A contribuição da filosofia de Gaston Bachelard na educação para a imaginação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7213/1980-5934.32.057.AO05

Palavras-chave:

Filosofia da Educação. Filosofia do Não. Cogito do Sonhador. Imaginário.

Resumo

O objetivo deste artigo é propor, em confluência com a filosofia de Gaston Bachelard, uma pedagogia do não inspirada na figura do cogito do sonhador para refletir sobre uma educação para a imaginação. Parte-se da filosofia do não de Bachelard para a construção de uma pedagogia do não, expressa como pedagogia do diálogo, que põe em relação complexa e complementar o conceito e a imagem, como prolongamentos do racionalismo aberto e da imaginação criadora. Na sequência, o cogito do sonhador é evocado para o estudo do devaneio e do imaginário, no quadro da imaginação material dos quatro elementos (terra, água, fogo e ar). Esses passos preambulares são necessários para se chegar à educação para a imaginação, cuja dimensão de Bildung se opera por meio da eufemização. Como função da imaginação, a eufemização tende a transfigurar o sofrimento, a morte e o nada em algo aceitável, não como negação, mas como dinamismo prospectivo que tenta melhorar a situação do homem no mundo. Exemplo desse dinamismo são as imagens literárias, com a polissemia e a polifonia que as caracterizam e as alçam ao domínio do estranho e da transgressão em relação à ordem do sentido primário. Desse modo, intenta-se mostrar como a pedagogia do não e o cogito do sonhador se articulam na proposição de uma educação para a imaginação pautada pela função de eufemização. São convocadas para este estudo, além da já mencionada filosofia de Gaston Bachelard, as contribuições teóricas de Gilbert Durand e Jean Jacques Wunenburger.

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Biografia do Autor

Alberto Filipe Araújo, Universidade do Minho Instituto de Educação

Alberto Filipe Ribeiro de Abreu Araújo atualmente é professor catedrático da Universidade do Minho. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Educação.

É autor e co-autor de numerosos trabalhos, em Portugal e no estrangeiro, dedicados ao tema do Imaginário e Imaginário Educational, de que se destacam O Tema do “Homem Novo no Discurso Pedagógico” de João de Barros (1997) e a coordenação, com Fernando Paulo Baptista, da obra Variações Sobre o Imaginário (2003).

Rogério de Almeida, Universidade de São Paulo Faculdade de Educação

Professor Associado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Coordena o Lab_Arte (Laboratório Experimental de Arte-Educação & Cultura) e o GEIFEC (Grupo de Estudos sobre Itinerários de Formação em Educação e Cultura). É Editor da Revista Educação e Pesquisa (FEUSP) e Editor Colaborador para a área de Educação da Revista Machado de Assis em Linha. Bacharel em Letras (1997), Doutor em Educação (2005) e Livre-Docente em Cultura e Educação, todos os títulos pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-doutoramento na Universidade do Minho (2016). Trabalha com temas ligados a Cinema, Literatura, Filosofia Trágica e Imaginário.

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Publicado

2020-12-03

Como Citar

Araújo, A. F., & de Almeida, R. (2020). A contribuição da filosofia de Gaston Bachelard na educação para a imaginação. Revista De Filosofia Aurora, 32(57). https://doi.org/10.7213/1980-5934.32.057.AO05