O eLearning em estabelecimentos prisionais: possibilidades e limites para a inclusão digital e justiça social

Autores

  • Angélica Maria Reis Monteiro Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal.
  • José António Moreira Departamento de Educação e Ensino a Distância da Universidade Aberta, Portugal.
  • Carlinda Leite Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.7213/dialogo.educ.16.047.DS04

Resumo

As mudanças decorrentes do progresso tecnológico, característico da globalização deram origem a uma “nova sociedade” baseada na informação e no conhecimento, que gera, inevitavelmente, novas desigualdades educativas, mais evidentes em grupos menos favorecidos e em situação de exclusão social, como é o caso das pessoas em situação de reclusão. Este fato justifica que, em contexto prisional, para além da garantia do direito à educação, seja preciso ter em atenção a qualidade da formação no que diz respeito ao desenvolvimento de competências-chave para a participação na sociedade digital e em rede. Este artigo aborda o processo de formação num estabelecimento prisional português, com recurso ao eLearning, analisando o contributo deste procedimento para a promoção da justiça social. Neste sentido, são apresentadas as vantagens e as limitações desta modalidade de aprendizagem a partir da percepção de formandas reclusas. Os dados foram recolhidos através de um questionário e de um focus group, e foram analisados através de análise de conteúdo. Como principais resultados apontam-se, ao nível de justiça social, o aumento da oportunidade de acesso e de participação em ambientes digitais. Como vantagens da formação, as participantes expressaram, ainda, o aumento da autoestima e o desenvolvimento de competências de aprendizagem. Por outro lado, a desmotivação e a dificuldade de conciliação da formação com a rotina diária foram os principais obstáculos identificados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABRANCHES, S. Prefácio: a educação nas trilhas do mundo digital. In: ALMEIDA, M.; ALVES, D. R,; LEMOS, S. (Orgs). Web currículo: aprendizagem, pesquisa e conhecimento com o uso de tecnologias digitais. São Paulo: Letra Capital, 2014. p. 7-12.

AYERS, W.; QUINN, T.; STOVALL, D. (Eds.) Handbook of social justice in education. New York: Routledge, 2009.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edicões 70, 1995.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.

BOLÍVAR, A. Justicia social y equidad escolar: una revisión actual. Revista

Internacional de Educación para la Justicia Social (RIEJS), v. 1, n. 1, p. 9-45, 2012.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

CONNELL, R. W. Schools and social justice. Philadelphia: Temple University Press, 2012.

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Communication from the commission Europe 2020: A strategy forsmart, sustainable and inclusive growth, 2010. Disponível em: <http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=COM:2010:2020:FIN: en:PDF>. Acesso em 12 dez. 2014.

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. eEurope 2002: An information society for all. 2000. Disponível em http://eurlex.europa.eu/legalcontent/EN/TXT/PDF/?uri= CELEX:52000DC0330&rid=13 Acesso em 12 dez. 2014.

EPEA. European prison association. Disponível em: http://www.epea.org/category/

resources/. Acesso em: 6 set. 2015.

FRASER, N. Scales of justice: reimagining political space in a globalizing world. Nueva York: Columbia, 2008.

FRASER, N. A justiça social na globalização: redistribuição, reconhecimento e participação. Revista Crítica de Ciências Sociais [Online], nº 63, 2002. Disponível em: < http://rccs.revues.org/1250 >. Acesso em: 8 set. 2015.

GAMARNIKOW, E. Educação, (in)justiça social e direitos humanos: combatendo desigualdades na globalização turbocapitalista. Revista Brasileira de Educação, v. 18, n. 52, 2013.

GORARD, S.; SELWYN, N. Towards a le@rning society? The impact of technology on patterns of participation in lifelong learning. British Journal of Sociology of Education, v. 26, n. 1, p. 71-89, 2005.

GREENBAUM, T.L. The handbook of focus group research. London: Sage

Publications, 1998.

HAMMERSCHICK, W. Report on e-learning in European prisons - Concepts, organization, pedagogical approaches in prison education. 2010. Disponível em: http:// www.adameurope.eu/prj/3840/prj/08-lc-report-e-learning-in-prison-eu-10.pdf. Acesso em: 10 dez. 2014.

HAWLEY, J.; MURPHY, I.; SOUTO-OTERO, M. Prison education and training

in Europe: current state-of-play and challenges. 2013. Disponível em: <http://ec.europa.eu/education/library/study/2013/prison_en.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2015.

HURTADO, C. N. Educación popular: una mirada de conjunto. Decisio, Pátzcuaro, p. 3-14, janeiro-abril, 2005.

KRUGER, R. Focus groups: a practical guide for applied research. Thousand Oaks, CA; Sage Publications, 1995.

LICOS. E-learning in prison education in Europe. Recommendations for European policy makers. 2010. Disponível em: http://www.adam-europe.eu/prj/3840/ prj/33-lc-recommendationse-learning-prison-10.pdf. Consultado em: 1 nov. 2014.

LOCKITT, W. Technology in prisons. 2011. Disponível em:<http://www.wcmt.org. uk/sites/default/files/migrated-reports/797_1.pdf>. Acesso em: 1 dez. 2014.

MASIE, E. The Blended Learning Imperative. In: BONK. C.; GRAHAM, C. (Eds.), The handbook of blended learning: global perspectives, local designs. San Francisco: Pfeifer, 2006. p. 22-26.

MARTINS, M. Plataforma Educacional no Sistema Prisional – reintegração social 2.0. IBI– Institut fur Bildung in der Informationsgesellschaft. Disponível em: www.ibi.tu-berlin.de. Acesso em: 4 nov. 2014.

MILES, M. B.; HUBERMAN, M. A. Qualitative data analysis: a source book of new methods. London:Sage Publications, 1984.

MONTEIRO, A.; BARROS, R.; LEITE, C.. Lifelong learning through e-learning

in european prisons: rethinking digital and social inclusion. INTED2015

Proceedings, 2015. p. 1038-1046.

MOREIRA, J. A.; NUNES, M. G; CAEIRO, D. Educação a Distância e eLearning

no Ensino Superior em estabelecimentos prisionais: projeto de desenvolvimento em Portugal. In: MOREIRA, J. A.; ALVES, L. (Org.). Pedagogia e Aprendizagem com Tecnologias digitais em espaços abertos, inclusivos e em rede. Salvador da Bahia: EDUFBA, 2016. p. 59-75.

MUILENBURG, L.; BERGE, Z. Student barriers to online learning: a factor

analytic study. Distance Education, v. 26, n. 1, p. 29-48, 2007.

MURILLO, J.; HERNÁNDEZ, R. Hacia un concepto de justicia social. Revista

Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación, v. 9, nº 4, 2011. Disponível em: https://www.uam.es/personal_pdi/stmaria/jmurillo/arts/reice/vol9num4_art1.pdf. Acesso em: 5 set. 2015.

OECD (Organization for Economic Co-operation and Development). Lifelong

Learning for All. Paris: OECD, 1996.

PASSERINO, L. Indicadores de inclusão digital: uma análise dos multiletramentos propiciados em redes sociais online a partir da ótica do posicionamento. QUAESTIO, v. 13. n. 2, p. 7-32, 2011.

PAULSEN, M. F. Sistemas de educação online: discussão e definição de termos. In: KEEGAN, D. et al. (Eds.). E-learning: o papel dos sistemas de gestão da aprendizagem na Europa. Lisboa: Inofor, 2002. p. 19-31.

PREECE, J. Research in adult education and lifelong learning in the era of

CONFINTEA VI. International Journal of Lifelong Education, v. 30, n. 1, p. 99-117. 2011.

QUIVY, R. E CAMPENHOUDT, L. V. Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1992.

RAWLS, J. Justice as fairness: a restatement. Cambridge, MA: Belknap Press, 2001.

ROSENBERG, M. J. E-learning: strategies for delivering knowledge in the digital age. New York: McGraw-Hill, 2001.

STRAUSS, A.; CORBIN, J. Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. 2. ed. Thousand Oaks: Sage Publications, 1998.

TURLEY, C.; WEBSTER, S. Implementation and Delivery of the Test Beds Virtual Campus Case Study, National Centre for Social Research. 2010. Disponível em

file/31466/11-827-implementation-of-test-beds-virtual-campus.pdf>. Acesso em 5 jan. 2015.

UK GOVERNMENT DIGITAL SERVICE. Digital inclusion strategy. 2014. Disponível em: https://www.gov.uk/government/publications/government-digital-inclusion- strategy/government-digital-inclusion-strategy. Acesso em: 18 mar. 2014.

UNESCO. Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos. Brasília: Instituto da UNESCO para a Aprendizagem ao Longo da Vida (UIL), 2010.

UNIÃO EUROPEIA. Council Resolution on a renewed European agenda for adultlearning, 2011. Disponível em <http://eur-ex.europa.eu/legalcontent/EN/TXT/PDF/?ri=OJ:C:2011:372:FULL&from=PT> Acesso em: 7 jan, 2015.

UNIÃO EUROPEIA. Competências essenciais para a aprendizagem ao longo davida. 2006. Disponível em < http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/HTML/?uri=URISERV:c11090&from=PT> Acesso em: 7 jan, 2015.

WARSCHAUER, M. Technology and Social Inclusion: rethinking the digital divide.Cambridge, MA: MIT Press, 2004.

YOUNG, I. M. Justice and the politics of difference. New Jersey: Princeton

University, 1990.

Downloads

Publicado

2016-07-13

Como Citar

Reis Monteiro, A. M., Moreira, J. A., & Leite, C. (2016). O eLearning em estabelecimentos prisionais: possibilidades e limites para a inclusão digital e justiça social. Revista Diálogo Educacional, 16(47), 77–102. https://doi.org/10.7213/dialogo.educ.16.047.DS04