O tabu da morte na modernidade: a COVID-19 como um reforço ao interdito

Autores

  • Blanches de Paula Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)
  • Lindolfo Alexandre de Souza Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

DOI:

https://doi.org/10.7213/cd.a8n13p165-176

Palavras-chave:

COVID-19. Modernidade. Morte. Tabu.

Resumo

O objetivo deste trabalho é refletir de que forma a pandemia da COVID-19, principalmente no aspecto do tratamento dado à doença por autoridades públicas, pode reforçar a perspectiva moderna de conceber a morte como um tema tabu. Para tanto, faz-se importante tomar Ariès (2017) como referencial teórico e apresentar as diferentes atitudes diante da morte propostas por esse autor: morte domada, morte de si mesmo, morte do outro, morte interdita e morte invertida. Ao retomar tais perspectivas, o artigo dá ênfase às duas últimas, as quais são importantes para contextualizar a morte como tabu em um contexto de modernidade. Em seguida, o texto pretende discutir em que medida uma leitura negacionista da pandemia da COVID-19, presente em discursos governamentais, contribui para um processo de reforço à dimensão da morte como interdito, com ênfase à banalização da morte e ao silenciamento do luto na sociedade.

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Biografia do Autor

Blanches de Paula, Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

Doutora e mestre em Ciências da Religião, bacharel em Psicologia e em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), com pós doutorado em Teologia pela Candler School of Theology. Professora da graduação em Teologia e da pós-graduação em Ciências da Religião da UMESP

Lindolfo Alexandre de Souza, Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Especialista em Comunicação Social pela USF/SEPAC. Bacharel em Jornalismo e em Ciências Religiosas pela PUC-Campinas.

Referências

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Publicado

13-12-2020

Como Citar

Paula, B. de, & Souza, L. A. de. (2020). O tabu da morte na modernidade: a COVID-19 como um reforço ao interdito. Caminhos De Diálogo, 8(13), 165–176. https://doi.org/10.7213/cd.a8n13p165-176