Desigualdade, escala e políticas públicas: uma análise espacial dos equipamentos públicos nas favelas cariocas
Keywords:
favelas, pobreza, políticas públicas, EstadoAbstract
A literatura que relaciona políticas públicas com a estrutura socioespacial urbana mostra que, ao concentrar investimentos em áreas de mais alta renda, o Estado reforça as desigualdades, em vez de mitigá-las. Conhecida como “causação circular”, essa dinâmica é geralmente estudada com base na comparação entre os bairros de uma cidade. Nesse tipo de análise, os bairros de classe média e média-alta emergem como áreas reiteradamente valorizadas pelos investimentos públicos, em detrimento dos bairros pobres da cidade, incluindo as favelas. Neste artigo, testamos a hipótese de que essa dinâmica não é exclusiva da escala da cidade, podendo ser observada também na escala do bairro. Para isso, analisamos a localização dos equipamentos e serviços públicos dentro das três maiores favelas da cidade do Rio de Janeiro, buscando correlacionar essa localização com a condição socioeconômica dos moradores. Utilizando os dados do Censo Demográfico 2010 agregados por setor censitário, esta análise mostra uma concentração de equipamentos e serviços nas áreas de mais alta renda de cada favela, sugerindo um processo análogo ao que é observado na cidade como um todo.
Downloads
References
Abreu, M. A. (2008). A Evolução Urbana do Rio de Janeiro. (4ª edição). Rio de Janeiro: Instituto Pereira Passos.
Anselin, L. (1995). Local Indicators of Spatial Association – LISA. In: Geographical Analysis, Vol. 27, No. 2, pp. 93-115. Doi: 10.1111/j.1538-4632.1995.tb00338.x
CAIXA. (2018). Minha Casa Minha Vida – Recursos FAR. Recuperado em 10 de junho de 2018 de http://www.caixa.gov.br/poder-publico/programas-uniao/habitacao/minha-casa-minha-vida/Paginas/default.aspx
Câmara, G., & Carvalho, M. (2004). Análise Espacial de Áreas. In: Fucks, S., Carvalho, M., Câmara, G., & Monteiro, A. M. (Orgs.). Análise Espacial de Dados Geográficos. (1ª ed., pp. 157-206). Brasília: EMBRAPA.
Carvalho, C. (2017). Cidade e Favela: Transescalaridade das disparidades sociais? Revista Caminhos de Geografia, v. 18, n. 63, pp. 267-285, set. 2017. Doi: 10.14393/RCG186312
Fowler, C. S. (2015). Segregation as a multiscalar phenomenon and its implications for neighborhood-scale research: the case of South Seattle 1990–2010. Urban Geography, v. 37, pp. 1-25. DOI: 10.1080/02723638.2015.1043775
Harvey, D. (1982). O trabalho, o capital e o conflito de classes em torno do ambiente construído nas sociedades capitalistas avançadas. In: Espaço e Debates. nº. 6, pp. 6-35. São Paulo: NERU/Cortez.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2010a). Censo Demográfico. Brasil. Recuperado em 02 de junho de 2015, de https: https://censo2010.ibge.gov.br/
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2010b). Censo Demográfico: aglomerados subnormais/informações territoriais. Recuperado em 20 de julho de 2015, de https: https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/aglomerados_subnormais_informacoes_territoriais/default_informacoes_territoriais.shtm
Kilroy, A. (2009). Intra-urban spatial inequality: Cities as “urban regions”. In: World Development Report: Reshaping Economic Geography. Washington, DC: World Bank.
Lago, L. (2000) Desigualdades e segregação na metrópole: O Rio de Janeiro em tempos de crise. (1ªed.). Rio de Janeiro: Revan: Fase.
Myrdal, G. (1957). Economic Theory and Underdeveloped Regions. London: Duckworth.
Oakley, D., & Logan, J. (2007). A Spatial Analysis of the Urban Landscape: What Accounts Differences across Neighborhoods? In: Lobão, L., Hooks, G., & Tickamyer, A. (orgs.). The Sociology of Spatial Inequality. (1ª ed. Pp. 215-230). New York: State University of New York.
PCRJ – Prefeitura do Rio de Janeiro. (2016). Sistema de Assentamento de Baixa Renda – SABREN. Recuperado em 15 de abril de 2016, de https://pcrj.maps.arcgis.com/home/item.html?id=4df92f92f1ef4d21aa77892acb358540.
Ramos, F. (1999). Indicadores de Autocorrelação Local em São Paulo. (1999). (Monografia de especialização). Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE. São Paulo.
Schelling, T. C. (1978). Micromotives and Macrobehavior (1ª ed.). New York: Norton.
Toledo, L. C., Natividade, V., & Vrcibradic, P. (2014). Repensando as habitações de interesse social. (1ª ed). Rio de Janeiro: Letra Capital.
Vetter, D. M., & Massena, R. M. (1982). Quem se apropria dos benefícios líquidos dos investimentos do Estado em infra-estrutura? Uma teoria de causação circular. In: Machado da Silva, L. A. (org.) Solo urbano. Tópicos sobre o uso da terra. (pp. 44-77) Rio de Janeiro: Zahar.
Villaça, F. (1998). Espaço Intra-urbano no Brasil. (1ª ed.) São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
All articles are published online and in open access under Creative Commons Attribution license (by). The urbe magazine allows unrestricted access, filing and disclosure of the published final version of the article, and does not authorize the archiving and dissemination of other versions prior to its publication.