A estratégia como prática na educação à distância

Authors

  • Jane Mendes Ferreira
  • Marystela Assis Baratter
  • Débora Pinto Pinheiro de Matos
  • Edson Ronaldo Guarido Filho

DOI:

https://doi.org/10.7213/rebrae.7374

Keywords:

Estratégia como prática. Ensino à Distância. Ensino Superior.

Abstract

A estratégia como prática vem despertando a atenção dos pesquisadores da área de estudos organizacionais. A estratégia, neste caso, passa a ser considerada uma prática social e, portanto, além dos elementos internos da organização, ela também é compartilhada pelos membros de um campo organizacional. Não obstante o interesse pelo tema, poucos estudos empíricos têm sido feitos para mostrar a relação entre as práticas organizacionais e o ambiente externo sob esta perspectiva de análise. Um locus privilegiado para mostrar tal relação é o da educação à distância, no Brasil, em função de ser campo relativamente recente e ter apresentado crescimento antes e depois da sua regulamentação por meio de instrumentos legais. Dessa forma, o objetivo deste artigo é verificar como as regras advindas do Ministério da Educação são traduzidas em práticas de estruturação e qualificação dos polos de apoio presencial em uma instituição de ensino à distância. Para alcançar tal objetivo foi realizado um estudo de campo exploratório, de corte transversal, cuja estratégia selecionada foi o estudo de caso qualitativo, utilizando entrevista, consulta a documentos e observação como técnicas de coleta de dados. As análises mostram que a or­ganização, por falta de repertórios de ações disponíveis no campo, busca a conformação às regras. Conclui-se que, em campos maduros, a prática social chamada estratégia pode fornecer uma configuração de ações possíveis para as organizações. No entanto, em campos ainda em estruturação, a conformação às normas torna-se a estratégia. 

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Published

2012-07-20

How to Cite

Ferreira, J. M., Baratter, M. A., de Matos, D. P. P., & Filho, E. R. G. (2012). A estratégia como prática na educação à distância. REBRAE, 5(3), 243–253. https://doi.org/10.7213/rebrae.7374

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