitos. Arquitextos - Vitruvius, 180.02. Retrieved from http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

Saboya, R; Ribas, L. (2016). Criminalidade, uso do solo e forma do ambiente construído: Investigando a influência da visibilidade, acessibilidade e diversidade na distribuição de ocorrências criminais. Relatório de pesquisa. Florianópolis: UFSC.

Schneider, R., & Kitchen, T. (2007). Crime prevention and the built environment. London: Routledge.

Shu, S. (2000). Housing layout and crime vulnerability. Unpublished PhD diss., Bartlett School of Graduate Studies, University College London.

Sorensen, D. (2003). The nature and prevention of residential burglary: A review of the international literature with an eye towards prevention in Denmark. Recuperado em 15 de junho de 2015 de http://www.justitsministerietdk/sites/default/files/media/Arbejdsomraader/Forskning/Forskningspuljen/2011/2003/The_Nature_and_Prevention_of_Residential_Burglary.pdf

Sousa, W.H., & Kelling, G.L. (2006). Of Broken Windows, Criminology and Criminal Justice. In D. Weisburd & A. Braga (eds). Police Innovation: Contrasting Perspectives. (pp. 77-97 Cambridge: Cambridge University Press.

Taylor, R. B. (2002). Crime Prevention through Environmental Design (CPTED): Yes, No, Maybe, Unknowable, and All of the Above. In R. B. Bechtel & A. Churchman (Eds.), Handbook of environmental psychology (pp. 413–426). New York: J. Wiley & Sons.

Taylor, R., & Harrell, A. (1996). Physical environment and crime. Washington, DC: National Institute of Justice, US Department of Justice.

Van Nes, A., & López, M. (2010). Macro and micro scale spatial variables and the distribution of residential burglaries and theft from cars: an investigation of space and crime in the Dutch cities of Alkmaar and Gouda. The Journal of Space Syntax, 1(2), 296–314.

Vivan, M., & Saboya, R. (2017). Arquitetura, espaço urbano e criminalidade: efeitos da visibilidade na distribuição da ocorrência de crimes. In Efeitos da Arquitetura: os impactos da urbanização contemporânea no Brasil (pp. 163–182). Brasília: FRBH.

Watts, R. E. (1931). The Influence of Population Density on Crime. Journal of the American Statistical Association, 26(173), 11–20. https://doi.org/10.2307/2278254

Webb, B., & Laycock, G. (1992). Reducing Crime on the London Underground: An Evaluation of Three Pilot Projects. Crime Prevention Unit Paper 30, London: HMSO.

Welsh, B., & Farrington, D. (2002). Crime Prevention Effects of Closed Circuit Television: A Systematic Review. Home Office Research Study, Number 252. London: Home Office.

Wilcox, P., Land, K. C., & Hunt, S. A. (2003). Criminal circumstance: a dynamic multi-contextual criminal opportunity theory. New York: Walter de Gruyter, Inc.

Wilson, J., & Kelling, G. (1982). Broken Windows: The Police and Neighbourhood Safety., Magazine Atlantic Monthly, March: 29-38.

Wortley, R., & Mazerolle, L. G. (2008). Environmental criminology and crime analysis: situating the theory, analytic approach and application. In R. Wortley & L. G. Mazerolle (Eds.), Environmental criminology and crime analysis (pp. 1–18). Cullompton, UK: Willan.

Xu, Y., Fielder, M., & Flaming, K. (2005). Discovering the Impact of Community Policing: The Broken Windows Thesis, Collective Efficacy, and Citizens’ Judgment’. Journal of Research in Crime and Delinquency, 42: 147–86.

Yang, X. (2006). Exploring the influence of environmental features on residential burglary using spatial-temporal pattern analysis. Unpublished PhD thesis, University of Florida.

Ycaza, C. (1992). Crime rate drops in shores. Journal The Miami Herald, May 17.

Zanotto, K. R. (2002). Segurança em área urbana central: Configuração, Forma Urbana e Usuários. Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.

Téléchargements

Publiée

2019-05-14

Comment citer

Soares, M., & Saboya, R. T. de. (2019). Fatores espaciais da ocorrência criminal: modelo estruturador para a análise de evidências empíricas. Revista Brasileira De Gestão Urbana, 11. Consulté à l’adresse https://periodicos.pucpr.br/Urbe/article/view/24168

Numéro

Rubrique

Artigos