A concepção de morte na história e a COVID-19: uma retrospectiva teórica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/psicolargum39.105.AO02

Palavras-chave:

COVID-19, Morte, Luto, Pandemia.

Resumo

A relação do homem com a morte foi se modificando ao longo do tempo. No decorrer da história, diversas foram as concepções desse fenômeno no imaginário social. Por meio de uma retrospectiva teórica, o objetivo deste estudo é abordar a concepção de morte ao longo da civilização ocidental e suas implicações. No contexto de pandemia pela infecção da COVID-19, a compreensão da morte sofre significativas modificações devido a: privação/restrições de rituais, consequências na elaboração do luto, aos locais das mortes e dos enterros, entre outros. A morte nesse atual cenário é representada através do alto índice estatístico de mortalidade e isso acarreta em implicações, como a relativização e a desumanização das vítimas. Com isso, é de suma importância a realização de projetos e ações que visem sensibilizar e humanizar essas mortes, além de legitimar o luto de maneira reflexiva e adequada quando possível.

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Biografia do Autor

Taimara Foresti, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda em Psicologia pela UFSC, Mestra em Psicologia pela Faculdade Meridional (IMED), Especialista em Psicologia Jurídica pela Faculdade Meridional (IMED), Bacharel em Psicologia pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Integrante do Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição - LACCOS.

Maísa Hodecker, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestra em Psicologia pela UFSC, Psicóloga (CRP-12/16945), Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário de Brusque - UNIFEBE. Integrante do Laboratório de Psicologia Ambiental (LAPAM/UFSC) e do Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição - LACCOS.

Andréa Barbará S. Bousfield, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora Associada II do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Católica de Pelotas (2000), Mestrado (2004) e Doutorado (2007) em Psicologia pela UFSC. Pós-doutorado no Instituto Universitário de Lisboa ISCET-IUL, Lisboa - Portugal (2017) e Pós-doutorado na Università degli Studi di Padova Unipd - Itália (2018). Atualmente é coordenadora do Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição - Laccos e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia - PPGP/UFSC.

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Publicado

2021-09-15

Como Citar

Foresti, T., Hodecker, M., & Bousfield, A. B. S. (2021). A concepção de morte na história e a COVID-19: uma retrospectiva teórica. Psicologia Argumento, 39(105), 390–407. https://doi.org/10.7213/psicolargum39.105.AO02

Edição

Seção

Artigos