A religião nas tensões e inquietações da vida: Análise Fenomenológica da experiência religiosa de Santo Agostinho
Resumo
Objetiva-se neste artigo, apresentar a análise fenomenológico-hermenêutica de Martin Heidegger sobre a religião em Santo Agostinho. Justifica-se este objetivo, o fato de que, tomando por fundamento a obra Phänomenologie des Religiösen Lebens (1920-1921), especificamente a lição intitulada “Augustinismus und Neuplatonismus”, em que analisa o livro X das Confissões de Santo Agostinho, e a obra Ontologie. Hermenutik der Faktizität (1923), em que são apresentados os elementos fundamentais de uma ontologia ou fenomenologia-hermenêutica da facticidade, torna-se possível efetuar uma análise fenomenológico-hermenêutica da religião, inferindo uma concepção de
religião como experiência religiosa. Assim sendo, identificando filosofia com fenomenologia, é definido o conceito de mundo de modo tripartido — mundo de si, mundo dos outros e mundo ambiente —, é explicitada a concepção de história e efetiva-se a análise fenomenológico-hermenêutica da religião com centralidade na faktische Lebenserfahrung. Deste modo, realça-se a relevância da memória para se alcançar a beata vita, as tentações da carne, dos olhos e da soberba, e a importância da categoria curare nas experiências de decadência e de acesso que o homem realiza em sua vida.
Serão acrescentados ainda a esta análise, elementos inferidos da leitura da obra A verdadeira Religião (391) do pensador de Hipona, na qual desenvolve também as tentações supra mencionadas, de modo diverso ao livro X das Confissões, mas passível de aplicação da fenomenologia hermenêutica, possibilitando ampliação de análise. Conclui-se que a fenomenologia hermenêutica centra-se na existência compreendida como vida fática para compreender e interpretar a religião como experiência religiosa.
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