Práticas insurgentes e contrapoderes no planejamento urbano: o caso de Pointe-Saint-Charles em Montreal
Palavras-chave:
planejamento urbano, insurgência, urbanização neoliberal, participação institucional.Resumo
Antigo berço da industrialização canadense, Pointe-Saint-Charles é um bairro localizado próximo ao centro da cidade de Montreal, Quebec, em confronto com um acelerado processo de revitalização urbana a partir dos anos 1990. Diante desse processo recente, organizações populares locais têm empreendido diversificadas lutas, como as Operações Populares de Planejamento (OPAs), cuja primeira experiência ocorreu em 2004. Busca-se conhecer em que medida essas práticas são capazes de influenciar o poder decisório que atua sobre a trama territorial local. Desse modo, o objetivo deste artigo é compreender de que modo as OPAs em Pointe-Saint-Charles se constituem em práticas de um planejamento insurgente, nos termos definidos por Miraftab (2009; 2016) e Purcell (2009). A metodologia utilizada envolveu a revisão do conceito de planejamento insurgente, além da coleta de dados primários, como depoimentos, consulta a documentos comunitários e visitas técnicas ao referido bairro montrealês. Conclui-se que as OPAs em Pointe-Saint-Charles se constituem em importantes espaços de contrapoder em relação ao planejamento urbano institucional, capazes de obter ganhos materiais e simbólicos do ponto de vista dos moradores locais. Essas práticas reúnem elementos que apontam para um campo aberto de possibilidades em relação a uma necessária mudança no planejamento urbano contemporâneo.
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